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É SÓ TV

De festival de pênis a séries teen café com leite: Por que a HBO está mudando?

Divulgação/Reprodução/The CW/HBO/Hulu

Lucy Hale faz cara de assustada em Katy Keene, Eric Dane fica nu em Euphoria e Kristen Bell fica chocada em Veronica Mars

Lucy Hale em Katy Keene, Eric Dane em Euphoria e Kristen Bell em Veronica Mars; juntos e misturados na HBO

JOÃO DA PAZ

Publicado em 28/5/2020 - 5h21

Em 2019, a HBO fez história com sua primeira série teen. O canal pago, no ar há 47 anos, lançou Euphoria, trama que fez jus à fama de TV vanguardista, com overdose de drogas, muito sexo e um festival de pênis, incluindo um ereto. Mas eis que a HBO no Brasil passou a exibir atrações teen fofas, como Katy Keene. Por que essa mudança tão brusca?

Filhote de Riverdale, Katy Keene não é a única série que destoa do padrão HBO, canal famoso pelo slogan "não é TV, é HBO". A casa de dramas que brigam pelo rótulo de melhor de todos os tempos, como Sopranos (1999-2007) e Game of Thrones (2011-2019), reformula o catálogo ao exibir Batwoman e programar a estreia de Veronica Mars para o mês que vem. A ideia é acostumar o público com séries desse nível.

Na quarta-feira (27), o streaming HBO Max foi lançado nos Estados Unidos --sem previsão de estreia no Brasil. A plataforma é do conglomerado WarnerMedia, junção da Time Warner com a AT&T. Mas o nome da HBO está aí, na linha de frente, então é preciso uma estratégia de marketing para alinhar as duas coisas.

As séries Katy Keene, Batwoman e Veronica Mars estarão no HBO Max. A entrada delas antes na TV paga convencional serve como um aperitivo. Porém, tal tática desfalca canais irmãos, prejudica o público e derruba o celebrado padrão HBO.

Katy Keene, por exemplo, acompanha a jovem que dá nome a série (vivida por Lucy Hale) e seu sonho de virar estilista em Nova York. A história ideal para uma Sessão da Tarde é totalmente oposta à de Euphoria, que a cada episódio avisa o telespectador o que ele vai ver: violência extrema, sexo explícito e linguagem imprópria. Ali, a protagonista Rue (Zendaya), de 17 anos, é viciada em drogas. Só em um capítulo, o drama teen mostrou mais de 20 pênis flácidos e reais.

Naturalmente, o lugar de Katy Keene seria na Warner, pois lá está a "irmã" Riverdale. O mesmo vale para Batwoman, que com essa entrada na HBO simplesmente decepou no Brasil o principal evento televisivo das séries de heróis da DC e da Warner, o crossover dos heróis do Universo Arrow. Neste ano, o especial em cinco partes foi ao ar na Warner sem um episódio, o da Mulher-Morcego.

Divulgação/The CW

Ruby Rose como Batwoman e Brec Bassinger em Stargirl; HBO ganha uma nova cara em 2020

Mesmo com a desistência da protagonista Ruby Rose, Batwoman tem seus méritos por apresentar uma narrativa com a primeira heroína lésbica da TV. Mas comparada à primeira produção de heróis feita pela HBO, Watchmen, Batwoman passa vergonha, não dá nem jogo. Violenta, com temas adultos e sociais pesados, Watchmen lidera a corrida para arrebatar o Emmy de melhor minissérie da temporada.

O caso de Veronica Mars na HBO pode ser mais aceitável. Protagonizada por Kristen Bell (a Eleanor de The Good Place), a série estreou em 2019 novos episódios na plataforma Hulu, uma continuação da história contada entre 2004 e 2007, com a estudante Veronica (Kristen) dando uma de detetive particular. A versão atualizada é mais madura do que a da década passada, mas ainda assim longe do padrão HBO.

Há ainda a especulação de que Stargirl, série sobre uma heroína teen tradicional de uma cidade americana pequena, será exibida no Brasil pela HBO (acompanhando o que acontece nos canais europeus da marca). Mais bem-acabada que Batwoman, Stargirl é o exemplo perfeito de uma série adolescente e fofa de heróis.

Há algo em comum entre todas essas séries que ajuda a entender essa diferença de estilo com o que a HBO faz. Katy Keene, Batwoman, Veronica Mars e Stargirl estão ligadas de alguma forma à rede The CW, a mais nanica das TVs abertas dos EUA.

De lá, saem séries voltadas ao público adolescente, acostumado com uma trama mais leve, que não levanta muitos questionamentos, mas não necessariamente menos divertida. Cenas e temas mais cabeludos não têm vez.

No Brasil, a Warner servia como abrigo para as séries da CW, como ocorre com Flash, Supergirl, Supernatural, The 100, Riverdale, entre outras. Contudo, executivos poderosos decidiram por esse reposicionamento --mesmo que isso signifique uma crise de identidade para a premium HBO.

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