LAÇOS DE FAMÍLIA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Vera Fischer com a atriz mirim Júlia Maggessi, que interpretou sua neta em Laços de Família, em 2000
REDAÇÃO
Publicado em 5/6/2020 - 5h25
A novela Laços de Família (2000), que estreou há exatos 20 anos na Globo, ficou muito marcada pela cena em que Camila (Carolina Dieckmann) teve seu cabelo raspado durante o período em que lutava contra um câncer. Porém, a novela também tinha muito conteúdo sexual e cenas de fortes agressões físicas e verbais. Isso fez com que um juiz obrigasse a Globo a retirar todos os atores menores de idade das gravações.
O folhetim de Manoel Carlos tinha núcleos coadjuvantes bastante intensos. Capitu (Giovanna Antonelli), por exemplo, parecia uma jovem "de família", mas trabalhava como garota de programa. Ela surgia em muitas cenas quentes com seus clientes, além de emendar brigas feias com o pai de seu filho.
As discussões também rolavam soltas na família de Helena (Vera Fischer). A protagonista teve uma cena memorável em que espancou a maliciosa Íris (Deborah Secco). Fred (Luigi Baricelli) e Clara (Regiane Alves), filho e nora de Helena, berravam frequentemente um com o outro, muitas vezes na frente da filha do casal, Nina.
A primeira atriz mirim a viver esse papel, Larissa Honorato, foi afastada do elenco após um parecer do Núcleo de Psicologia da 1.ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro. A instituição entendeu que a menina havia sofrido abuso psicológico ao gravar uma cena de discussão familiar.
Logo no primeiro dia de gravação, Regiane, Baricelli e Larissa tinham uma sequência em que mãe carregava a filha enquanto descia lances de escada, gritando com o marido em uma briga. A cena foi repetida 19 vezes. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, até o sétimo take a menina estava tranquila, mas dali para frente ficou assustada, chorando muito. Ela foi substituída na novela por Júlia Maggessi.
Esse caso e o parecer do Núcleo de Psicologia contribuíram para que o juiz Siro Darlan, também da 1ª Vara de Infância e Juventude do Rio de Janeiro, decidisse que não deveria ter mais nenhum menor de idade nas gravações de Laços de Família, nem mesmo figurantes.
O autor Manoel Carlos teve de reescrever cenas nas quais os atores mirins apareciam e deu um sumiço neles. A personagem Nina, por exemplo, foi para a casa dos avós na Bahia. Já Bruninho (Natã e Andrey Beltrão), filho de Capitu, ficou em uma creche em tempo integral na trama.
Apenas a filha do autor, Júlia Almeida, então com 17 anos, continuou trabalhando --mas ela precisou ter um mandado de segurança para isso. O novelista, é claro, não gostou dessa mudança forçada em sua novela.
"Considerei um acidente de percurso, mas protestei publicamente, inclusive com um depoimento que dei ao Jornal Nacional no primeiro dia da proibição. Não lembro quanto tempo durou essa medida restritiva, mas minha filha logo fez 18 anos e voltou ao trabalho", declarou, em depoimento registrado no livro Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas. O veto aos atores mirins durou três semanas.
O conteúdo sexual e violento também fez com que a Justiça determinasse que Laços de Família só fosse ao ar após as 21h, o que fez com que a trama se tornasse a primeira "novela das nove" da Globo. Antes disso, as novelas eram das oito.
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