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EDIÇÃO FLOPOU

Overdose, maldição e concorrência: Cinco motivos para o flop do The Voice Brasil

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Tiago Leifert segura o microfone no estúdio do The Voice Brasil

Tiago Leifert comanda o The Voice Brasil; reality musical acumula recordes negativos

PIERO VERGÍLIO

pierovergilio@gmail.com

Publicado em 17/12/2020 - 7h00

Sem pestanejar, você é capaz de declarar para quem vai a sua torcida na final do The Voice Brasil, que será exibida na noite desta quinta-feira (17)? Com uma repercussão tímida nas redes sociais, o reality show comandado por Tiago Leifert amarga sucessivos recordes negativos na edição de 2020. Fatores como o formato desgastado e a concorrência de A Fazenda 12 podem ajudar a explicar a razão do fracasso do programa, mas não são os únicos motivos.

A nona temporada da atração não conseguiu segurar o ibope da Globo e sofreu para disputar público com a Record. A edição de 8 de dezembro, por exemplo, registrou apenas 13,8 pontos de média, o pior índice desde que o reality musical passou a ser exibido em horário nobre.

A debandada do público fica ainda mais evidente se for feito um comparativo com a temporada anterior. Em 2019, o programa fechou com 25,1 pontos de média em São Paulo; já a edição atual acumula apenas 16,3 pontos até seu penúltimo episódio.

Mas, afinal, o que justifica a falta de interesse do telespectador pelo formato? No dia da grande final, o Notícias da TV lista cinco pontos que podem justificar o motivo do fracasso da nona edição do The Voice Brasil:

Lulu Santos capricha nas caras e bocas

Mesmice no júri

Além da dinâmica do The Voice Brasil --que se mantém praticamente inalterada desde a estreia-- as raras mudanças no elenco de técnicos podem ter contribuído para afugentar o público.

Afinal, além dos perfis que fazem o júri virar a cadeira, o público já sabe que --competência musical à parte-- Lulu Santos adora caprichar nas caras e bocas e Carlinhos Brown sempre recorre a um "ajayô" quando quer ganhar tempo para tomar uma decisão.

Ao invés de inovar, buscando nomes capazes de resgatar o fator surpresa, o J.B. Oliveira, o Boninho, sempre opta pelo caminho mais óbvio quando uma substituição no elenco acontece. Foi o que ocorreu neste ano quando Ivete Sangalo deixou o time. O diretor, então, optou por apenas reconduzir Carlinhos Brown ao posto, depois do cantor passar um ano exclusivo da versão Kids.

Vale ressaltar que, em nove temporadas, Boninho promoveu quatro trocas no júri. No Brasil, apenas sete artistas diferentes ocuparam as cadeiras vermelhas da atração. Para efeito de comparação, 14 nomes já exerceram a mesma função nos Estados Unidos.

Nem mesmo a sequência de vitórias de Michel Teló  --que levou as cinco edições que disputou-- serviu para que a equipe percebesse a necessidade de renovação. Qual é mesmo a graça de assistir a um programa em que o desenrolar é absolutamente previsível?

André Marques no Kids adaptado à pandemia

Overdose no formato

Guardadas as devidas proporções, já é possível afirmar que a franquia The Voice se tornou o Masterchef da Globo. Tal qual a Band fez com o reality culinário, a líder de audiência decidiu apostar no programa musical como um curinga --mesmo que isso acelere o desgaste do formato.

Como um agravante neste ano, é preciso destacar o intervalo (muito) curto entre o fim de uma versão e o início de outra. Interrompida pela pandemia, a temporada mais recente do Kids terminou em 11 de outubro. Quatro dias depois, o The Voice Brasil iniciou sua trajetória no horário nobre.

Depois que Tiago Leifert anunciar o vencedor na noite desta quinta, já virá o especial de Natal na próxima semana e a estreia da temporada +60, prevista para 17 de janeiro.

Nem vai dar tempo de sentir saudade! Afinal, a dinâmica é exatamente a mesma: o que muda é a faixa etária dos candidatos. Quem pode se beneficiar dessa overdose é a concorrência. Basta que as emissoras ofereçam uma contraprogramação interessante.

João Cotta/TV GLOBO

Sam Alves no The Voice Brasil em 2013

Maldição dos vencedores

Quem se lembra de Ellen Oléria, Sam Alves ou Danilo Reis e Rafael? Os vencedores das três primeiras temporadas do The Voice Brasil --assim como todos os demais-- são vítimas de uma espécie de "maldição". Pouco tempo depois de serem declarados vitoriosos, eles somem da mídia. Para ser justo, é preciso dizer que isso também acontece com quem se inscreve em outros programas do gênero.

Na prática, isso significa que o gerenciamento de carreira, oferecido ao campeão como parte do prêmio, nem sempre consegue ser tão eficaz. Além disso, não se pode descartar um potencial boicote das emissoras concorrentes, que se recusam a abrir espaço para alguém cuja imagem está associada à competição musical.

Essa dificuldade de os vencedores prolongarem sua exposição também pode se converter em falta de interesse pelo reality. É óbvio que existem os fãs que vão acompanhar a carreira do vencedor com regularidade, mas parte da plateia pode se sentir traída pelo fato de a voz escolhida não conseguir alcançar o sucesso.

Na contramão, vale destacar os casos de participantes eliminados que obtêm melhor sorte. No próprio The Voice Brasil, Lucy Alves já emplacou um tema de abertura de novela, participou de Velho Chico (2016) e Amor de Mãe como atriz e ainda apresentou o SóTocaTop.

Paolla Oliveira e Juliana Paes na novela

Desempenho de A Força do Querer

O desempenho da novela das 21h também pode impactar --para o bem ou para o mal-- a audiência dos programas exibidos na sequência. Mesmo longe de ter sua liderança ameaçada, é preciso reconhecer que A Força do Querer não está conseguindo repetir o fenômeno de sua exibição original, em 2017. 

Até o momento, o recorde da reprise da trama de Gloria Perez é de 31,9 pontos na Grande São Paulo. O índice está bem distante do patamar de A Dona do Pedaço (2019), que antecedia a competição musical no ano passado. Àquela altura, o folhetim de Walcyr Carrasco já se aproximava com frequência dos 40 pontos. 

Além do fato de a história de Bibi Perigosa (Juliana Paes) estar fresca para grande parte do público, destaca-se ainda o ajuste de horários que a Globo promoveu em sua faixa nobre, esticando o Jornal Nacional.

Além de começar mais tarde, a novela das 21h também tem capítulos mais longos. Com isso, o próprio The Voice começa quase sempre às 23h. Trata-se de uma estratégia para barrar as transmissões de futebol no SBT e A Fazenda da Record.

EDU MORAES/RECORD

Marcos Mion posa na sede de A Fazenda 12

Sucesso de A Fazenda

Finalmente, é importante reconhecer que a estrondosa repercussão da temporada de A Fazenda 12 --que também chega ao fim nesta quinta (17)-- contribuiu bastante para o esvaziamento do interesse pela batalha musical. 

Mesmo com uma sequência de falhas em provas, o reality rural se tornou um fenômeno. Entre as razões que culminaram para isso, estão o acerto na escolha do elenco, que reúne perfis capazes de mobilizar a plateia, despertando paixão e ódio nos fãs mais fervorosos. Casos, por exemplo, de Jojo Todynho, Biel, MC Mirella, Lidi Lisboa e Luiza Ambiel. 

O desempenho de Marcos Mion também agrada. Além do carisma, ele conquista o público ao fazer referência a momentos marcantes da televisão. Ele até fez uma homenagem a Pedro Bial, construindo seu discurso a partir de falas marcantes do ex-apresentador do Big Brother Brasil. 

Em 18 confrontos diretos até agora, A Fazenda venceu o The Voice Brasil nove vezes. Em 26 de novembro, o reality rural abriu sua maior vantagem sobre o show de talentos: 16,9 a 14,5 pontos.

O fato é que a fuga de público deve servir de alerta para a equipe do The Voice Brasil. O ideal seria um descanso, mas com a temporada do ano que vem já confirmada, é urgente a busca por novidades, que sejam atrativas o suficiente para resgatar o público perdido. 

Caso contrário, se a acomodação persistir, a Globo pode abrir uma brecha para que a concorrência sepulte a franquia no Brasil de uma vez por todas.


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