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Séries brasileiras da Netflix são ofuscadas por Polônia, México e Coreia

ANA CRISTINA BLUMENKRON/NETFLIX e SUZANNA TIERIE/NETFLIX

Montagem com fotos da atriz Fiona Paloma, de Control Z, e da apresentadora Sabrina Sato, em cena de Reality Z

Fiona Paloma em Control Z, série mexicana mais elogiada do que a brasileira Reality Z, com Sabrina Sato

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 19/7/2020 - 7h15

A paixão da Netflix pelo Brasil acabou? Se há dois anos o país tinha o maior número de séries não-inglesas da plataforma de streaming, a situação agora é diferente. Atrações como Ninguém Tá Olhando (2019) e Samantha! (2018-2019) foram canceladas, e os chefões da empresa têm preferido valorizar produções da Coreia do Sul, do México e até da Polônia.

Na carta que divulgou a seus acionistas na semana passada para celebrar os bons resultados alcançados no trimestre que foi de abril e junho deste ano, os diretores da plataforma ressaltaram seis produções feitas fora do eixo Estados Unidos-Inglaterra que mereceram destaque: Dark (Alemanha), Control Z (México), Extracurricular (Coreia do Sul), The Woods (Polônia), Sangue e Água (África do Sul) e, claro, o fenômeno espanhol La Casa de Papel.

Os dois lançamentos brasileiros no período, a segunda temporada do drama de época Coisa Mais Linda e a produção de zumbis Reality Z, foram "esquecidos" no comunicado --no caso da risível produção com Sabrina Sato, melhor assim.

O curioso é que a Netflix tem investido cada vez mais em séries fora dos Estados Unidos, e faz questão de ressaltar isso a seus investidores. "Quando eu penso no nosso futuro, acho que vamos ver muito crescimento fora dos EUA. Mais produções estrangeiras e, tomara, muito mais assinantes internacionais", definiu Greg Peters, COO (chefe de operações) da gigante do streaming.

"Estamos empolgados para os próximos dez anos de crescimento. Definitivamente tivemos um bom começo, mas as oportunidades desta década são incríveis. Boa parte delas serão internacionais, e estou ansioso para expandir nossas operações cada vez mais globalmente", completou o CEO (chefe executivo) Reed Hastings.

E por que o Brasil está deixando de ser o foco para a expansão mundial da empresa? É simples. A Netflix tem conquistado mais assinantes em outras partes do planeta.

Uma questão de mercado

A gigante do streaming divide o mundo em quatro grandes blocos econômicos: Estados Unidos e Canadá (Ucan), Europa, Oriente Médio e África (Emea), América Latina (Latam) e Ásia e Pacífico (Apac).

A Netflix fechou o segundo trimestre com 192,9 milhões de assinantes, um aumento de 10 milhões em relação ao balanço de março. Desses, 2,9 milhões vieram dos Estados Unidos e do Canadá, 2,7 milhões da chamada Emea, 2,6 milhões da zona Apac e apenas 1,7 milhões da América Latina.

No geral, a região Latam ainda têm mais clientes do que a Ásia e o Pacífico (são 36 milhões aqui, contra 22 milhões lá), mas o crescimento dos países orientais tem superado o dos latinos desde o início de 2019, e parece uma questão de tempo até que sejamos ultrapassados --o que explica um investimento cada vez maior em produções originais lá do que aqui.

Evidentemente, na Apac a Netflix encontra mais clientes em potencial para oferecer seus serviços: quatro dos cinco países mais populosos do mundo estão naquela região (China, Índia, Indonésia e Paquistão). Apenas nesses quatro territórios, são mais de 3,2 bilhões de pessoas. Com tamanha possibilidade de crescimento, e os números indicando o interesse pela plataforma por lá, investir mais é essencial.

E o que isso significa para os brasileiros? Outras atrações nacionais devem seguir os passos de Ninguém Tá Olhando e Samantha! e serem canceladas sem um final. Como a plataforma define o destino de suas produções cerca de um dois meses após o lançamento da temporada, o clima não é favorável para O Mecanismo (disponibilizada em maio do ano passado) ou O Escolhido (dezembro).

Onisciente e Spectros, lançadas em janeiro e fevereiro, respectivamente, também parecem fadadas ao fracasso, já que passaram batidas pelo público. Já a pioneira 3% chegará ao fim em seu quarto ano, ainda sem previsão de estreia. Oficialmente renovada, por enquanto, apenas a elogiada Sintonia, do produtor KondZilla.

A segunda temporada de Irmandade, drama com Seu Jorge e Naruna Costa, não chegou a ser anunciada pela plataforma, mas o elenco já tinha reservado sua agenda para começar as gravações em março deste ano --a pandemia do novo coronavírus, obviamente, forçou uma mudança de planos.

Não que a plataforma tenha abandonado o Brasil de vez: no ano passado, ela anunciou 30 projetos no país, entre séries, longas e documentários. Estão na conta filmes com Maisa Silva, Larissa Manoela, Leandro Hassum e Fabio Porchat, além da estreia de Thalita Rebouças como roteirista de uma produção original.

A plataforma também terá realities aos montes: depois de The Circle e O Crush Perfeito, vêm aí as versões brasileiras de Casamento às Cegas e Brincando com Fogo, previstas para o ano que vem. Antes, ainda em 2020, chegará Nasce Uma Rainha, com as drag queens Gloria Groove e Alexia Twister.

Séries, porém, tendem a ser menos frequentes: entre as atrações anunciadas, há apenas Cidade Invisível (com Marco Pigossi e Alessandra Negrini), o suspense Bom Dia, Verônica (com Tainá Müller e Eduardo Moscovis), e o drama Futebol. Nenhuma delas tem data de estreia confirmada --e a última sequer revelou seu elenco.


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