Por que os sonhos de José em Gênesis têm tudo para virar pesadelo para a Record?

Os sonhos de José (Juliano Laham) deveriam dar a tônica da sétima e última fase de Gênesis, mas a Record parece disposta a transformá-los em um pesadelo. A emissora desperdiça uma das passagens bíblicas mais conhecidas, até por quem fugiu da catequese, com um texto fraco, inconsistente e efeitos visuais bem "meia-boca" em comparação às etapas iniciais do folhetim.

A primeira sequência foi ao ar na quarta (1º) e, apesar de apresentar uma evolução em relação ao mesmo trecho da minissérie José do Egito (2013), surpreendeu pela austeridade. Embasbacado, o xodó de Israel (Petrônio Gontijo) viu o seu feixe de trigo flutuar no ar enquanto os de seus irmãos se curvaram --num aviso divino de que a família ainda irá respeitá-lo.

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A cena era a chance de a rede de Edir Macedo voltar a atingir a audiência das primeiras semanas, em que a computação foi fundamental para prender o público em frente à televisão. Apesar do tropeço com o fruto proibido azul de Eva (Juliana Boller), a produção tinha acertado em cheio com a pós-produção, por exemplo, na destruição da Torre de Babel.

José, aparentemente, não contou com o mesmo orçamento que assegurou o recorde de Gênesis durante a tentativa de Zeno (Leonardo Medeiros) em invadir a arca de Noé (Oscar Magrini). As cifras foram igualmente mais baixas no número de TVs ligadas, com 17,4 pontos para a segunda fase contra 11,5 da sétima.

O segmento nem de longe foi uma bomba como os efeitos da trilogia Os Mutantes (2007-2009), mas um tanto decepcionante por se tratar justamente de um sonho. O ponto alto, aliás, ficou para a edição e a trilha sonora que conferiram emoção e esconderam os pequenos defeitos --graças a Deus, sem nenhum texto para atrapalhar.

O sonho de José em Gênesis

Dor de cabeça

Afinal, a Record entregou o que era considerado internamente como uma espécie de "filé mignon" do Velho Testamento para um dos nomes mais jovens do time de titulares --Raphaela Castro. Ela foi escolhida a dedo por Cristiane Cardoso, diretora de dramaturgia e filha de Edir Macedo, para encerrar Gênesis e ainda preparar a sucessora Reis.

A inexperiência já havia pesado para Stephanie Ribeiro, que também assina pela primeira vez como titular e ficou responsável pela fase Jacó. O público não perdoou as mudanças que a profissional fez no texto bíblico, principalmente por pintar Raquel (Thaís Melchior/Giselle Tigre) como vilã, e chegou a apelidá-la de "fanfiqueira" nas redes sociais.

José já chega a irritar parte dos telespectadores na web, que consideram seu comportamento um tanto infantil e fora do tom para um dos principais heróis da Bíblia. Até agora, o carisma de Laham, que já tinha parte da simpatia dos internautas por seus trabalhos na Globo, tem segurado as derrapadas --até quando, não se sabe.

A aposta dobrada em novatos pode render algumas dores de cabeça para a Record, especialmente em um momento crítico em que até o SBT retoma a produção de novelas inéditas. Um risco mal calculado para um dos principais produtos da casa e para uma trama que já havia sido testada e dado bons números nas mãos de Vivian de Oliveira. 

Até a Globo, com bem mais estrutura e planejamento, penou ao lançar Manuela Dias como autora de novela justo no principal horário de novelas com Amor de Mãe (2019). Uma aventura que não era feita há 35 anos, desde que Aguinaldo Silva escreveu Partido Alto (1984) ao lado de Gloria Perez, e que não deixa nenhuma saudade nos bastidores.

Gênesis é uma adaptação livre do primeiro livro da Bíblia. O folhetim é dividido em sete fases, e, atualmente, a Record exibe a sétima: José do Egito. Além dos spoilers, o Notícias da TV publica o resumo da novela bíblica.

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