PARAÍSO PERDIDO
FOTOS: REPRODUÇÃO/RECORD
Os atores Juliana Boller (Eva) e Carlo Porto (Adão) em cena no Jardim do Éden de Gênesis
Alguns ainda acreditam que a Terra é plana, mas é inegável que o mundo dá voltas. O planeta gira tanto sobre o próprio eixo que, às vezes, o telespectador de Gênesis não está tão distante assim de um morador de Londres no século 17. Com um vírus mortal à solta, e o Reino Unido de cabeça para baixo, os britânicos também precisavam esquecer a realidade com a sua versão "pop" da Bíblia Cristã --o poema épico Paraíso Perdido.
O calhamaço de John Milton (1608-1674) é conhecido por ter inventado a palavra "pandemônio", um termo que cairia anos depois como uma luva para o Brasil no meio da pandemia de Covid-19. Coincidentemente (ou não), uma outra ameaça invisível estava à espreita naquela época e deixava mortos dos dois lados do Atlântico: o vírus da varíola.
Em meio às erupções na pele e a uma febre escaldante, para os quais a cloroquina também não funcionava, um eventual leitor de Milton se depararia com a expulsão de Lúcifer do céu, a guerra entre os anjos caídos e Deus e também a criação do homem. Um roteiro não muito inovador, mas que também não escondia qualquer fruto proibido azul entre as suas quase mil páginas.
O escritor fazia lá as suas licenças poéticas, assim como os autores Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro, que também efetuaram mudanças pontuais que não agradam aos mais apegados ao texto bíblico.
A ausência de Igor Rickli, que só passou a existir a partir de 1983, como grande vilão, não foi um grande problema para o imaginário dos ingleses. Em vez do marido de Aline Wirley, o demônio da Idade Moderna tinha três caras --ilustradas ao longo da História por John Baptist Medina (1659-1710), William Blake (1757-1827) e Gustave Doré (1832-1885).
Com bem menos efeitos especiais, e sem Sula Miranda no elenco, Milton ainda enfrentou uma situação política tensa para concluir a obra. Em algum capricho do destino, a Inglaterra também penou sob os excessos de tirania de Carlos 1º (1600-1669), que não chegou a ver um de seus quatro filhos homens sucedê-lo no final do reinado.
O rei foi decapitado, a República foi instaurada no Reino Unido já quase no final daquele século, e Edward Jenner (1749-1823) logo inventaria a vacina para varíola. A doença foi definitivamente erradicada, mas o imunizante causou polêmica ao chegar ao Brasil só em 1904.
Em vez de chip ou do medo de se transformar em um jacaré, o povo se revoltou por achar que as injeções eram uma desculpa para o governo colocar a mão em suas poupanças --as de carne e osso, vale ressaltar.
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