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Deus em Gênesis, Flávio Galvão entrega aparição do todo-poderoso na novela

EDU MORAES/RECORD

Flávio Galvão em cena como Nabote em Jezabel (2019), na Record

Flávio Galvão em cena como Nabote em Jezabel (2019), na Record; ator é a voz de Deus em Gênesis

ELBA KRISS

elba@noticiasdatv.com

Publicado em 2/7/2021 - 6h35

Intérprete de Deus em Gênesis, Flávio Galvão não apareceu fisicamente em nenhuma cena de nenhum capítulo da novela bíblica. Até agora. O Criador interage com seus eleitos apenas por meio de sua voz em conversas ou narrando o folhetim com trechos da Bíblia. No entanto, a Record prepara uma surpresa: o todo-poderoso deve fazer uma aparição na reta final da trama. "Essa possibilidade existe", entrega o ator de 73 anos.

"Seria uma coisa de um transeunte, que fala algo com alguém, e as pessoas o identificam. Não sei exatamente o que eles [os diretores] pensam em fazer, se é que essa ideia ainda está em pé. Não tenho certeza. Mas seria uma coisa rápida, só para aguçar a curiosidade do espectador", completa Galvão ao Notícias da TV.

Segundo ele, a direção de Gênesis pretende se afastar da ideia inicial que muitos têm sobre Deus: uma imagem glorificada no Céu. O Senhor da Record será um homem comum, como diz a frase "Ele está entre nós".

Por isso, se Galvão der as caras na novela como o altíssimo, será dando vida a um desconhecido em seu reino. "Ele seria um mendigo. Algo que chamasse a atenção no sentido de: 'O que esse homem está falando? Nossa, é Deus!'", adianta ele.

Quando Gênesis começou a ser gravada, antes da pandemia, o veterano se deslocava até os estúdios no Rio de Janeiro para registrar sua voz. Agora, ele faz tudo diretamente da Casablanca, produtora responsável pela trama, em São Paulo.

"Eu ia até o Rio gravar, mas chegamos à conclusão que era melhor fazer na Casablanca. Assim, não preciso pegar avião. Então, eles me mandam o vídeo da cena já gravada, eu vejo e gravo em cima", conta ele, que reside na capital paulista.

"No Rio de Janeiro, às vezes, eu até contracenava com os atores para pegar o mesmo tom. Um tom que não fosse aquela coisa bombástica ou de um Deus cruel", relembra.

Não estar em cena com o elenco não significa que a função de Galvão no folhetim de Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro seja uma tarefa fácil. Pelo contrário, o intérprete tratou de criar um todo-poderoso mais humano e próximo de seus súditos. Para isso, ele tem se dedicado ao estudo da Bíblia.

"O trabalho sempre será o mesmo. Tem o desafio de encontrar um tom, conseguir fazer com que esse tom seja verdadeiro e tenha cumplicidade com o espectador. A grande dificuldade é essa: fazer com que o personagem apareça de verdade e que toque o coração das pessoas", declara.

"Para isso, leio a Bíblia e o texto que me mandaram antes de gravar. Faço comparações entre eles para chegar num denominador comum. Também vejo o que já gravaram no Rio. Demanda um outro tipo de trabalho. Eu decoro com muita facilidade, mas a única diferença é que não preciso decorar ipsis litteris [com todas as letras], porque leio [no estúdio]", detalha.

reprodução/record

Deus fala com Abraão (Zécarlos Machado)

No ar em Gênesis e Império

O personagem criado por Galvão tem como mote uma expressão bíblica: "Deus fez o homem à sua imagem e semelhança". Partindo desse conceito, o ator tratou de humanizar a divindade da Record.

"Faço o mais humano possível, com tristeza, alegria, orgulho e sentimentos humanos embutidos nesse Deus. Faço sem ser pomposo, sem ser aquele Deus vingativo. Falo como se fosse um diálogo. Não tem essa veemência dos filmes de Hollywood", compara.

Um dos diálogos preferidos do artista até o momento foi com Abraão (Zécarlos Machado). A sequência em que o comerciante é obrigado a sacrificar o filho Isaque (Dani Gutto) o emocionou. E a frase que impediu a morte da criança marcou o intérprete.

"Gostei muito dessa fala: 'Abraão, não encoste no menino'. A cena foi bonita, e o Zécarlos fez muito bem. Foi um misto da minha voz com a atuação dele, e daquele menino que é muito bom atorzinho", elogia.

"Gosto da novela. Acho que tem muitas qualidades e poderia ter mais capítulos. A história de Abraão dava uns 100 capítulos. A de Adão e Eva daria mais 100. Mas se faz em 20 ou 30 [capítulos], porque senão fica muito tempo no ar e, ao mesmo tempo, cansa o espectador. Então, optaram por fazer rapidamente, o que está certo. Mas é que a Bíblia é muito interessante", defende ele.

Flávio Galvão (Reginaldo) e Elizangela (Jurema) em Império (Foto: Reprodução/Instagram)

Gênesis é o terceiro trabalho bíblico do veterano na Record. O primeiro foi Apocalipse (2017). Depois, ele fez a minissérie Jezabel.

Na Globo, sua última novela foi Império (2014), em que interpretou Reginaldo. A produção está atualmente em reprise, e Galvão confessa não conseguir acompanhar sua dobradinha na televisão. Mas entrega qual canal tem preferência em seu controle remoto.

"Gostei de fazer Império, por vários motivos. Porque o personagem era um pilantra e safado (risos). Gostava de contracenar com a Elizangela [Jurema] e a Nanda Costa [Tuane], me dei muito bem com o Papinha [Rogério Gomes, diretor], e era mais uma novela do Aguinaldo Silva. Mas ver? Não me vejo, por causa do horário", admite.

"Também não consigo ver Gênesis todos os dias. Mas entre Gênesis e Império, prefiro Gênesis porque é o aqui e agora e posso modificar daqui para frente. Império não dá, porque já está tudo gravado (risos)", diverte-se.

Gênesis é uma adaptação livre do primeiro livro da Bíblia. O folhetim é dividido em sete fases e, atualmente, a Record exibe a quinta --Jornada de Abraão. Além dos spoilers, o Notícias da TV publica o resumo da novela bíblica.

Veja vídeos de Deus em Gênesis:


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