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30 ANOS DO FIM

Primeira versão de The Flash tem herói mais antigo do Arrowverse; entenda

DIVULGAÇÃO/CBS

Flash (John Wesley Shipp) com uniforme vermelho com detalhes amarelos e símbolo no meio, com um policial desfocado ao fundo

Flash (John Wesley Shipp) em cena de episódio; série teve apenas uma temporada produzida

LUÍS FELIPE SOARES

luis@noticiasdatv.com

Publicado em 19/5/2021 - 6h45

A primeira versão televisiva de The Flash (1990-1991) exibiu seu último episódio nos Estados Unidos há 30 anos, em maio de 1991. A produção teve a missão de apresentar o mais antigo herói do chamado Arrowverse, universo compartilhado pelas atuais atrações estreladas por heróis da DC Comics na TV, muito antes de o termo sequer ser pensado.

Três décadas depois, a série pode ser lembrada pelo público mais velho com saudosismo, mas os espectadores mais novos teriam certa aversão por causa dos efeitos visuais bem distantes dos usados na versão atual. 

Na trama, Barry Allen (John Wesley Shipp) trabalha como agente forense da polícia de Star City. Ele sofre um acidente com produtos químicos em seu laboratório após ser atingido por um raio. Quando desperta, percebe que adquiriu supervelocidade e decide usar seus poderes para enfrentar criminosos da cidade, além de vingar a morte do irmão policial.

Com a identidade de Flash, Allen conta com a ajuda de Tina McGee (Amanda Pays), cientista dos Laboratórios S.T.A.R., e do policial Julio Mendez (Alex Désert) em suas investigações.

A aventura teve apenas uma temporada, com 22 episódios produzidos. No Brasil, foi atração na Globo e no SBT. Um longa-metragem foi produzido, com a missão de ser o episódio piloto (feito para testar a recepção do público) da série, mas que também funcionava como filme individual, para quem não tivesse interesse no desenvolvimento da história.

Para celebrar os 30 anos do encerramento de The Flash, o Notícias da TV apresenta cinco curiosidades sobre a produção. Confira:

DIVULGAÇÃO/WARNER BROS.

Batman (Michael Keaton) em seu filme

Influência de Batman

A Warner Bros. tinha acabado de ter nos cinemas um dos grandes sucessos da época. Batman (1989) mostrou mais uma vez que era possível fazer uma adaptação dos quadrinhos para as telas com qualidade e rentável, retomando o impacto cultural de Superman: O Filme (1978). Mas o estúdio queria algo mais imediato para se manter na atenção dos fãs.

Produtores começaram a correr atrás de personagens que pudessem ter força popular semelhante à do Homem-Morcego para outros trabalhos envolvendo HQs. Entre os próximos passos, houve a criação de uma série de TV que reunisse alguns heróis da DC Comics, como Flash e Arqueiro Verde, mas o projeto foi deixado de lado.

Parte dos executivos insistiu para que o famoso velocista vermelho tivesse uma atração solo. Os roteiristas Danny Bilson e Paul De Meo desenvolveram a trama, com o estilo sério e soturno apresentado pelo diretor Tim Burton em sua versão de Batman servindo como referência a ser seguida. O conceito agradou aos "chefões", que aprovaram o desenvolvimento da série.

Até mesmo a parte sonora deveria seguir o sucesso de Batman no cinema. Para isso, o compositor Danny Elfman, que havia trabalhado no longa-metragem, foi chamado para compor a música-tema da aventura.

Investimento alto

O trabalho de adaptação de uma história com força visual, como é o caso das HQs, faz com que detalhes pouco convencionais sejam necessários. Cenários, figurinos, sets e efeitos visuais estão no pacote, e muito dinheiro precisa ser gasto para que a ideia ganhe forma na tela.

A apresentação de The Flash para os espectadores foi pensada como um longa-metragem. Esse episódio piloto tem cerca de uma hora e 30 minutos de duração e mais de 100 efeitos especiais. Estima-se que seu orçamento foi de US$ 6 milhões (R$ 31,63 milhões na cotação atual). Todo o investimento também ajudou os altos executivos da CBS a aprovarem o resultado, fazendo a encomenda da produção de uma temporada inteira.

O desenvolvimento do uniforme do herói tinha impacto considerável nos gastos. Atualmente, as imagens do personagem podem parecer fantasias comuns e até ultrapassadas, mas houve muito trabalho envolvido.

Na época, foram necessários pedaços de espuma de látex de todos os músculos do ator John Wesley Shipp, cada uma com entre cinco e 10 centímetros de espessura. O material era colado em um traje de spandex (tecido encorpado com alta elasticidade), com pintura específica e adesão de alguns detalhes.

Todo o trabalho custou caro. Foram produzidas oito roupas completas, com custo estimado de US$ 100 mil (cerca de R$ 527 mil) por peça. Alguns outros exemplares tiveram de ser feitos ao longo das gravações.

Entre diversos gastos, os episódios custaram pouco mais de US$ 1 milhão (R$ 5,27 milhões) cada um, valor muito elevado para a época. O retorno financeiro não acompanhou os investimentos, e a série foi cancelada.

DIVULGAÇÃO/CBS

John Wesley Shipp como Barry Allen

Série policial x quadrinhos

A história de The Flash pouco acompanhou acontecimentos vividos pelo protagonista nas histórias em quadrinhos. Entre referências a fatos e personagens, a série tinha o conceito de ser uma aventura policial, com o herói em meio a investigações para resolver diferentes casos a cada episódio

A maneira como Barry Allen conseguiu seus poderes e o trabalho de perito forense na polícia de Central City foram tirados das HQs. De resto, novas ideias foram pensadas, todas voltadas para o fato de que Allen utilizasse a supervelocidade para lidar com bandidos e crimes de rua (casos de assaltos e venda de drogas), não necessariamente com vilões típicos dos quadrinhos.

O conceito principal misturava o estilo noir dos anos 1940 e 1950 com certa tecnologia existente no fim da década de 1980. O ator John Wesley Shipp, intérprete do protagonista, já afirmou em algumas entrevistas que não tinha ideia de quem era o Flash. Segundo ele, as investigações e os roteiros fizeram com que achasse que o trabalho poderia ser bom e divertido.

O sucesso da atração na TV fez com que os fãs começassem a questionar a falta de antagonistas considerados clássicos. A produção percebeu que seria necessário ajustar um pouco a trama para que algumas figuras vilanescas chamativas aparecessem na temporada, casos de Capitão Frio, Mestre dos Espelhos e Trapaceiro.

DIVULGAÇÃO/CBS

Mark Hamill como o Trapaceiro

Mark Hamill no elenco

As mudanças realizadas na história para que vilões saídos das HQs encontrassem espaço na trama movimentaram os bastidores. Na escolha de nomes considerados interessantes para complicar a vida de Barry Allen e de Central City, o do Trapaceiro apareceu na lista dos roteiristas.

O personagem James Jesse era um terrorista esquizofrênico que se divertia com seus ataques --as comparações com o Coringa, arquirrival do Batman, existem até hoje. Com roupas chamativas e boa dose de humor mórbido, ele deixa o caos por onde passa.

Mark Hamill, o Luke Skywalker da saga Star Wars, é fã de quadrinhos, inclusive da trajetória de Flash na DC Comics. Quando viu os primeiros episódios da série, entrou em contato com a diretora de elenco April Webster para saber se havia a ideia de o Trapaceiro aparecer. O ator pediu para ser chamado para o papel, porque, segundo ele, compreendia a loucura do vilão.

O carisma de Hamill e o colorido figurino deram um ar mais divertido para a história, com o antagonista aparecendo algumas vezes ao longo da temporada. Os episódios em que o Trapaceiro aparecem têm roteiro parcialmente escritor por Howard Chaykin, veterano autor de HQs. O sucesso do personagem junto ao público fez com que outros vilões fossem adaptados para rechear a trama, mas ele é o mais lembrado até hoje.

Conexão com o Arrowverse

The Flash pouco acrescentou ao legado do herói na cultura pop em geral. Mas a construção de um universo expandido em torno do Velocista Escarlate e de outros heróis da DC Comics na TV em tempos modernos fez com que a atração antiga voltasse aos holofotes.

A atual versão de The Flash ajudou a montar o chamado Arrowverse, mundo compartilhado com as séries Arrow (2012-2020), Supergirl,Legends Of Tomorrow, Black Lightning, Batwoman, Superman & Lois e Stargirl.

Entre viagens no tempo e estudos de realidades paralelas, os personagens descobriram a existência de outras Terras, com características específicas e diferentes versões dos heróis, sejam mais velhos, com outros objetivos ou papéis trocados.

John Wesley Shipp apareceu na trama como Henry Allen, pai de Barry Allen (Grant Gustin). Depois, o ator fez uma participação especial como Jay Garrick, considerado o Flash da Terra 3.

Em 2018, ele voltou a assumir o seu velho papel noventista no especial Elseworlds. O crossover apresentou o antigo herói como o Flash da chamada Terra 90. Em sua época, ele viu uma figura misteriosa utilizando os poderes de um livro mágico para destruir o mundo. Na realidade moderna, o vilão entrega o artefato para John Deegan, psiquiatra do Asilo Arkham, que o usa para reescrever o mundo de acordo com sua vontade.

O antigo Flash consegue correr rápido o bastante para criar um portal que o faz aparecer na Terra 1. Ele avisa os outros heróis sobre a presença do vilão Monitor e sobre as mudanças ocorridas pelo multiverso a partir dos poderes do Livro do Destino. O túnel do tempo criado a partir das ações espalhadas por ele cria as colisões de realidades.

Toda a movimentação foi responsável pelo mais recente crossover do Arrowverse: o especial Crise nas Infinitas Terras, exibido entre 2019 e 2020.


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