Record espicha Gênesis para boicotar estreia da Globo e evitar desastre

A Record vai usar a reta final de Gênesis como "bala de prata" para evitar a fuga do público no horário nobre com as reprises de Os Dez Mandamentos (2015) e A Terra Prometida (2016). A novela bíblica voltará a ser espichada para chegar até a segunda semana de novembro e, assim, bater de frente com a estreia de Um Lugar ao Sol na Globo.

A emissora trabalha com uma política de contenção de danos depois de ser obrigada a adiar o lançamento de Reis. A previsão era começar a gravar a produção em setembro, mas, por conta de uma série de erros de planejamento, a equipe atualmente corre para terminar de escalar o elenco e concluir os primeiros testes de caracterização.

A rede de Edir Macedo aperta o passo para colocar a história no ar já no primeiro trimestre de 2022 e, assim, minimizar o impacto negativo das "edições especiais". A queda na audiência já é dada como certa nos bastidores, e a expectativa é de que os números dificilmente alcancem a casa dos dois dígitos como Gênesis tem feito.

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Para correr atrás do prejuízo, a Record vai sacrificar o folhetim de Camillo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro. Ao todo, os dez roteiros originais restantes vão ser transformados em pelo menos 15 episódios para segurar os telespectadores.

Um episódio especial, nos moldes do que antecedeu a estreia de A Fazenda 2021 no início de setembro, está sendo preparado para o próximo dia 8. Ele será mais longo e com menos intervalos comerciais, para evitar que as pessoas troquem de canal para dar uma olhada no primeiro capítulo de Um Lugar ao Sol.

agnews

Cauã Reymond em Um Lugar ao Sol

Água no chope

A estratégia é boicotar o folhetim de Lícia Manzo, o primeiro inédito desde o fim da segunda fase de Amor de Mãe (2019-2021) em abril, para impedir um desastre. A cúpula da Record considera que seria uma espécie de "suicídio" dar início à terceira reprise de Os Dez Mandamentos justo no dia em que a Globo finalmente vai se livrar do fiasco da "edição especial" de Império.

Em teoria, a saga de Moisés (Guilherme Winter) teria mais chances de emplacar se o espectador abrisse mão dos episódios iniciais de Um Lugar ao Sol. O público perderia informações cruciais e, eventualmente, poderia abrir mão da história original em favor da reapresentação bíblica.

Alguns executivos ainda são favoráveis a levar Gênesis até a terceira semana de novembro e, se possível, exibir o último capítulo só no dia 22. O objetivo é impedir que a estreia de Quanto Mais Vida, Melhor alavanque a audiência do restante da programação noturna da Globo.

FÁBIO ROCHA/TV GLOBO

Mateus Solano em Quanto Mais Vida, Melhor

Milagre da multiplicação

O mais provável, porém, é que Gênesis seja exibida até o próximo dia 12. A Record já atingiu o objetivo de ultrapassar os 200 capítulos e, internamente, é uma questão de honra bater o recorde de audiência em sua última semana --até então, a maior média diária foi de 17,4 em 27 de janeiro, com Noé (Oscar Magrini) e o dilúvio.

Os editores também já não têm muitas cartas na manga para multiplicar os capítulos, já que resta apenas um número musical --o de José (Juliano Laham). A equipe também quer evitar reclamações como no final da fase Jacó, em que houve uma enxurrada de críticas nas redes sociais.

O ritmo mais lento e o menor tempo de exibição diário não agradaram ao público, que já estava irritado com a maneira como Raquel (Giselle Tigre) foi retratada. Na época, um único capítulo chegou a ser retalhado em quatro.

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