Análise
Imagens: Divulgação/USA Network
Rami Malek em Mr. Robot; série que chega ao fim após a quarta temporada deu um Emmy ao ator
JOÃO DA PAZ
Publicado em 30/8/2018 - 6h15
Mr. Robot terminará após a quarta temporada, que irá estrear somente em 2019, mais de um ano depois do fim da terceira. Vencedor do Globo de Ouro de 2016, o drama hacker entrará para a história por conseguir aplicar com precisão a linguagem do cinema na televisão e trazer uma trama envolvente, com um quebra-cabeça bem armado.
Quem assiste Mr. Robot pela primeira vez logo percebe a identidade visual muito mais próxima à do cinema que a de outras produções feitas para a TV. Os enquadramentos são incomuns e rompem regras: deixam um personagem muito no canto de um plano ou com o rosto na parte de baixo da tela.
Martin Wallstrom na terceira temporada de Mr. Robot: enquadramento fora da caixinha
Essa linguagem diferente tem uma razão de ser. Dentro de um diálogo, se um dos personagens da conversa está em uma posição subalterna, ele é mostrado de baixo para cima. No caso, aquele em uma situação superior é enquadrado de cima para baixo. O telespectador percebe o macete conforme os episódios se desenrolam.
A série rapidamente conquistou um grupo fiel de fãs por narrar uma história envolvente e inusitada. O hacker conhecido como Mr. Robot (Christian Slater) convoca Elliot Alderson (Rami Malek), um jovem expert em programação de computadores, para dar início a um plano para acabar com a E Corp, que na série é o maior conglomerado empresarial norte-americano.
O objetivo? Apagar dos computadores todas as dívidas que a população americana tem com a empresa.
No caminho, Mr. Robot aborda temas contemporâneos, o que só aumenta a identificação com o telespectador. A produção faz uma forte crítica ao consumismo e aos grandes ícones do capitalismo, como a cafeteria Starbucks e os filmes de super-heróis da Marvel, na linha de Os Vingadores.
A onda antissistema presente no mundo atual é bem retratada. Sam Esmail, o criador, se inspira em casos reais, seja nos ataques hackers ou nas construções dos arcos de cada temporada.
Esmail, que também faz às vezes de diretor da série, abusa da criatividade. Já colocou os personagens dentro de uma típica sitcom americana, encheu um capítulo de referências ao filme De Volta para o Futuro 2 (1989) e, no mais ousado de todos (o quinto da terceira temporada), apresentou o episódio como se tivesse sido filmado em um plano-sequência, sem cortes, como no filme Birdman (2014), vencedor de quatro estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme e direção.
Teoria da teoria
Uma coisa que Mr. Robot gosta de fazer é brincar com o telespectador. É um jogo divertido, que prende a atenção e faz com que qualquer desvio de olhar para a tela custe informações preciosas. Quem não desgruda os olhos consegue sacar as nuances propostas.
A série não deixa nada sem resposta. Seus mistérios duram poucos episódios, e o telespectador logo sana a dúvida que alguma cena criou. A sensação de quem ganhou um prêmio toma conta do fã que acerta as teorias.
Redenção e fama
Mick Jagger de Hollywood, Christian Slater enterrou a fama de pé-frio em Mr. Robot. Com fracassos recentes, se escorando na fama de filmes do passado, de Atração Mortal (1988) a Entrevista com Vampiro (1994), o ator deu uma reviravolta na carreira vivendo o Mr. Robot, com direito até a um Globo de Ouro, vencido em 2016.
A série serviu também para alavancar Rami Malek, que levou o Emmy por dar vida ao hacker Elliot Alderson. Ele chamou a atenção de Hollywood e cravou um grande papel no cinema: interpretará Freddie Mercury, da banda Queen, no filme biográfico sobre o cantor, Bohemian Rhapsody, a ser lançado em novembro.
As três temporadas de Mr. Robot foram exibidas no Brasil no canal Space. Com o subtítulo de Sociedade Hacker, a série já foi ao ar na Record. As duas primeiras temporadas estão disponíveis no Prime Video, plataforma de streaming da Amazon.
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