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'Não é HBO, é Apple TV+': Como empresa de celulares virou bastião de séries de qualidade

Imagens: Divulgação/Apple TV+

Chris Evans com um terno elegante ao lado da assustada Michelle Dockery, sentados em um tribunal no drama Em Defesa de Jacob

Chris Evans com Michelle Dockery em cena da minissérie Em Defesa de Jacob, elogiada pelos críticos e público

JOÃO DA PAZ

Publicado em 5/6/2020 - 5h23

A escolha da Warner de batizar o seu streaming de HBO Max trouxe efeitos colaterais para o canal premium, suprassumo das séries de qualidade, embalado no pretensioso slogan "Não é TV, é HBO". Mas a marca virou motivo de piada e ficou com a imagem arranhada no meio da guerra das plataformas online. A Apple, com uma fortuna vinda dos seus celulares e microcomputadores cobiçados, já está ameaçando roubar o posto de prestígio da HBO.

Lançado em novembro, o streaming Apple TV+ patinou nos primeiros passos, para dizer o mínimo. Os críticos massacraram as produções estreantes, houve rejeição por parte dos clientes da própria Apple e gafes risíveis (ao menos para os brasileiros) com uma propaganda involuntária da Skol na série See, estrelada por Jason Momoa, ex-Game of Thrones (2011-2019).

Só que depois desse início conturbado, o serviço se estabilizou. Em menos de um mês, conseguiu emplacar o drama The Morning Show no Globo de Ouro, com três indicações. No fim de maio, chegou ao fim a minissérie Em Defesa de Jacob, com Chris Evans (que viveu o Capitão América nos filmes da Marvel), elogiada pelo público e por especialistas. Ambas as atrações têm grandes chances de cravar um espaço no Emmy deste ano. Os indicados saem no mês que vem.

Evans é só um dos astros associados ao Apple TV+. The Morning Show tem como protagonistas Reese Witherspoon e Jennifer Aniston, simplesmente as donas dos maiores salários por episódio da história da TV americana: US$ 2 milhões (R$ 10 milhões), cada. É uma quantia bem acima do mercado, exemplo explícito de que a Apple tem muito dinheiro para gastar, retirado das suas galinhas de ovos, que atendem pelo nome iPhone e iPad.

Só nos últimos três meses de 2019, a empresa faturou US$ 91,8 bilhões (R$ 503 bilhões), o melhor trimestre de sua história.

Para fazer uma TV de qualidade, como a HBO é conhecida, a Apple não escolheu o caminho do volume, vide Netflix. O objetivo é ter poucas atrações, mas fazê-las todas em alto padrão. E, por enquanto, ela conseguiu isso com Little America, Dickinson e Truth Be Told, além de The Morning Show e Em Defesa de Jacob.

Essa tática só pode vingar com muito dinheiro para contratar não apenas atores da mais alta prateleira de Hollywood, mas produtores, diretores e executivos. Sem pensar muito, a Apple fechou uma parceria com os estúdios Paramount para fazer um filme com o trio Leonardo DiCaprio, Martin Scorsese e Robert De Niro, todos vencedores do Oscar. A empreitada custará US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão).

Parece muito? Que tal investir US$ 250 milhões (R$ 1,28 bilhão) para gravar uma minissérie? Esse valor é o que a empresa de tecnologia desembolsará na criação da terceira parte da saga militar, feita por Steven Spielberg e Tom Hanks, que começou com Band of Brothers (2001) e foi seguida por The Pacific (2010), na rival HBO. A nova produção, intitulada Masters of the Air, tinha como destino o canal premium, que desistiu por achar o projeto muito caro. Não foi problema para a Apple.

Reese Witherspoon e Jennifer Aniston no drama The Morning Show; serenidade de milionárias


Produtores e atores classe A

Spielberg é um dos grandes cineastas e produtores de Hollywood com trabalhos no streaming da Apple --lá está Amazing Stories, atração com ele na produção-executiva. M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido) produziu e dirigiu o drama de horror Servant. Em julho, estreia Little Voice, produção de J.J. Abrams (Lost). E vem aí uma série de Damien Chazelle, vencedor do Oscar por La La Land - Cantando Estações (2016), com uma trama guardada a sete chaves.

Estrelas de Hollywood foram escaladas pela Apple para protagonizar as próximas séries. São nomes como Gal Gadot (Mulher-Maravilha), Brie Larson (Capitã Marvel), Julianne Moore (Para Sempre Alice), Jennifer Garner (Alias), entre outras.

A sobrevivência na guerra dos streamings depende de um know how, conhecer bem o território da TV e das produções de alto padrão. Por isso, ela conta com tanta gente tarimbada na frente de projetos. Não faz mal ter ao seu lado alguém que já trabalhou no inimigo. Caso de Richard Plepler, ex-diretor-executivo da HBO, mentor de séries como Game of Thrones, que agora fará programas para o Apple TV+.

A HBO pode ter sofrido arranhões ao se misturar com o streaming HBO Max e ter ganhado o novo slogan "É só TV", uma zoeira cunhada por John Oliver, comediante que tem um talk show no próprio canal. Mas ela ainda faz produções ousadas e favoritas ao Emmy, como Succession.

A Apple armou todo esse plano para surfar nessa onda e ser o destino de quem quiser ver um conteúdo premium.

E a empresa demonstra seu compromisso com a qualidade ao pagar uma multa milionária para não dar continuidade a Bastards, série que teve várias brigas nos bastidores antes mesmo de sair do papel, o que poderia resultar em um produto capenga. E olha que ela teria o eterno galã Richard Gere como protagonista.

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