'Prostituição e choque de realidade tornam Filó um ego evoluído', diz Dira Paes

Leticia Salles sai de cena para o público ver sua personagem, Filó, madura após a passagem de 20 anos em Pantanal. Dira Paes assume o papel da mulher apaixonada e devotada por José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira). A nova intérprete da roceira a defende por não encarar o amor como um conto de fadas. "Prostituição e choque de realidade tornaram Filó um ego evoluído", diz a atriz, que entra em cena nesta terça (12) na novela das nove da Globo.

Dira conta que precisou entender como a passagem de tempo afeta a personagem construída por Leticia em uma fase diferente, no passado, envolvida em um universo extremamente machista. Ela diz que chegou à conclusão de que Filó é uma mulher autossuficiente. Sua fragilidade está na relação com o filho, não no amor com José Leôncio.

O que vamos ver então desse casal após ela ter sido preterida durante toda a primeira fase e agora virar a mulher do fazendeiro? A atriz adianta que os dois terão uma relação amadurecida com a intimidade que a convivência traz. "Eles têm uma relação meio moderna, porque já têm quartos separados. Ela tem liberdade total com ele. Eu acho que ele tem uma comunicação, que é de olhar e tem uma interdependência também", comenta a artista.

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A intérprete afirma que depender de alguma forma da outra pessoa para se sentir completa, é uma interdependência bem de casal. Entretanto, Dira ainda vê essa mulher como uma metáfora criada por Benedito Ruy Barbosa. "Ela é um filó mesmo. É um filó que, sem você perceber, está ali te protegendo das coisas. Ela é essa redinha que você não percebe, ela não quer reconhecimento", explica a atriz, que complementa:

A Filó tem um ego muito evoluído como se fosse uma mulher analisada, psicanaliticamente falando, ela tem uma autoanálise muito madura. Então, ela faz parte desse lugar da mulher. Da mulher que tem uma consciência. Ela não precisa do reconhecimento alheio para se sentir forte, para se sentir segura e para se sentir dona de si mesma. 

Leticia Salles na primeira fase como Filó

A beleza de Leticia chamou bastante a atenção nas duas primeiras semanas de exibição da trama adaptada por Bruno Luperi, mas, desde as cenas iniciais a personagem, ela também se mostrou maternal e carismática. Não se viu no folhetim ela sendo vítima de preconceito por ter sido uma mulher que se prostituía antes de engravidar do filho de Joventino (Irandhir Santos).

A Filó é uma personagem que traz à história uma das possibilidades que existem por trás de uma mulher que se entrega à vida na prostituição por não ter chances: mantém-se maternal e com esperança. 

"Ela é resgatada por um encantamento. Um encantamento de um jovem por uma mulher da currutela. E eu já vi isso acontecer, muitos homens se apaixonarem por mulheres da currutela. Mas, na novela, acaba que vem outra paixão para o Zé Leôncio, e isso atravessa o conto de fadas da Filó e a faz ter os dois pés no chão. A Filó é muito realista", observa Dira.

Ver Madeleine (Bruna Linzmeyer/Karine Teles) virar a mulher do fazendeiro e ter de conviver com a rival como sua patroa, servindo-a, foi o grande choque de realidade da Filó, segundo Dira.

"Agora, como todos os personagens do Benedito, ela tem um revés, ela tem esse passado, ela tem esse filho... Eu ainda estou descobrindo, estou me permitindo essa descoberta do por que a Filó faz disso [a paternidade de Tadeu] um mistério tão grande", finaliza a artista. Na trama, ela conta para José Leôncio que ele é o pai do menino, mas essa história continuará sendo mantida em sigilo para os outros personagens.

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