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MARGARIDA BONETTI

Datena trata mulher da casa abandonada como vítima: 'Senhorinha frágil'

REPRODUÇÃO/BAND

O apresentador José Luiz Datena no Brasil Urgente, com expressão séria

José Luiz Datena no Brasil Urgente; apresentador deu sua opinião sobre Margarida Bonetti

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 20/7/2022 - 17h23
Atualizado em 20/7/2022 - 17h37

O Brasil Urgente cobre, na tarde desta quarta (20), uma operação policial em num casarão de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, que ficou conhecido como a moradia da "mulher da casa abandonada". A mulher em questão é Margarida Bonetti, acusada pela Justiça dos Estados Unidos de ter mantido uma mulher em situação análoga à escravidão entre 1979 e 1998. No programa da Band, ela é tratada como vítima. "É uma senhorinha frágil, desconexa", opinou José Luiz Datena.

A polícia invadiu casa nesta tarde à força, arrombando uma janela, pois a moradora não queria deixar ninguém entrar. Ela nunca quis deixar nenhum vizinho acessar o local, durante décadas em que vive lá, mesmo com o imóvel extremamente deteriorado.

Ela chegou a empurrar a delegada que conduzia a operação, que tem conduta civil, para avaliação das condições da casa, da habitante e dos cachorros que lá viviam também.

Os animais, inclusive, foram o principal pretexto para acessar a residência, que se tornou célebre graças ao podcast A Mulher da Casa Abandonada. A produção de Chico Felitti para a Folha de S.Paulo se tornou uma febre nas redes sociais, com inúmeros internautas exigindo justiça --ainda que o crime de Margarida já tenha prescrito.

Durante a cobertura do Brasil Urgente, a posição de Datena foi ressaltar que Margarida provavelmente deve ter alguma questão de saúde mental para viver no ambiente totalmente insalubre. Há relato de odor muito forte e restos de comida e entulho por todo o local.

"Ela pode estar em condições de vítima. Não sei se está em posse de suas faculdades mentais. Não deve estar, pra viver assim", disse o apresentador.

"Na minha opinião ela é vitima. Estamos tentando ajudar. Ela tá abandonada, quem abandonou uma senhora dessa, pelo amor de Deus, sem condições. É um trabalho social. Ela está em situação análoga à escravidão. Ela tá com esse lixo todo, convivendo, a gente vai procurar ajuda médica pra tentar alguma condição melhor pra ela. É uma condição mais social do que policial", afirmou Osvaldo Nico Gonçalves, delegado-geral que falou sobre o caso.

Datena não chegou ao ponto de sustentar a tese do delegado, mas continuou com tom compreensivo e solidário em relação a Margarida. 

"O estado de saúde dela não é legal, pra ela estar aí nessas condições. Aparentemente é uma pessoa conturbada, vivendo num lugar insalubre, e seria resgatada como vítima. Esse é o caso. É necessária uma avaliação pra saber se ela tem condição de ficar aí sozinha. Uma pessoa normal não viveria nessas condições. Resgatar essa senhora seria um trabalho humanitário. É uma senhorinha frágil, desconexa. Ela tem discernimento, consegue falar, vai ter que ser avaliada psicologicamente. Ninguém habita uma casa dessa em sã consciência", falou Datena.

A delegada Vanessa Guimarães, que foi empurrada por Margarida, deu entrevista ao Brasil Urgente no local. "Casa tem muita sujeira, muita coisa acumulada, a senhora parece ter algum problema esquizofrênico, evitou entrada mesmo sabendo do mandado judicial. Parece ser acumuladora. O cheiro é bem insuportável. A condição é bem insalubre", descreveu ela. 

"Ela fica repetindo que as alegações são falsas, que ninguém pode tirar ela de lá, 'casa é minha, vizinhos estão inventando mentira contra mim, tudo é mentira'. A gente vai aguardar a decisão da perícia dizendo se a casa realmente tá insalubre pra retirada dela. Se for retirada, provavelmente familiares devem ficar com ela. A gente infelizmente acabou arrombando a janela pra entrar. O cheiro é muito forte, muito lixo acumulado. A situação é complicada", complementou a delegada.

Datena seguiu afirmando que Margarida parece ser uma mulher educada, ao exibir cenas em que ela aparecia conversando (sem áudio) com policiais. "É uma senhora normal, precisa de ajuda", defendeu ele. 

Apenas minutos depois o apresentador ficou sabendo de que Margarida é acusada de ter cometido um crime nos Estados Unidos. O delegado afirmou que o caso foi prescrito.

Luisa Mell, que foi à casa para defender direitos dos animais, resgatou um cachorro e afirmou que Margarida está muito agressiva, bateu em um de seus colaboradores e ameaçou bater nela também. "Não vou lá atrás, ela quer me bater. Não entrei na casa, comecei a apanhar", disse a ativista, que resgatou um cachorro durante a operação policial.

Ao longo da operação, uma advogada de Margarida chegou ao local, concordou que ela não tem condição psíquica de permanecer na casa. A delegada Vanessa Guimarães afirmou que a dona da casa sairá do local ainda hoje, sob o flagrante de abandono de incapaz. A mulher deve ser acolhida por uma irmã, mas também deve responder criminalmente, por não cuidar bem dos cachorros que mantinha ali.

"A gente vai analisar sobre ela responder por crime de maus-tratos aos animais. Um dos animais estava com câncer muito grave, o animal [resgatado] hoje parece muito magrinho, não consegue nem andar. Está sendo analisada a tipificação de maus-tratos aos animais", concluiu a delegada.

reprodução/instagram

Margarida Bonetti e o cão resgatado

A mulher da casa abandonada

Margarida Bonetti foi acusada de ter mantido sua então empregada doméstica em condições análogas à escravidão. Ela e o marido, René Bonetti, moravam no Estado de Maryland, nos Estados Unidos, e tinham uma empregada brasileira, que nunca recebeu salário no período em que trabalhou lá.

O FBI investigou o caso durante dois anos e constatou que a funcionária sofreu diversos maus-tratos de Margarida, como ter seu cabelo puxado pela dona da casa até sair sangue e ter vivido com um tumor do tamanho de uma bola de futebol durante anos, sem ter recebido qualquer assistência dos patrões. 

René Bonetti foi julgado e condenado a seis anos de prisão nos Estados Unidos, os quais ele já cumpriu e hoje vive livre. Margarida não chegou a ser julgada: fugiu de volta para o Brasil em 1998 e desde então vivia reclusa na casa de Higienópolis. Pelos sistema judiciário brasileiro, o caso dela prescreveu.

O caso de Margarida foi tema do podcast A Mulher da Casa Abandonada, da Folha de S.Paulo, feito pelo jornalista Chico Felitti. O último episódio, publicado nesta quarta (20), trouxe entrevista com a mulher, que negou todas as acusações do FBI e disse ser vítima de uma máfia de advogados. 


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