TRAMA FRACA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Marjorie Estiano viveu Maria Paula, a protagonista da novela Duas Caras, da Globo
Duas Caras (2007), novela de Aguinaldo Silva, estreou na íntegra no Globoplay na semana passada. A notícia pode até ter animado o autor e os atores que fizeram parte do elenco da trama, mas deveria ser lamentada pelos espectadores. O folhetim teve diversos problemas que justificam a baixa audiência registrada na exibição original.
Confira abaixo por que não vale a pena ver de novo Duas Caras:
RENATO ROCHA MIRANDA/tv GLOBo
Marjorie e Dalton Vigh em Duas Caras
Marjorie Estiano é hoje uma das atrizes mais celebradas da televisão, mas seu primeiro papel de protagonista de uma novela das nove --na época ainda das oito-- não deu muito certo. Maria Paula era uma clássica mocinha sem sal, que não conseguiu fazer com que o público se empolgasse com sua história de vingança.
Para piorar, o casal que ela formou com Dalton Vigh passou longe de ter química. Os dois passaram metade da novela como inimigos mortais. Então, quase que do nada, voltaram a se amar, como se o crápula não tivesse feito ela passar poucas e boas no passado. Foi estranho.
JoÃO MIGUEL JÚNIOR/tv GLOBO
Antonio Fagundes em Duas Caras
Antonio Fagundes não teve um de seus momentos mais felizes em Duas Caras. Juvenal Antena era um dos personagens mais importantes da história. Era também um dos mais irritantes, com um jeito bonachão e ao mesmo tempo ríspido, que o transformou em uma enorme caricatura.
Antena também se repetia muito em cena, e Fagundes demorou para se livrar dos trejeitos do personagem. Em Tempos Modernos (2010) e Insensato Coração (2011), por exemplo, ainda era possível perceber um pouco do tom de voz e da maneira de andar do líder comunitário de Duas Caras.
REPRODUÇÃO/TV GLOBo
Renata Sorrah e Susana Vieira em Duas Caras
Em Senhora do Destino (2004), espectadores pararam para ver os conflitos entre Nazaré (Renata Sorrah) e Maria do Carmo (Susana Vieira), que se odiavam e disputavam o amor de Isabel (Carolina Dieckmann), roubada pela primeira ainda bebê. O problema foi que as mesmas atrizes voltaram a interpretar rivais na novela seguinte do mesmo autor.
Dessa vez, Susana era Branca, uma dona de universidade rica que ficava furiosa ao descobrir que seu marido, João Pedro (Herson Capri), tinha uma amante, Célia Mara, interpretada por Renata.
Ver as duas se arranhando durante toda a trama ficou cansativo e deu a impressão de que o autor estava apenas tentando repetir o sucesso da novela anterior. Deveria ter deixado a rivalidade só por lá.
reprodução/tv globo
Wolf Maya em Duas Caras
Em A Indomada (1997), Aguinaldo Silva instigou o público com o mistério do Cadeirudo, uma figura que atacava durante a noite. Em Duas Caras, houve um espécie de "Cadeirudo 2.0", conhecido como o Sufocador de Piranhas.
Foi realmente uma imitação barata, que não despertou curiosidade e por muitas vezes caiu no mau gosto. A revelação de que o bandido era o personagem de Wolf Maya, diretor da novela, só tornou tudo ainda mais constrangedor.
REPRODUÇÃO/tv globo
Alinne Moraes e Dalton Vigh em Duas Caras
Mas o maior problema de Duas Caras foi o fato de que a novela simplesmente não tinha tramas envolventes o suficiente. A história central, da vingança de Maria Paula, minguou rapidamente e cedeu espaço às loucuras de Silvia (Alinne Moraes), vilã que conquistou a internet com memes anos depois. Só as bizarrices da megera no folhetim faziam ele ser minimamente interessante.
Além disso, nenhum dos núcleos paralelos empolgou. Nem o romance entre Evilásio (Lázaro Ramos) e Júlia (Débora Falabella), o drama de Margarida (Marília Gabriela) com seu filho, Ronildo (Rodrigo Hilbert), ou muito menos as trapalhadas de Barretinho (Dudu Azevedo). Aliás, é até difícil se lembrar de boa parte desses personagens, tão pequeno foi o impacto deles sobre os espectadores.
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