INGRID CONTE
REPRODUÇÃO/RECORD
Ingrid Conte em cena como Elisa em Gênesis, da Record; atriz encarou stripper em Dom
Intérprete de Elisa em Gênesis, Ingrid Conte está irreconhecível em Dom, série do Prime Video, em que dá vida a uma stripper de pole dance. A atriz de 35 anos celebra a boa fase na carreira. Se na novela bíblica ela viveu a uma moça romântica com ares de santinha, na atração do streaming ela é Jessika, uma jovem sensual em cenas em que surge seminua.
"Cada personagem traz um desafio, um universo novo a ser estudado e o mais interessante é justamente poder mergulhar em cada um desses mundos diferentes. Elisa me trouxe alguns desafios como encontrar a doçura e uma certa ingenuidade de uma menina de 18 anos. Jessika me permitiu uma conexão com meu corpo feminino", analisa para o Notícias da TV.
"Ela me permitiu colocar pra fora todo um erotismo que nos é sufocado no dia a dia, porque vivemos numa sociedade em que existe muito abuso físico e emocional e, por isso, vamos silenciando nossos corpos para nos encaixar nessa sociedade patriarcal", observa.
Dom conta a história de Pedro Dantas (Gabriel Leone), jovem de classe média que se viciou em cocaína e virou um dos criminosos mais temidos do Rio de Janeiro, conhecido como Pedro Dom. No enredo, Victor Dantas (Flavio Tolezani) é o pai do rapaz. Um policial que fez carreira justamente no combate às drogas e à ascensão do tráfico, que vive o dilema de ter dedicado sua vida a uma luta contra um inimigo que não consegue vencer nem dentro da própria casa.
Nos episódios, a personagem de Ingrid é a stripper que se envolve com Victor e que o ajuda a seguir os passos do herdeiro nos morros em que ele frequenta. Ela faz mais, o auxilia nas investigações contra o tráfico. Nas sequências com Tolezani, a atriz aparece seminua e, claro, no pole dance em uma boate da noite carioca. Para esse trabalho, possíveis inseguranças com o corpo ficaram de fora das gravações.
"Rolou um certo nervosismo, mas não pela nudez. Era mais uma preocupação em entender como essa nudez seria explorada em cena, como seria a gravação. O Breno Silveira [diretor da produção] teve toda uma sensibilidade, reduziu o número de pessoas no set, conversou bastante comigo para saber se eu estava me sentindo à vontade em cena. Quando entendi qual seria o olhar da direção, fiquei bem tranquila", relembra.
reprodução/prime video
Ingrid Conte em cena como Jessika em Dom
"Eu já me preocupava com minha alimentação e sempre amei fazer atividades físicas. Então, para poder me sentir à vontade em cena com o meu corpo, só dei uma atenção um pouco maior a isso. E fiz algumas aulas de pole dance. Na verdade, eu já tinha conhecido o pole há 11 anos. Fiz alguns meses na época, mas acabei largando. Quando soube que ia fazer a Jessika, na mesma hora retomei as aulas. Isso me ajudou a me soltar para gravar", conta.
Dom foi gravada há dois anos, mas a intérprete revela que segue na prática do pole dance. "Sigo apaixonada. Quando fiz aulas pela primeira vez, era só uma atividade física que achava legal e diferente. Hoje representa algo a mais, tem a ver com a retomada de confiança no próprio corpo", considera.
"O pole me fez enxergar o quanto eu era e ainda sou presa a várias regras de uma sociedade conduzidas essencialmente por homens. E, por isso, acho o pole, de certa forma, subversivo, por me fazer identificar esses padrões. E, a partir daí, transformá-los em mim", destaca.
reprodução/prime video
Flavio Tolezanie Ingrid Conte em Dom
Na série, Jessika tem um desfecho trágico e aparece morta em um motel. Um dos policiais comenta a situação com desprezo: "Mais uma puta que morre em serviço". A marginalização da classe é algo que chocou Ingrid durante seu laboratório para Dom.
"Assim como a maior parte da sociedade, antes de interpretar a Jessika, eu tinha uma visão bem limitada sobre essa profissão. Mas depois de pesquisar sobre o assunto, assistir a filmes, ler livros, fui percebendo o quanto esse universo é marginalizado e visto a partir de uma ótica patriarcal, moralista e capitalista", lamenta.
"Existe um estigma em torno dessas mulheres, de que toda stripper se prostitui, mas isso não é necessariamente verdade. Strippers são mulheres que dançam na noite, que fazem uma performance sensual e, em alguns casos, fazem essa performance no pole. A sociedade as enxerga e uma forma bastante estereotipada, como vulgares, inferiores intelectualmente e isso deve ser combatido", defende.
Antes de Gênesis e Dom, Ingrid atuou em Topíssima (2019), também na Record. Também fez participações em novelas da Globo, como A Força do Querer (2017) e Rock Story (2016). No entanto, 2021 a marcou por ter estrelado duas grandes produções.
O folhetim de Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro foi a primeira trama bíblica da intérprete. Na novela, ela foi a jovem pretendente de Gael (Guilherme Boury), que demorou para dar o primeiro beijo no rapaz. O relacionamento puro foi abençoado por Abraão (Zécarlos Machado).
Ingrid se despediu de Gênesis na Jornada de Abraão --atualmente, a Record exibe a fase de Jacó. A proposta para viver Elisa caiu bem no período da quarentena, mesmo tendo que enfrentar o novo normal.
"Para mim, foi um grande respiro emocional. Fiquei boa parte da pandemia completamente isolada em casa e quando surgiu o convite pra Gênesis me senti muito grata ao universo. Poder me ocupar com o meu trabalho foi o que me salvou física e emocionalmente nessa pandemia", finaliza.
Gênesis é uma adaptação livre do primeiro livro da Bíblia. O folhetim é dividido em sete fases e, atualmente, a Record exibe a sexta --Jacó. Além dos spoilers, o Notícias da TV publica o resumo da novela bíblica.
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