CEREJA DO BOLO
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Juliana Paes em cena de A Dona do Pedaço como a Maria da Paz: audiência elevada e reconhecimento popular
DANIEL FARAD, do Rio de Janeiro
Publicado em 31/12/2019 - 5h27
Mesmo com as mãos atadas por uma mocinha tapada e chorona, Juliana Paes conseguiu reverter um possível fracasso em um dos maiores sucessos de sua carreira. A intérprete da Maria da Paz em A Dona do Pedaço superou um início conturbado na trama e chegou como uma das queridinhas do público ao final de 2019. De quebra, ela ainda desencantou na "festa da firma" da Globo e levou o seu primeiro troféu no Melhores do Ano.
A atriz voltou ao horário nobre depois da marcante Bibi Perigosa de A Força do Querer (2017) e, dessa vez, não teve vida fácil no folhetim de Walcyr Carrasco. A sua atuação, bem como os rumos de sua personagem, foram alvos de desconfiança até o último capítulo. As críticas, no entanto, se concentraram mesmo na passagem da primeira para a segunda fase do folhetim.
A artista, de fato, demorou a encontrar o tom da confeiteira. Extravangante, Maria da Paz torrou a paciência do público com seus gestos exagerados e ainda causou polêmica com o vai e vem de seu sotaque.
A falta de sutileza da produção, que pintou a doceira como uma verdadeira toupeira, foi uma das principais pedras no sapato de Juliana. Incapaz de enxergar as maldades de Josiane (Agatha Moreira), a cozinheira tinha tudo para entregar a novela de bandeja para a vilã.
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Juliana Paes e Rosane Gofman na trama de Walcyr Carrasco: críticas ao exagero da doceira
Depois do tropeço inicial, a quituteira virou um fenômeno. "Eu tinha essa missão de fazer uma mocinha que fosse querida. É difícil hoje em dia, nesse momento em que o Brasil adora amar os vilões. Sinto que foi um desafio cumprido fazer a Maria da Paz ser amada e abraçada pelos telespectadores", pondera Juliana.
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A confeiteira prestes a descobrir o caso da filha com o padrasto no folhetim: hora da virada
O trunfo da intérprete para a virada foi saber se aproveitar das reviravoltas da trama, que levaram o público a um processo catártico. O turbilhão de sentimentos foi da comiseração, quando Maria da Paz foi jogada na rua da amargura pela própria filha, até o êxtase na volta por cima ao vencer o fictício reality Best Cake.
Nos momentos em que o texto de Walcyr se mostrou insuficiente, a atriz segurou as pontas na base do fascínio que exerceu sobre quem acompanhou a trama.
Ela então voltou a ser chamada pelo nome de uma personagem nas ruas depois de muitos anos. "Foi o meu papel que mais se comunicou com o grande público. Ela tocou de maneira geral, não importando idade, classe social, sexo, raça", realça.
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A cozinheira acerta as contas com Josiane (Agatha Moreira) na novela: processo de catarse
A resposta da audiência levou para baixo dos tapete os momentos difíceis no começo da trama. Em vez de um tropeço na carreira, a novela acabou servindo como uma espécie de consagração para a artista, que se sentiu validada pelo carinho das pessoas.
"Eu fico muito feliz com todo o reconhecimento que tenho nesta altura da minha vida, porque já tive grandes oportunidades. Cavei cada uma delas com muita renúncia. As pessoas pensam que é só glamour, mas não é. É deixar filho pequeno em casa, é culpa", confidencia a fluminense, aos 40 anos.
No fim das contas, Maria da Paz acabou se tornando um fantasma para sua sucessora no horário das nove. Mesmo elogiada por trazer um frescor para a faixa, a trama de Manuela Dias tem encontrado dificuldades para empolgar na audiência. Principalmente com aqueles que se animaram com o estilo mais direto e popular de Walcyr Carrasco.
"Ele tem essa habilidade de ir direto no coração do grande público. Acho que deixar saudade faz parte, é bom. Eu ainda ando nas ruas e as pessoas me perguntam dos bolos. A gente sente aí que a novela pegou, cativou mesmo. Isso é um prêmio também", pondera a mulher de Carlos Eduardo Baptista.
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A boleira lavou a alma do público ao recuperar sua fábrica nos últimos capítulos da produção
Em 2019, Juliana ainda desencantou ao conquistar o prêmio de Melhor Atriz de Novela no Melhores do Ano. A atriz já havia batido na trave duas vezes. Há dois anos, chegou a desabafar nas redes sociais que ficou com um "buraco no peito" por não ter levado a estatueta pelo seu trabalho como a Bibi no folhetim de Gloria Perez.
Ela não escondeu que estava de alma lavada nos bastidores da premiação. "Maria da Paz me tomou muita energia, eu tinha muito texto e passei mais horas entregue à novela do que em casa. Muitas vezes, são as pessoas por trás da câmeras que te dão força para continuar", afirma a intérprete.
A atriz considera que o condecoração é também pelos seus trabalhos anteriores, especialmente os que a levaram até a premiação como a Maya de Caminho das Índias (2008). "Eu me sinto prestigiada. Tudo vem se acumulando ao longo do tempo. Eu acho que é uma mistura de tudo. Estou muito grata", pontua.
fábio rocha/tv globo
A artista como Bibi Perigosa em A Força do Querer (2017): decepção com prêmio que não veio
Por construir sua carreira toda dentro da emissora, ela coloca um peso extra no troféu, criticado por se restringir ao elenco da Globo. Ela lembrou que começou com papéis pequenos, como a empregada Ritinha de Laços de Família (2000), antes de conseguir chances maiores como a Jaqueline de Celebridade (2003).
"Nessa profissão a gente tem que ser muito perseverante, lidar com a frustração. Eu já escutei muito 'nossa, a Juliana vai ser atriz?'. Isso machuca a gente, mas ao mesmo tempo nos empurra para vencer, melhorar", arremata a mãe de Pedro e Antônio, de 9 e 6 anos.
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