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PEGOS DE SURPRESA

Vale a pena encarar um reality show em plena pandemia de coronavírus?

REPRODUÇÃO/RECORD

Em videoconferência, Xuxa Meneghel no quadrado maior à esquerda e os jurados Paulo Miklos, Aline Wirley e João Marcelo Boscolli em quadrados menores no The Four

Xuxa Meneghel e os jurados Paulo Miklos, Aline Wirley e João Marcelo Boscolli na final do The Four

DANIEL FARAD

Publicado em 30/5/2020 - 6h12

A programação dos canais de televisão virou de cabeça para baixo com a pandemia de coronavírus (Covid-19). Enquanto as novelas inéditas deram lugar às reprises, com finais de temporada escrito às pressas, os reality shows em exibição também precisaram se adequar para definir seus campeões mesmo com todas as limitações impostas pelo isolamento social.

A segunda temporada do The Four já enfrentava dificuldades para encontrar espaço na grade da Record quando o país começou a registrar os primeiros casos, ainda no fim de fevereiro. A competição foi transferida das noites de domingo de volta para a quarta-feira depois de não corresponder à aposta --a atração de Xuxa Meneghel patinou na audiência.

Com o surto no Brasil, o programa ainda não conseguiu gravar o seu episódio final nos estúdios em São Bernardo do Campo, região metroolitana de São Paulo. A solução foi exibir o desfecho com apresentadora, jurados e candidatos participando diretamente de suas casas, sem contar com recursos técnicos de iluminação e som.

A cantora Alma Thomas, vencedora da edição, revela que uma das principais diferenças foi a interação com o público. "A gente fazia parte de uma estrutura fantástica, com a plateia cheia e empolgada. Cada vez que nos apresentamos no palco, era como um pequeno show e a resposta das pessoas era magnifíca."

Em casa, ela precisou se adaptar às mudanças. "A câmera ficava mais focada no rosto, no cantinho da minha boca, no olhar. Eu foquei na minha expressão como se fosse um ator, mas o fato de estar com meus filhos e meu marido me fez relaxar. Achei muito especial e muito íntimo estar com eles quando anunciaram a minha vitória. Foi uma enxurrada de amor", afirma.

BLAD MENEGHEL/RECORD

A cantora Alma Thomas se apresenta no palco da segunda temporada do The Four: campeã


Experiências positivas

Com menos recursos, o programa fechou com números mais baixos do que o esperado. A exposição na televisão, entretanto, foi fundamental para os artistas em um momento em que concertos e apresentações musicais estão suspensos temporariamente. "Eu sinto as minhas redes sociais mais engajadas, tenho aproveitado que estou em casa para responder as pessoas", avalia Alma.

Em sua rotina normal, ela realizava cerca de 20 shows por mês, mas agora consegue manter contato com o público por meio das lives. "Os músicos têm uma pressão enorme para se reinventar. Vejo isso como uma oportunidade. Já fiz umas oito desde que comecei e pude ver como as pessoas reagem na hora às minhas músicas, sobretudo as autorais", pondera.

Vice-campeão da temporada, Lucas Degaspari também vê como positiva a sua experiência com o fim do programa. "O público acaba concentrando a atenção nas redes sociais, que é onde estão acontecendo praticamente todas as apresentações artísticas", justifica ele.

O cantor faz lives da sala de casa e, assim, consegue manter a visibilidade que alcançou com o programa. "Tanto eu quanto minha mulher, que participa comigo  interagindo com as pessoas, fazemos questão de que os espectadores se sintam acolhidos, ainda mais nesse momento em que a proximidade fisica acaba sendo perigosa", arremata Degaspari.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Thelma Assis se tornou repórter fixa do É de Casa: exceção entre os participantes do BBB20


Tropeço no caminho

O Big Brother Brasil 20 seguiu o caminho inverso do The Four. O programa alcançou uma das melhores audiências dos últimos anos e, com as pessoas presas em frente à TV, registrou votações históricas em seus paredões. Se a Globo conseguiu encher o seu cofrinho, brothers e sisters já não tiveram a mesma sorte com falta de oportunidades na pandemia.

Sem chance de fazer um pé de meia com presenças em eventos, os participantes tentam faturar com publicidade na internet. Afoitos para aproveitar a exposição, Marcela Mc Gowan, Gizelly Bicalho, Gabi Martins e Guilherme Napolitano foram criticados pela parceira com um loja acusada de não entregar os produtos adquiridos a partir de suas indicações.

Os homens, aliás, enfrentam resistência das marcas pelo seu comportamento dentro do reality. A exceção é Babu Santana, o último dos homens a ser eliminado, que já recebeu até mesmo convite de autores para participar de produções da Globo.

Os membros do grupo Camarote, que não receberam cachê pela participação, também tentam manter a sua evidência na mídia com lives, caso de Manu Gavassi. Uma das primeiras eliminadas, Bianca Andrade conseguiu converter a sua rejeição em lucro com sua marca de cosméticos.

Além da blogueira, apenas a vencedora Thelma Assis conseguiu tirar maior proveito de sua estadia na casa. Além do prêmio milionário, a médica ainda se tornou repórter fixa do quadro Fique em Casa, exibido semanalmente no É de Casa.

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