A GLÓRIA ETERNA
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Deyverson, atacante do Palmeiras, na final da Libertadores 2021: briga por direitos já começou
A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e a empresa FC Diez Media começaram a negociar os direitos de transmissão da Libertadores entre 2023 e 2026. Reuniões preliminares foram feitas, e os planos do futuro, apresentados. Globo, Record, SBT, Disney, WarnerMedia, Amazon, Claro e Sky são algumas das empresas que vão entrar na concorrência.
Oficialmente, segundo apurou o Notícias da TV, o prazo para ofertas para propostas financeiras só será aberto no próximo mês. Mas a maneira como os pacotes serão vendidos já foi totalmente definida. É possível adiantar que não haverá mudanças para a TV aberta em relação ao que já acontece no ciclo que se encerra ao fim deste ano.
Ao mesmo tempo em que venderá a Libertadores, sua galinha dos ovos de ouro, a Conmebol também comercializa seu segundo torneio mais importante, a Copa Sul-Americana, além da Recopa Sul-Americana, encontro dos campeões dos outros dois eventos. O objetivo é recolocá-los nas grandes emissoras do Brasil. Desde 2020, quando a Sul-Americana saiu da RedeTV!, isso não acontece.
Cada uma das empresas interessadas tem objetivos próprios com a aquisição da Libertadores a partir do ano que vem. Confira:
A Globo rescindiu o contrato da Libertadores em 2020 durante o auge da pandemia de Covid-19. Isso causou uma celeuma com a Conmebol, que só foi resolvida em outubro de 2021, com um acordo extrajudicial que será pago em parcelas. A relação entre as duas ainda é meio esquisita.
A emissora foi vetada de credenciar repórteres para a final da Libertadores, mas comprou a Copa América de Futsal para o SporTV. Muita gente dá como certo o retorno, mas o buraco é mais embaixo. A Globo não nega o interesse, mas fala em "proposta financeira com valor justo". A Conmebol, porém, não vai aceitar uma quantia muito baixa. Quem vencerá essa queda de braço?
O SBT caiu de paraquedas na história. Depois de uma bem-sucedida transmissão da final do Campeonato Carioca em 2020, a TV de Silvio Santos assumiu o contrato da Globo. Numa fase ruim de audiência em sua programação, a emissora viu o futebol como uma espécie de tábua de salvação.
As finais de 2020 e 2021 da Libertadores, e da Copa América 2021, que foi adquirida também, obtiveram os melhores números de audiência em 18 anos. Se não tem muito dinheiro em relação ao que seus concorrentes podem oferecer, o SBT aposta na excelente relação com a Conmebol.
Ao ver o sucesso que o SBT conseguiu com o futebol, a Record reviu sua estratégia: esporte dá dinheiro e audiência. Se no primeiro semestre de 2020 havia rescindido o contrato pelos Jogos Pan-Americanos, em 2021 comprou os direitos dos campeonatos Carioca e Paulista, os Estaduais mais importantes do país.
Como tem um aporte forte da Igreja Universal, dinheiro não falta para a emissora da Barra Funda. Mas o grande desafio é a falta de proximidade com a Conmebol, com quem nunca teve relação comercial --e que já criticou em reportagens no ano passado, durante a realização da Copa América.
Quando se fundiu com o Fox Sports em maio de 2020, a Disney tinha como principal interesse os jogos da Libertadores. Nos meses seguintes, isso se comprovou. Com o Flamengo como atração, o conglomerado de mídia do Mickey Mouse obteve as maiores audiências de 2021 na TV por assinatura.
Neste ano, a ESPN começa a mostrar oficialmente o torneio, algo que não era permitido antes por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Além de grana, a exposição muito forte na programação em jornais e programas é considerado um trunfo.
Com a meta de investir muito no mercado brasileiro nos últimos anos, a WarnerMedia já deu mostras de seu poder. Renovou com a Uefa o contrato da Champions League até 2024, comprou o pacote de streaming do Campeonato Paulista com 28 jogos exclusivos e fez jogo duro nas negociações da Premier League contra a Disney.
Nos bastidores, seu trabalho de relação com a Conmebol já começou. Fábio Medeiros, vice-presidente de Esportes da empresa na América Latina, esteve na final da Libertadores em novembro para conversar com diretores. A igualdade de condições em relação ao que a Disney tem atualmente pode colocar uma pulga atrás da orelha: dinheiro, canal linear forte e um streaming com eventos esportivos relevantes.
Em 2020, as operadoras Claro e Sky, as duas maiores de TV paga do país, com mais de 80% dos clientes do mercado, pegaram parte do contrato de TV paga da Libertadores que era do SporTV e ainda a Copa Sul-Americana, que tinha sido deixada de lado pelo streaming DAZN. Numa associação com o Grupo Bandeirantes e a Conmebol, lançou a Conmebol TV.
O pay-per-view que custa R$ 39,90 por mês deu muito dinheiro, mas também recebeu críticas de parte do público. As partes querem continuar com a iniciativa e vão entrar na jogada para manter o projeto.
Neste ano, a big tech Amazon começou a entrar no mercado de mídia esportiva. Comprou da Globo os direitos de partidas da Copa do Brasil. A empresa, que já tem eventos em outros países, sinalizou que ter futebol ao vivo é uma prioridade para os próximos anos.
O Prime Video pode ser a segunda big tech a comprar os direitos. O Facebook adquiriu no ciclo 2019/2022. A rede social não vai entrar na negociação por uma nova estratégia de encarar o esporte. Mas, se Mark Zuckerberg não quer mais, Jeff Bezos deixou claro o desejo.
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