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VANGUARDA DO APOCALIPSE

Reality Z é boa? Cinco motivos para passar longe de série de zumbis na Netflix

SUZANNA TIERIE/NETFLIX

A apresentadora Sabrina Sato caracterizada como Divina em sua forma zumbi na série Reality Z

Divina (Sabrina Sato) vira uma morta-viva em apocalipse zumbi de Reality Z, da Netflix

DANIEL FARAD

Publicado em 16/6/2020 - 5h16

Com apenas dez episódios, Reality Z se tornou uma das opções preferidas dos assinantes da Netflix para maratonar em meio à pandemia de coronavírus (Covid-19). Detonada nas redes sociais, a produção pode até falhar em manter o público vidrado em frente à televisão, mas acerta ao fazer os espectadores ansiarem por um apocalipse zumbi --afinal, há quem prefira ser mordido por um morto-vivo do que assistir a mais um capítulo.

Apesar de seguir à risca os acontecimentos da britânica Dead Set (2008), a adaptação brasileira está longe de repetir o sucesso da minissérie original criada por Charlie Brooker, o mesmo por trás da aclamada Black Mirror. A história se tornou alvo de piadas no Twitter, ainda que tenha conquistado alguns fãs solitários em meio a uma enxurrada de críticas.

Entre os "elogios" que recebeu, o conteúdo escapou de ser rotulado como ruim pelo colunista Chico Barney, do UOL. Na opinião dele, a nova aposta do serviço de streaming precisaria melhorar muito para atingir oficialmente esse patamar.

Entre os escassos acertos, a narrativa aposta na premissa que subverte os clássicos de terror produzidos por George A. Romero (1940-2017) ao misturar corpos putrefatos e reality show. Durante a noite de eliminação do fictício Olimpo, uma versão do Big Brother, a produtora do programa precisa se abrigar na casa "mais vigiada do Brasil" para escapar de um repentino ataque zumbi.

Uma vez lá dentro, Nina (Ana Hartmann) precisa convencer os participantes de que não se trata de nenhuma prova da competição ou uma pegadinha, mas de que eles são provavelmente os últimos sobreviventes da humanidade.

Confira cinco motivos para passar longe de Reality Z:

FOTOS: REPRODUÇÃO/NETFLIX

A "sister" Jéssica (Hanna Romanazzi) vira notícia em revista de fofoca: item de colecionador 


Narrativa anacrônica

Ao seguir os passos exatos da série britânica, Reality Z parece também ter parado no tempo. Em um determinado momento, os protagonistas se deparam com uma revista de fofocas sobre o programa, um item cada vez mais de colecionador com a recente crise no mercado editorial e o crescimento de veículos onlines.

Em outra menção a esses itens em extinção, o diretor Brandão (Guilherme Weber) também acusa uma das competidoras de ir para debaixo do edredom para cobrar mais caro ao posar nua. Tudo isso em meio a celulares de última geração e redes sociais, algo impensável para os idos de 2008. 

Divina (Sabrina Sato) prestes a virar morta-viva na produção nacional da Netflix: bico de atriz 


Elenco desfalcado

O grande nome da série é a apresentadora Sabrina Sato, que não tem grandes desafios de atuação ao se transformar em zumbi logo de cara e passar o resto dos capítulos assombrando o Olimpo. Com poucos nomes conhecidos, e de pouca experiência, o único ator do time de profissionais a se destacar é Emílio de Mello, na pele do deputado Alberto Levi.

Os escolhidos também parecem ter um tremendo pé-frio. Ravel Andrade e Luellem de Castro, que assumem o papel de protagonistas na segunda etapa, vêm das mal-sucedidas Supermax (2016) e Malhação: Vidas Brasileiras (2018). Os dois não têm muita sorte ao ganharem papéis rasos e pouco complexos, que não exigem muito. 

Jéssica (Hanna Romanazzi) se vê debaixo do edredom em sabatina com Divina (Sabrina Sato)


Profusão de clichês

O roteiro abusa de clichês para transportar a ação para a realidade brasileira, não só por exagerar nas tomadas aéreas de cartões-postais do Rio de Janeiro, como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Entre os estereótipos, há um deputado corrupto, policiais milicianos, uma ativista de direitos humanos que reclama muito nas redes sociais, o galã do interior com pouca inteligência, a mãe relapsa...

Augusto (Leandro Daniel) e TK (João Pedro Zappa) vestidos de deuses gregos: ambiente fake 


Reality genérico

Dead Set foi exibido pelo E4, dona dos direitos do Big Brother no Reino Unido na época de exibição, o que permitiu que as sequências aproveitassem parte do cenário real do programa. Fora da Globo, a versão nacional precisou apelar para uma atração fictícia, o Olimpo, que destoa completamente do tom.

O reality também confina anônimos, obrigados a ficarem vestidos o tempo inteiro como deuses gregos, bem longe da proposta de "pessoas comuns" do BBB. O cenário simplório, com uma piscina de tamanho diminuto, também não leva o público a acreditar que a casa é um bunker preparado para resistir ao fim do mundo. 

Nina (Ana Hartmann) é a protagonista da primeira parte de Reality Z: narrativa desconectada


Hora de parar

Reality Z segue passo a passo todo o roteiro original escrito por Brooker até o quinto episódio, quando termina a produção britânica. A partir do sexto capítulo, se desenvolve uma história completamente nova, sem que os criadores consigam de fato amarrar os acontecimentos da primeira leva de personagens com a da segunda.

A metade final ainda fica para trás no quesito inventividade, já que remete o tempo todo a outras produções da Netflix, sobretudo às primeiras temporadas da também brasileira 3%

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