CRÍTICA
Reprodução/TV Globo
Até Giovanna Antonelli aparenta estar cansada da repetição das histórias de Luzia em Segundo Sol
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 9/11/2018 - 5h36
Segundo Sol chega ao fim marcada pelo desgaste. Esgarçada ao longo de seis meses, a novela deixou claro que não tinha fôlego para ficar tanto tempo no ar. Revelações fracas, situações repetitivas e viradas estapafúrdias tornaram uma história que tinha tudo para ser um estouro em uma bomba-relógio que por muito pouco não explode de vez.
Nem mesmo o segredo de Laureta (Adriana Esteves) e Karola (Deborah Secco) foi suficiente para segurar a atenção do público. A entrada de Dulce (Renata Sorrah) mostrou que faltou um melhor planejamento à história.
A principal revelação da novela coube a uma personagem secundária que entrou apenas na reta final. É pertinente o questionamento: se Dulce era tão importante assim, por que demorou tanto para entrar em cena?
João Emanuel Carneiro também apelou para situações constrangedoras, como o longo sequestro da família Athayde, um caso típico de encheção de linguiça. O recurso clichê da falsa morte também foi usado à exaustão. Primeiro com Beto Falcão (Emílio Dantas), depois com Remy (Vladmir Brichta).
Isso para não falar do segundo julgamento de Luzia (Giovanna Antonelli), prova de que Segundo Sol girou em círculos da segunda metade até o fim. A mesma situação, com a mesma personagem deixou a novela cansativa e tirou o brilho de Antonelli, que começou bem, mas não rendeu por conta da heroína fraca que tinha em mãos.
Já o núcleo de humor, capitaneado por Gorete (Thalita Carauta) e Clóvis (Luis Lobianco), foi uma das coisas mais sem graças vistas em novelas nos últimos anos. Simplesmente não divertia. Pelo contrário, irritava todas as vezes em que entrava no ar justamente por dar a impressão de que estavam ali para cumprir tabela e encher a história com cenas irrelevantes.
Houve, porém, tramas paralelas interessantes, apesar de requentadas de outras novelas do autor: Nice (Kelzy Ecard) e a relação abusiva que tinha com Agenor (Roberto Bonfim), e o triângulo amoroso entre Maura (Nanda Costa), Ionan (Armando Babaioff) e Selma (Carol Fanzu), que culminou em uma tentativa de "cura gay", uma recorrência nas histórias de Carneiro.
Aliás, o poliamor também se repetiu em Segundo Sol com o Naná (Arlete Salles), Nestor (Francisco Cuoco) e Dodô (José de Abreu). E mais uma vez no casarão ocupado, em um arco pouco inspirado (e logo abandonado) de Acácio (Danilo Ferreira), Renatinha (Gabriela Moreyra) e Ludi (Ella Nascimento).
Rosa (Letícia Colin), após um período completamente frio, foi, como no início da novela, a melhor parte da reta final, com sua redenção trabalhada de maneira crível. Letícia Colin sai gigante de Segundo Sol. Madura, segura e pronta para desafios maiores. Deborah Secco, apesar de um começo turbulento, também merece destaque a partir do momento em que Karola enlouquece.
Por fim, faltou a Segundo Sol o principal: uma história de peso. A novela teria sido excelente se tivesse durado três, quatro meses, no máximo. Tinha trunfos como um elenco entrosado, uma direção segura e ainda a música como pano de fundo para ajudar no seu desenvolvimento.
Porém, com a duração que teve, o folhetim termina sem recursos que prendessem de fato o público para além da inércia do hábito de assistir a um folhetim das nove.
Isso aponta para outro fator, mais urgente: a necessidade de se rever o tamanho das novelas como um todo. Até que ponto esticar a narrativa em prol da viabilidade comercial das tramas (afinal, elas precisam dar muito lucro) não compromete a qualidade das histórias que são contadas?
Segundo Sol é a prova de que, nesse caso, menos poderia ter sido muito mais.
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