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BRIGA NA JUSTIÇA

Família de Pedro Dom processa Prime Video para tirar série do ar: 'Muita dor'

DIVULGAÇÃO/ PRIME VIDEO

Flavio Tolezani (Victor Dantas) e Gabriel Leone (Pedro Dom) em Dom, do Prime Video

Flavio Tolezani (Victor Dantas) e Gabriel Leone (Pedro Dom) em Dom; família boicota produção

ELBA KRISS

elba@noticiasdatv.com

Publicado em 14/7/2021 - 7h00
Atualizado em 14/7/2021 - 21h35

A briga entre a família de Pedro Machado Lomba Neto (1981-2005), o Pedro Dom, e o Prime Video está longe de acabar. Depois de a irmã do rapaz, Erika Grandinetti, revelar insatisfação com a produção, detalhes do processo que o clã move contra a plataforma e a Conspiração Filmes, produtora responsável, começam a vir à tona. "É muita dor", desabafa Nídia Sarmento, mãe do jovem que dá nome à série, sobre o imbróglio.

Desde maio último, corre no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro um processo para embargar o produto disponível no streaming da Amazon. A ação contra as empresas responsáveis tem como autor o herdeiro de Pedro Dom, que é menor de idade --por isso, tudo corre em segredo de Justiça. Nos autos, ele é representado por Nídia, sua avó. 

Representada pelo escritório Medeiros & Victorino, do Rio de Janeiro, a família tentou evitar o lançamento da série, em 4 de julho. Na petição inicial, a senhora de 70 anos alega que nem ela nem seu neto autorizaram as gravações. No entanto, o pedido foi indeferido. A defesa, então, entrou com um agravo de instrumento com tutela de urgência, que também foi negada.

Pedro Dom e Erika Grandinetti: foto publicada pela irmã no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook)

Agora que a produção estreou e ganhou destaque no catálogo do Prime Video --com segunda temporada já encomendada--, elas aguardam a análise do agravo. Explica-se: além de impedir o lançamento, a ação tem uma solicitação alternativa para interromper a veiculação, tirar do ar [do streaming] e evitar que a continuação seja lançada.

O Notícias da TV apurou que o processo movido por mãe e irmã de Pedro Dom não pede indenização. No entanto, depois que a série bateu recorde de audiência e teve sua segunda temporada confirmada, a família estuda entrar com uma segunda ação, desta vez, exigindo reparação financeira.

O drama de Nídia e Erika foi exposto em uma carta aberta publicada nas redes sociais na segunda-feira (12). A família tornou público o desejo de tirar o produto do ar por não compartilhar de seu conteúdo.

Dom retrata a história real de Pedro Dom, jovem de classe média que começa a usar cocaína e, para sustentar os vícios no pó e na adrenalina, passa a assaltar mansões no Rio de Janeiro. O ator Gabriel Leone interpreta o criminoso, e Flavio Tolezani é o policial Victor Dantas, pai do jovem viciado.

O personagem é mostrado como um pai em busca da redenção do filho. A cada episódio, o telespectador é levado para o dilema do agente que dedicou uma vida no combate às drogas, mas que não consegue vencer o inimigo químico dentro da própria casa.

Segundo Erika, essa saga do pai herói mostrada no enredo é falsa. Em sua carta de desabafo, ela escreveu que Victor, na verdade, era violento, agia com truculência dentro da própria casa e que sequer pagava pensão alimentícia para os filhos.

Ainda de acordo com a irmã de Pedro Dom --morto em 2005 durante uma operação policial--, Dantas não era a pessoa que percorria as favelas do Rio de Janeiro atrás do herdeiro. Era Nídia. Ele também não buscava arduamente pela desintoxicação do filho como mostra a série.

"Meu pai nunca internou meu irmão, ao contrário, tirava da internação fazendo cena. E no dia da morte do filho se apresentou para os holofotes dizendo ter uma ONG para ajudar drogados, que nunca existiu. Maquiavélico", escreveu Erika em sua carta. Ela também compartilhou a certidão de óbito do irmão e uma declaração de um psiquiatra informando que Dantas não concordava com o tratamento do filho. 

Ainda de acordo com ela, o ex-policial começou a insistir na comercialização da trajetória de Dom poucos anos após a morte do rapaz, mas ouviu diversas negativas da família. Mesmo assim, ele chegou a negociar com a produtora responsável. Mesmo em desacordo, Nidia teve que encarar a estreia do produto no catálogo do Prime Video.

Por verem o nome de Dom virar um produto comercial e se depararem com a história sendo contada de uma maneira que elas não concordam, mãe e filha acionaram seus advogados. Em entrevista para o Notícias da TV, Nídia se mostrou emocionada com todo o imbróglio, principalmente, com as duas negativas que recebeu na Justiça.

"É muita dor. São 16 anos que eles não deixam enterrar meu filho. É como se tirassem ele da cova e esfregassem na minha cara. Agora eu tenho um menor, um neto. Lutei muito para dar uma vida digna para ele. E a juíza foi incapaz de pensar no meu neto. Uma juíza e um desembargador indeferiram contra meu neto, a favor da Conspiração e do Amazon Prime Video. Isso é muito triste", lamenta.

"Eu tenho um menor, e a nossa Constituição foi rasgada quando eles não o preservaram. Lutei muito para preservar essa criança. O sofrimento maior é ver meu neto sendo exposto e, inclusive, sendo assediado pela imprensa", protestou ela, que sempre teve a guarda do menino, hoje um adolescente.

Apesar de ver seus pedidos iniciais não serem atendidos na Justiça, Nídia entrega que tem esperança de ver uma resolução positiva do processo ao final de tudo. "Estamos aguardando para ver se conseguimos embargar. Meu neto está sofrendo e não queremos nada fora da lei. Só queremos que se cumpra a lei. Nós temos um menor que está sendo exposto", destaca.

"É muito triste o que estão fazendo com a gente. Propriedade e prestígio: esse é o grande mal da sociedade e da humanidade", finaliza.

A reportagem procurou o Prime Video, mas não teve retorno até o fechamento deste texto. A Conspiração Filmes, por sua vez, declarou que a empresa e Breno Silveira, diretor da série, não "têm propriedade sobre este discurso". 

Confira as publicações de Erika, irmã de Pedro Dom:

Veja trailer e teaser de Dom:


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