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ACERTOS E ERROS

Como a TV se virou nos 30 na pandemia? Veja o que melhorou ou flopou em 2020

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM E JOÃO COTTA/TV GLOBO

Montagem com os apresentadores Marcos Mion, André Marques e Luis Ernesto Lacombe

Mion comandou A Fazenda 12; André Marques, o The Voice Kids; e Lacombe o extinto Aqui na Band

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 30/12/2020 - 6h52

A televisão precisou se virar nos 30 para contornar a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e manter sua programação no ar em 2020. As principais emissoras do país buscaram soluções rápidas e até arriscadas para enfrentar um período mais severo da crise sanitária, quando estúdios foram esvaziados e gravações canceladas.

As emissoras ficaram impedidas de gravar novelas e programas de auditórios durante meses. Foi necessário recorrer a reprises, resgatar séries e escalar sessões de filmes para preencher os buracos deixados na programação.

Algumas estratégias deram certo, já outras poderiam facilmente serem esquecidas nos próximos anos. Veja os acertos e erros da TV em 2020:

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Marina Ruy Barbosa e Felipe Simas

Apostas certeiras

A notícia de que a Globo suspenderia as gravações das novelas inéditas e colocaria no horário nobre reprises surpreendeu os telespectadores em março. Porém, a estratégia acabou dando um resultado melhor do que o esperado. O público embarcou com gosto, por exemplo, em Totalmente Demais (2015).

A história leve da sonhadora Eliza (Marina Ruy Barbosa) serviu como uma válvula de escape do público durante a pandemia. O resultado foi que a novela das sete chegou a atingir audiência de folhetim das nove e liderou o ranking da Globo. A trama escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm bateu recordes seguidos no ibope e encerrou com a média geral de 29,5 pontos, à frente inclusive dos índices da exibição original, entre 2015 e 2016.

As "edições especiais" de Fina Estampa (2011) e Flor do Caribe (2013) também não fizeram feio no ibope e superaram as suas antecessoras, a inédita Amor de Mãe e a reapresentação de Novo Mundo (2017).

Apesar de ser repetida pela quarta vez, A Escrava Isaura (2004) se consolidou como a novela mais vista fora da Globo. A trama chegou ao fim com 11,1 pontos de média na Grande São Paulo, bateu o próprio recorde de audiência e teve o melhor último capítulo da faixa de reprises vespertinas da Record.

Durante a pandemia, os reality shows também chamaram a atenção do telespectador. O BBB20 movimentou o Brasil no início da quarentena e marcou 34,2 pontos na final, recorde da temporada. Também foi a decisão mais vista da década, superando o BBB18 vencido por Gleici Damasceno (33,0 pontos).

Mais recentemente, A Fazenda 12 fez sucesso com o público. O programa comandado por Marcos Mion incomodou a Globo e fez com que a líder de audiência mexesse na grade para evitar derrotas diárias. A edição que consagrou Jojo Todynho como vencedora também bateu recordes nas redes sociais e enterrou o flop de 2019.

O início da pandemia foi marcado pela ampliação da cobertura jornalística, principalmente na Globo. Isso fez com que os telejornais conquistassem mais audiência. Tal fator também foi visto na Record, que chegou a promover uma "maratona" de cinco horas do Fala Brasil aos sábados.

REPRODUÇÃO/SBT

Benjamin Back no Arena SBT

Deu ruim

Após comprar os direitos de transmissão da Libertadores, Silvio Santos decidiu desenterrar o Arena SBT, programa que tinha ido ao ar na emissora durante apenas cinco meses em 2014. Apesar de investir em nomes conhecidos como Benjamin Back, Emerson Sheik e Maurício Borges, mais conhecido como Mano, a atração não alavancou o ibope da emissora.

Um dos motivos que podem explicar o flop do esportivo foi que ele já entrou no ar concorrendo com a embalada A Fazenda 12. Agora, resta saber se o programa vai melhorar a audiência no início de 2021, quando a Libertadores estará em sua fase decisiva --e sem bater de frente com o reality rural.

A Band viu uma de suas grandes apostas chegar ao fim neste ano: o Aqui na Band (2019-2020). O cancelamento do matinal foi consequência de uma briga interna da área de Entretenimento com o Jornalismo por causa de pautas tendenciosas a favor do presidente Jair Bolsonaro. Três importantes diretores da emissora travaram uma guerra de bastidores por causa da abordagem conservadora.

Após a intervenção na Band, Luís Ernesto Lacombe pediu demissão e foi para a RedeTV!, onde passou a comandar o Opinião no Ar. Lá, o jornalista seguiu com as pautas conservadoras, mas isso não foi suficiente para atrair a atenção do público. O programa não engrenou no ibope e é constantemente alvo de críticas nas redes sociais.

A Band teve outro programa flopado em 2020. Menos de três meses depois de estrear, o Melhor Agora deixou de existir. A emissora cancelou o programa de Mariana Godoy e demitiu toda a equipe de produção e edição. A apresentadora, que deixou a RedeTV! para ter um programa diário matinal, passou por uma crise de ansiedade e foi afastada do trabalho.

REPRODUÇÃO/BAND

Jurados do MasterChef em 2020

Formato saturado

A pandemia trouxe um desafio maior para colocar no ar realities que já eram conhecidos do público. Os programas precisaram se reinventar e tomar todos os cuidados para evitar a proliferação do novo coronavírus nos estúdios. Dessa forma, o MasterChef optou por mudar a competição entre os participantes e consagrou um vencedor a cada episódio.

Na sétima temporada da disputa culinária, houve um número limitado de participantes, apenas oito por semana. Além disso, não aconteceram provas em grupo nem gravações externas. Apesar da recomendação de manter uma distância mínima de dois metros entre as pessoas, a realidade foi um pouco diferente --com aglomerações e sem o uso da máscara.

As alterações, porém, não conseguiram salvar o já saturado formato do reality show. Contra A Fazenda 12, o MasterChef perdeu público e enfrentou a pior fase de sua história. Com um vencedor por episódio, a atração não empolgou o telespectador, que nem tinha tempo de eleger um favorito para torcer ao longo da edição --como era costume anteriormente.

Outro formato que já vinha apresentando desgaste e piorou com a chegada da Covid-19 foi o do The Voice. A versão infantil começou em 5 de janeiro, mas acabou suspensa em março por conta da pandemia. Após uma sequência de reprises e um período de cinco meses fora da grade, a atração voltou em setembro com apresentações virtuais. Apesar dos esforços para manter a disputa no ar, a edição chegou ao fim com sua pior audiência.

Além das medidas contra o novo vírus, o The Voice Brasil adulto também sofreu com a concorrência do reality rural da Record. A nona temporada da atração acumulou recordes negativos e não empolgou o público. Apesar da perceptível saturação do programa, a Globo já confirmou a temporada de 2021 e ainda apostou em uma nova versão, com candidatos acima de 60 anos.


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