ATUAL DEMAIS
Aline Arruda/Netflix
Capitão (Ícaro Silva) e Adélia (Pathy Dejesus) se casam na segunda temporada de Coisa Mais Linda
Policiais agressivos, políticos corruptos, demonstrações de racismo e cenas de violência e morte nas praias do Rio de Janeiro. A série Coisa Mais Linda, cuja segunda temporada estreia na Netflix nesta sexta (19), poderia ser um registro bem atual do mundo, não fosse um mero detalhe: a trama é de época e a história se passa em 1960, bem na virada da década.
"Falamos de racismo, violência contra a mulher, direitos muitas vezes negados, da luta por esses direitos, temas muito contemporâneos. E é curioso porque vivemos um momento em que as pessoas não querem receber muito, você tenta levantar uma bandeira e ela rejeita. Como a série se passa em 1960, esse distanciamento de 2020 deixa o público com a guarda mais baixa para receber certas informações", define Pathy Dejesus, de 43 anos, intérprete de Adélia, ao Notícias da TV.
"Com essa embalagem de entretenimento, conseguimos plantar certas sementes, de uma forma muito sutil, mas que gera reflexão dentro da empatia que as pessoas desenvolvem pelos personagens. Muita gente vai prestar mais atenção em uma situação de racismo porque amou a Adélia. Ou no feminicídio por causa do que acontece. E isso é muito válido", continua a atriz.
O fim da primeira temporada, lançada há quase 15 meses, colocou as quatro protagonistas em situações decisivas: Thereza (Mel Lisboa) decidiu ir embora para Paris e deixar para trás o marido, Nelson (Alexandre Cioletti) --que preferiu ficar com a filha que ele nunca havia conhecido. Adélia percebeu que teria de aceitar a presença de Nelson na vida de Conceição (Sarah Vitória), mesmo sem saber como Capitão (Ícaro Silva), seu noivo, lidará com essa novidade.
Malu (Maria Casadevall) nem imagina que seu marido desaparecido, Pedro, descobriu o sucesso do clube musical Coisa Mais Linda e está a caminho de lá; e Lígia (Fernanda Vasconcellos) deu um basta às violências de Augusto (Gustavo Vaz) e foi buscar a própria felicidade --até que o agressor partiu para emboscar o quarteto na praia de Copacabana em pleno Réveillon e disparou sua arma contra Malu e Lígia.
Os novos episódios resolvem logo de cara o drama mais urgente: o que aconteceu com as duas protagonistas baleadas. E ainda abrem espaço para uma nova protagonista. Trata-se de Ivone (Larissa Nunes), que encanta as festas no morro com sua voz poderosa e tem uma relação difícil com a irmã mais velha, Adélia.
Enquanto a primeira temporada foi mais explosiva e trágica, com situações extremas de violência e preconceito escancarado de alguns personagens, a segunda se volta para dramas mais pessoais, sem perder a pegada novelão que permeia toda a série. Romances que começam e terminam, segredos do passado que vêm à tona e encontros proibidos são alguns dos ingredientes da nova fase.
A série sobre os primórdios da bossa nova se permite até criar momentos cômicos. Sagaz e (agora) bem-sucedida, Malu se envolve em situações amorosas e profissionais que divertem o espectador. Coisa Mais Linda não chega a virar uma comédia --longe disso, o choro ainda domina a trama--, mas poder rir em um momento em que o mundo todo está tenso é, no mínimo, um alívio momentâneo.
Uma curiosidade sobre a atração é que, no exterior, ela mudou de nome de uma temporada para a outra. Antes, era chamada de Most Beautiful Thing; agora, Girls from Ipanema, uma referência bem mais explícita à canção de Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980) que faz sucesso no mundo todo.
A música Garota de Ipanema, aliás, segue como tema da série, mas com nova voz: Amy Winehouse (1983-2011), intérprete da versão em inglês antes, agora cede o lugar para Maria Luiza Jobim, filha de Tom e que canta em bom português mesmo.
Confira o trailer da segunda temporada de Coisa Mais Linda:
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