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ANÁLISE

Rensga Hits! prova que interior do Brasil é muito mais diverso do que Pantanal mostra

REPRODUÇÃO/GLOBOPLAY

Raíssa Medeiros (Alice Wegmann) cantando e tocando violão

Rensga Hits! se difere do folhetim das nove ao trazer um debate sobre diversidade no interior

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 9/8/2022 - 6h30

A região Centro Oeste do Brasil está em alta na dramaturgia nacional. Além da novela das nove da Globo, Pantanal, o Globoplay, plataforma de streaming da emissora, estreou Rensga Hits!. A série protagonizada por Alice Wegmann, porém, deixa a trama de Juma Marruá (Alanis Guillen) com o berrante desafinado quando o assunto é diversidade e encantamento. 

Com mulheres poderosas, romance gay e homem brocha, Rensga Hits! é um verdadeiro furacão perto de Pantanal. Para ajudar, ainda tem o universo musical como pano de fundo, o que traz um charme mais especial à história. A trilha sonora, aliás, mistura clássicos do sertanejo com sucessos atuais, além do chiclete Desatola, Bandida, canção a partir da qual toda a trama da série se desenrola.

Raíssa Medeiros (Alice Wegmann) é uma jovem do interior que descobre a traição do noivo e, no altar, decide jogar tudo pro alto e partir para Goiânia em busca do seu sonho de viver de música. Dona de si, Raíssa passa por um perrengue atrás do outro, o que só serve de inspiração para que ela componha a música de sua vida.

Acontece que a canção acaba roubada, e quem ganha os holofotes é Gláucia Figueira (Lorena Comparato). A rivalidade das duas só se acentua mais à medida que a história vai se desdobrando. Como desgraça pouca é bobagem, Raíssa reencontra o pai que acreditava estar morto e, de quebra, descobre que Gláucia é na verdade sua irmã, um entrecho folhetinesco que, numa novela, demoraria capítulos e mais capítulos para acontecer. 

"Se eu não transformo a minha dor em música, eu nem sei mais o que fazer com ela", dispara Raíssa a certa altura. A sofrência, como não poderia deixar de ser, é a tônica de Rensga Hits!, mas se as rivalidades latentes rendem drama, elas também asseguram humor. 

E a graça fica a cargo da disputa de talentos e de egos entre Helena Maravilha (Fabiana Karla) e Marlene (Deborah Secco) --Secco, aliás, pode ser vista num registro bem pouco usual de sua carreira. Sem maneirismos nem afetações, a atriz está contida em cena.

A série abre espaço também para tramas coadjuvantes e relevantes, como a da cantora que descobre que sua dupla masculina ganha mais que ela, escancarando diferenças de gênero, ou o cantor gay que esconde sua homossexualidade com medo do cancelamento.

Há ainda as amarras contratuais que atrapalham o amor de Raíssa e Enzzo Gabriel (Maurício Destri), uma jovem promessa do sertanejo que é obrigada a assumir um romance de fachada para conquistar o público. 

Rensga Hits! mostra um Brasil interiorano muito mais real do que aquilo que o público acompanha em Pantanal: na diversidade do elenco, no figurino e na caracterização dos personagens e, principalmente, na ambientação. A escolha de Goiânia para ser palco da história não deixa de ser estratégica, já que a cidade é uma praça em que a Globo sofre para emplacar na audiência.

O sotaque forçado de alguns atores chamou a atenção e rendeu críticas de quem já assistiu, mas é só um detalhe e acaba ficando em segundo plano diante de um texto bem escrito, repleto de expressões locais. Por fim, Alice Wegmann se mostra a atriz ideal para o protagonismo. Solar e carismática, ela está radiante na pele da "nova Marília Mendonça (1995-2021)", como Raíssa é chamada. 

Se os próximos episódios mantiverem o ritmo e a qualidade do que foi liberado até então no Globoplay, não vai ser nada "custoso" acompanhar o que vem pela frente na série.


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