SÉRIES E DOCUMENTÁRIOS
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Evan Peters no papel de Jeffrey Dahmer, Shimon Hayut e Humberto Carrão como Caco Barcellos
Se o confinamento da pandemia fez os reality shows bombarem, o ano de 2022 ficou marcado pela volta ao mundo cão, inclusive nas produções audiovisuais. Documentários e séries inspiradas em crimes reais tomaram conta do streaming, e o público revisitou casos sangrentos do passado, como o assassinato de Daniella Perez (1970-1992) e a violência policial entre os anos de 1970 e 1990, retratada na série Rota 66 - A Polícia que Mata.
Além de casos brasileiros, crimes como os mostrados em O Golpista do Tinder e Inventing Anna, ambos da Netflix, exploraram a obsessão por fazer parte da alta sociedade. Os trambiqueiros das duas séries alcançam seus objetivos à custa da boa-fé de suas vítimas.
Os crimes revisitados que mais chamaram a atenção em 2022 são também os mais chocantes. Em Dahmer: Um Canibal Americano, a Netflix colocou luz nos 17 assassinatos cometidos por Jeffrey Lionel Dahmer (1960-1994) entre 1978 e 1991. Apesar de jorrar sangue na tela, a série fez um sucesso estrondoso ao atingir 1 bilhão de horas vistas em 60 dias. A marca se iguala à da quarta temporada de Stranger Things e da primeira de Round 6.
Confira sete séries sobre casos reais que foram destaque em 2022:
O documentário de quase duas horas conta a história de um grupo de mulheres que se une a jornalistas para se vingar de Shimon Hayut, vigarista israelense que se aproveitou do aplicativo de namoro para dar golpe e roubar dinheiro de suas vítimas usando uma identidade falsa.
A produção lançada em fevereiro virou hit e se tornou a primeira atração do gênero a ficar em primeiro lugar entre os mais vistos apenas seis dias após entrar na plataforma. A repercussão mundial foi tanta que o Tinder se pronunciou sobre o assunto e informou que já havia banido o perfil do golpista em 2019.
Assista ao trailer de O Golpista do Tinder:
Primeira minissérie da Netflix criada por Shonda Rhimes, Inventando Anna é protagonizada por Julia Garner (Ozark) na pele de Anna Delvey, vigarista que roubou milhões de magnatas de Nova York (EUA). Seus golpes mirabolantes surpreenderiam até Shimon Hayut.
Infiltrada na alta sociedade de Nova York, uma das mais importantes e conservadoras do mundo, Anna passou quatro anos fingindo ser uma herdeira alemã. Considerada um prodígio para a sua idade, a jovem enganou magnatas e investidores para criar uma espécie de galeria de arte, e um clube restrito, intitulada Fundação Anna Delvey.
Na época em que foi presa, Anna devia mais de US$ 200 mil (R$ 1 bilhão) a bancos, hotéis luxuosos e até mesmo uma companhia de jatos privados. Sua lábia incontestável a levava a todos os lugares, sempre acompanhada de amigos poderosos, ricos e influenciadores.
Assista ao trailer de Inventando Anna:
O assassinato da atriz Daniella Perez por seu colega de trabalho Guilherme de Pádua (1969-2022) ficou marcado pela cobertura exaustiva da imprensa e por ter elementos dignos de um um folhetim. Mas a trama foi devastadora para Gloria Perez, autora e mãe da vítima.
A série da HBO Max lançada em julho deste ano apresenta versão de Gloria da tragédia. Pacto Brutal volta aos anos de 1992 e 1993 para recontar todos os passos da tragédia, desde os últimos dias em que Daniella Perez viveu até detalhes sórdidos do assassinato e do julgamento de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, os assassinos condenados.
Na noite de 28 de dezembro de 1992, Daniella estava voltando para casa após as gravações da novela quando seu carro foi fechado pelo de Pádua, que estava acompanhado por sua mulher, Paula Thomaz. Após desmaiar com um soco do ator, Daniella foi levada pelos dois para um matagal na zona oeste do Rio de Janeiro, onde foi morta com 18 punhaladas no peito.
Pacto Brutal não poupa os telespectadores do horror: muitas fotos do cadáver de Daniella são exibidas, além de cenas de amigos e familiares dela chorando aos pés do corpo inerte no matagal.
Assista ao trailer de Pacto Brutal:
Com Evan Peters no papel de Jeffrey Dahmer, a série entrou no catálogo da Netflix em setembro. O ponto de partida é a prisão do serial killer em 1991. O espectador viaja no tempo até quando o criminoso ainda era um feto --a mãe dele teve vários problemas e tomava remédios durante a gestação.
As rejeições na infância, o desejo de fazer lobotomia nas vítimas, a carência afetiva, a homossexualidade e a culpa do pai impressionam tanto quanto os assassinatos. Ao todo, Dahmer matou 17 homens em rituais que contavam com estupro e canibalismo.
Confira o trailer de Dahmer: Um Canibal Americano:
A série baseada no livro homônimo de Caco Barcellos tem Humberto Carrão no papel no jornalista. A cada episódio a obra mostra como policiais matavam por prazer. Pessoas eram assassinadas e descartadas como se fossem objetos.
O livro retrata histórias reais chocantes de violência policial ocorrida entre os anos de 1970 e 1990. Em geral, os agentes de segurança pública deixavam os cadáveres sem documentos para que não fossem identificados. As dores dos entes queridos e a busca por justiça estão entre os traços fortes das histórias contadas.
Confira o trailer de Rota 66:
Valmir Salaro é o principal personagem do documentário. O repórter revive seu maior fantasma na profissão. Foi ele que deu o furo (jargão jornalístico para a informação dada em primeira mão) sobre a então investigação que se mostrou um erro.
O caso Escola Base é considerado um dos maiores erros da história da imprensa brasileira. Em março de 1994, o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, proprietários da escola, a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu marido, o motorista Maurício Monteiro de Alvarenga, foram injustamente acusados de abuso sexual contra alunos de quatro anos.
Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades logo em seguida. Quando o caso veio à tona, pessoas revoltadas chegaram a quebrar as dependências e a tentar linchar os acusados.
Assista ao trailer de Escola Base:
Lançado em novembro, o documentário conta a história de vida de Flordelis dos Santos de Souza, a pastora e cantora que foi eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro, mas se viu envolvida no assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. O crime ocorreu em junho de 2019, e desde o início a religiosa foi apontada como uma das principais suspeitas de ser a mandante.
Antes de tudo desmoronar, Flordelis era conhecida por suas obras de caridade, a maior delas dentro de sua própria família. A ex-deputada se gabava de ter adotado mais de 50 filhos, o que deu a ela a fama de heroína da favela do Jacarezinho, no subúrbio do Rio de Janeiro.
A pastora foi julgada em dezembro, depois do lançamento do documentário, que ganhou um episódio bônus para contar o desfecho do caso. Flordelis foi condenada a 50 anos de prisão.
Assista ao trailer de Flordelis:
O podcast jornalístico criado pelo repórter Chico Felitti virou uma febre em julho. A "casa abandonada" retratada nos episódios chegou a virar atração turística, causando aglomeração em frente ao imóvel que fica no bairro do Higienópolis, em São Paulo.
A reportagem coloca luz no caso de Margarida Bonetti, que foi acusada de ter mantido sua então empregada doméstica em condições análogas à escravidão. Ela e o marido, René Bonetti, moravam nos Estados Unidos e tinham uma empregada brasileira, que nunca recebeu salário no período em que trabalhou lá.
O FBI investigou o caso durante dois anos e constatou que a funcionária sofreu diversos maus-tratos de Margarida, como ter seu cabelo puxado pela dona da casa até sair sangue e ter vivido com um tumor do tamanho de uma bola de futebol durante anos, sem ter recebido qualquer assistência dos patrões.
René Bonetti foi julgado e condenado a seis anos de prisão nos Estados Unidos, os quais ele já cumpriu e hoje vive livre. Margarida não chegou a ser julgada: fugiu de volta para o Brasil em 1998 e desde então vivia reclusa na casa de Higienópolis. Pelos sistema judiciário brasileiro, o caso dela prescreveu.
Ouça o primeiro episódio de A Mulher da Casa Abandonada:
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