Mercado do streaming
Imagens: Divulgação/Amazon
Julia Roberts em Homecoming e Esme Creed-Miles em Hanna, duas superproduções da nova Amazon
JOÃO DA PAZ
Publicado em 5/4/2019 - 6h18
Atualizado em 5/4/2019 - 6h49
Faz um ano que a Amazon tomou a decisão de se livrar de dramas de menor apelo e comédias de pouca relevância. A estratégia adotada, de focar em séries globais e de alto padrão, deu certo e o streaming da empresa, o Prime Video, ganhou uma nova cara. De Julia Roberts a Hanna, é nítida a mudança na qualidade das atrações da plataforma.
Hanna é um bom exemplo da nova cara da Amazon. Lançado na última sexta (29), o drama policial, sobre uma garota que cresce isolada em um floresta e busca respostas sobre quem ela realmente é, foi rodado na Hungria, na Eslováquia, na Espanha e no Reino Unido, esforço que dá um belo aspecto visual para a série.
Hanna foi criada por David Farr, roteirista da minissérie The Night Manager (2016) e é tem no elenco Mireille Enos e Joel Kinnaman, dupla de The Killing (2011-2014).
Na outra ponta de sua nova linha criativa, a Amazon tem Homecoming. Estrelada por Julia Roberts, vencedora do Oscar por Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento (2000), a série piradona se passa em solo norte-americano, apresentando um centro de recuperação voltado a veteranos de guerra.
Homecoming saiu da mente insana de Sam Esmail, o mesmo da premiada Mr. Robot, e será o drama pelo qual a Amazon fará forte campanha para o Emmy, principalmente a favor de Julia Roberts.
Grandes nomes, somados a uma produção gigantesca, são o novo modelo da Amazon. O assinante só não deve esperar uma enxurrada de séries lançadas toda semana, como faz a principal rival. "Não vamos copiar o jogo da Netflix de apostar no volume [de séries]", disse Jennifer Salke, presidente do Amazon Studios, em entrevista para o site Deadline. "Vamos manter um nível de excelência para entregar aos assinantes tramas excitantes e relevantes", explicou a executiva.
Esse comentário de Jennifer, dado em junho de 2018, se concretizou. De agosto para cá, um período de nove meses, a Amazon lançou apenas cinco dramas, um volume baixíssimo. Mas todas as séries estrearam cheias de requinte e bem-acabadas.
Cena dos bastidores da primeira temporada de Jack Ryan, protagonizada por John Krasinski
Tudo começou com Jack Ryan, simplesmente a produção mais cara feita pela Amazon, com um custo de US$ 8 milhões (R$ 30,8 milhões) por episódio. Estrelada por John Krasinski (The Office) e cocriada por Carlton Cuse (Lost e Bates Motel), Jack Ryan conquistou o público com uma trama tipo James Bond em versão americana, só que com um agente da CIA. Jack Ryan, já renovada para mais duas temporadas, teve cenas no Marrocos, no Canadá, na França e nos Estados Unidos.
Depois veio a aguardada The Romanoffs, que estreou cercada de expectativas por ter a assinatura de Matthew Weiner, criador da vencedora do Emmy Mad Men (2007-2015). O drama de US$ 50 milhões (R$ 192 milhões) contou a cada episódio uma história diferente sobre descendentes (ou não) da família imperial russa Romanov.
Com cenas em Nova York, Cidade do México e Paris, a série apresentou um elenco com pedigree: Kerry Bishé (Halt and Catch Fire), Christina Hendricks (Mad Men), Paul Reiser (Mad About You) e Noah Wyle (Plantão Médico), entre outros.
Entre Homecoming e Hanna, The Widow aterrissou na Amazon, no começo do mês passado. A série não empolga tanto, mas segue a linha de grandes dramas da plataforma. Filmada na África do Sul, no País de Gales e na Holanda, The Widow contou com Kate Beckinsale como protagonista. A atriz superou a péssima fama de ser limitada em seus filmes ao fazer uma boa atuação na série.
Antes de agosto do ano passado, a Amazon tinha mais dramas cancelados (cinco) do que na ativa (três). A empresa optou por continuar só com séries prestigiadas pela mídia especializada. O trio é formado por Goliath (com a terceira temporada em produção), The Man in the High Castle (renovada para a quarta e última temporada) e Bosch (o quinto ano chega no próximo dia 19; já está renovado para o sexto).
Após passar por um escândalo sexual no fim de 2017, que culminou com a demissão do então presidente do Amazon Studios, Roy Price, a Amazon procurou no mercado um nome forte para substituí-lo e dar andamento à nova estratégia. A única exigência era que o comando teria de ser dado a uma mulher.
Dana Walden, uma das executivas mais poderosas de Hollywood, então na Fox, recusou o cargo. Ela já estava de olho em uma vaga que abriria no futuro, e que acabou pegando: a de chefona do recém-lançado Disney Television Studios, filhote da fusão Disney-Fox.
A segunda opção era Jennifer Salke, que era a presidente de Entretenimento da rede NBC. Na líder de audiência da TV americana, ela supervisionou séries graúdas como This Is Us, as franquias ambientadas em Chicago (P.D., Fire e Med) e The Blacklist. Agora, ela é quem coordena as aquisições e produções das novas séries da Amazon.
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