The Morning Show
Imagens: Reprodução/Apple TV+
Reese Witherspoon e Jennifer Aniston na primeira temporada de The Morning Show, série do Apple TV+
JOÃO DA PAZ
Publicado em 13/11/2019 - 5h00
Toda aquela simpatia que apresentadores de TV esbanjam em programas é uma farsa. É o que revela The Morning Show, série do streaming Apple TV+ que abre a caixa-preta de uma atração matinal na qual cada palavra dita na frente das câmeras sai de um roteiro, desde uma piadinha a opiniões sobre assuntos polêmicos. Nada de espontaneidade.
Com quatro episódios exibidos (de dez da primeira temporada), um lançado a cada sexta-feira na plataforma da Apple, o drama invade os bastidores do The Morning Show, chamado de TMS, um jornalístico matinal típico da TV americana, que no Brasil pode ser (mal) comparado ao Hoje em Dia, da Record. O programa da rede ficcional UBA é um celeiro de cobras, uma traindo a outra, e um poço de falsidades.
Dividem a bancada do matinal a apresentadora veterana Alex Levy (Jennifer Aniston) e a novata talentosa Bradley Jackson (Reese Witherspoon), que emplacou a vaga depois de a demissão de Mitch Kessler (Steve Carell), acusado de assediar sexualmente funcionárias do TMS.
Mesmo a contragosto, o produtor-executivo Charlie "Chip" Black (Mark Duplass) tem de engolir a decisão de Cory Ellison (Billy Crudup), novo executivo da UBA, de substituir Mitch por uma jornalista inexperiente, uma repórter em essência, e não uma âncora. Chip passa horas a fio com os roteiristas do programa para criar para Bradley um estilo que agrade em cheio aos telespectadores.
Chip, Cory e Fred Mickland (Tom Irwin), o presidente da UBA, travam duelos na cúpula da empresa sobre o que fazer com o TMS. Um quer esfaquear o outro pelas costas, mas tudo com um sorriso estampado no rosto. No meio do tiroteio está Alex, que para não ser engolida pelas cobras tem de se posicionar com firmeza e encará-las --só assim ela não será demitida e continuará à frente do programa.
The Morning Show mostra muitas cenas como essa, dos bastidores de um programa de TV
Para mostrar ao público que tudo caminha bem apesar das confusões nos bastidores, principalmente as que envolvem Mitch, Alex arma uma amizade descontraída com a colega Bradley.
As duas trocam elogios e mostram estar em sintonia com uma simpatia até irritante. Mas nunca desgrudam o olhar do teleprompter (o TP), equipamento que indica o que cada uma das apresentadoras deve ler ao olhar para as câmeras.
O que acrescenta um tempero na série é que Bradley não gosta muito desse fingimento, porque tem suas opiniões polêmicas contidas pelos produtores do programa, que fazem de tudo para tentar adestrá-la.
Conhecida do público por ser desbocada e falar a real em suas antigas reportagens, ela incialmente mostra ser o oposto de Alex, que se acomodou com a rotina e com a tarefa de viver uma personagem toda manhã. O sucesso de Bradley pode ofuscar Alex e criar um bom embate no futuro.
The Morning Show tem ingredientes saborosos, que dão uma boa sopa. Há boas atuações, com destaque para Jennifer Aniston e Mark Duplass, uma dose caprichada de personagens cativantes e uma história que tem potencial para render.
A série merece ser vista e agrada àquele telespectador que quer dar uma espiada nos bastidores de um programa de TV e conhecer como as coisas funcionam por trás das câmeras, algo totalmente diferente do que se vê na frente delas.
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