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DEZ ANOS DEPOIS

Cadeia, morte e pedofilia: Glee faz dez anos com elenco amaldiçoado

Fotos: Divulgação/Fox

Cory Monteith (Finn) e Mark Salling (Puck) conversam em cena da série Glee

Cory Monteith (Finn) e Mark Salling (Puck) em cena da série Glee: os dois morreram antes dos 40 anos

REDAÇÃO

Publicado em 18/5/2019 - 6h03
Atualizado em 9/7/2020 - 10h47

Criada por Ryan Murphy, que mais tarde desenvolveria American Horror Story, Feud e Pose, a série Glee (2009-2015) completa exatos dez anos neste domingo (19). Ao contrário do produtor, porém, os atores da comédia musical sofrem com uma espécie de maldição. Dois deles morreram de forma trágica, e uma atriz foi parar na cadeia. Alguns dos talentos lançados pela série premiada também não conseguiram mais emprego na TV e tiveram de migrar para novas carreiras.

A primeira vítima da maldição de Glee foi Cory Monteith (1982-2013), intérprete do protagonista Finn Hudson. Com histórico de uso de drogas, ele morreu de overdose no intervalo de gravações entre o quarto e o quinto anos da série. Com isso, todo o planejamento para os dois últimos anos da comédia teve de ser alterado, e Monteith foi homenageado no episódio The Quarterback, da quinta temporada.

No início do ano passado, o ator Mark Salling (1982-2018) também tirou a própria vida. Ele, que vivia o bad boy Puck, havia sido condenado por pedofilia após a polícia encontrar mais de 50 mil imagens de crianças nuas em seu computador. Ele se declarou culpado, e poderia pegar até sete anos de cadeia. Enforcou-se dois meses antes de sua sentença ser proferida pela Justiça --na época, ele tinha 35 anos.

Já Naya Rivera, que vivia a atrevida Santana Lopez no musical, foi de fato para a cadeia. Ela parou atrás das grades em novembro de 2017 acusada de agredir o então marido, o ator Ryan Dorsey, com um soco na cabeça.

Naya foi solta depois de pagar a fiança de US$ 1 mil (cerca de R$ 4 mil) e, no mês seguinte, entrou com um pedido de divórcio. Dorsey abriu mão da acusação para dividir a guarda do filho do casal, na época com dois anos. A atriz está no elenco da série Step Up: High Water, uma das atrações do YouTube.

A comentada "maldição" de Glee não deu folga para Naya Rivera em 2020. A intérprete de Santana foi dada como desaparecida pela polícia do condado de Ventura, na Califórnia, desde a noite de quarta-feira (8). A atriz de 33 anos saiu com Josey, seu filho de quatro anos, para um passeio de barco na tarde de ontem e sumiu após dar um mergulho no Lago Piru. O menino foi encontrado dormindo no barco.

Revelações de Glee, Lea Michele e Chris Colfer não emplacaram mais nenhum sucesso na TV


Carreiras flopadas

Nem só de histórias trágicas se faz a maldição de Glee. Vários atores lançados pela série e encarados como revelações da TV viram suas carreiras naufragarem depois do último episódio da comédia musical, exibido em março de 2015.

O caso mais grave é o de Chris Colfer, que viveu o afeminado Kurt Hummel. Ele ganhou o Globo de Ouro de ator coadjuvante em 2011 e foi indicado a dois Emmys na mesma categoria, em 2010 e 2011. Também levou para casa três People's Choice Awards, prêmio em que o público vota para eleger seus favoritos.

Mas Colfer nunca mais teve um papel fixo na TV. Apenas fez duas participações na atração infantil Na Sala da Julie, que Julie Andrews estrelou na Netflix. Ele tem se mais dedicado à carreira de autor, e lançou 15 livros em sete anos.

Jenna Ushkowitz, a falsa gaga Tina Cohen-Chang, também não conseguiu mais emprego na TV. Fez alguns filmes de pouca repercussão, participou de um clipe da cantora Katy Perry, e acabou mudando de área. Ela passou para o lado de trás das câmeras e virou produtora --no ano passado, ganhou um prêmio Tony, o Oscar do teatro, por seu trabalho nos bastidores do musical Once on This Island.

Mas a grande decepção de Glee é mesmo Lea Michele, a grande estrela da série, revelada para o público com sua interpretação de Rachel Berry, que lhe rendeu duas indicações ao Globo de Ouro e uma ao Emmy de melhor atriz de comédia. Antes conhecida apenas dos fãs de teatro, ela se tornou um dos rostos mais famosos dos Estados Unidos, e tinha tudo para se tornar uma estrela de Hollywood. Não rolou.

Lea até conseguiu novos papéis na TV, na paródia de terror Scream Queens (2015-2016), criada por Ryan Murphy, Ian Brennan e Brad Falchuk (mesmo trio de Glee), e na comédia The Mayor (2017-2018), mas nenhuma passou dos 25 episódios.

A eterna Rachel Berry ainda foi alvo de uma polêmica em junho de 2020. Samantha Ware expôs atitudes racistas de Lea Michele. A acusação foi feita após a protagonista da série publicar um texto sobre a violência contra negros nos Estados Unidos. "Lembra de quando você fez do meu primeiro trabalho na televisão um inferno? Porque eu nunca esquecerei", escreveu a intérprete de Jane Hayward na última temporada de Glee.

Lea tentou se desculpar por seu comportamento com uma publicação em suas redes sociais. O pedido, porém, não colou com internautas, que a detonaram por dizer que não se lembrava de seus atos. "Era melhor ter ficado calada", comentou um fã. Por causa da acusação de racismo, a atriz perdeu um contrato publicitário com a empresa de refeições saudáveis HelloFresh.

Darren Criss e Melissa Benoist foram alguns dos nomes que escaparam da maldição de Glee


A salvação da lavoura

Com quase 30 atores no elenco fixo ao longo de suas seis temporadas, nem todos os envolvidos foram atingidos pela maldição de Glee. Darren Criss, o Blaine da comédia musical, conseguiu dar a volta por cima e ganhou o Emmy, o Globo de Ouro e o SAG Award por sua atuação inspirada na minissérie American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace (2018).

Já Melissa Benoist, que viveu a meiga Marley Rose na quarta e na quinta temporadas, saiu da série já com o papel de protagonista de Supergirl, no ar até hoje. Ela conseguiu superar as desconfianças dos fãs de quadrinhos e dá show como a super-heroína, em uma atração repleta de metáforas para a sociedade humana.

Outro nome promissor é o de Laura Dreyfuss, que apareceu no último (e desprezado) ano como a líder de torcida Madison McCarthy. Após o fim da atração, ela migrou para a Broadway como uma das estrelas do musical Dear Evan Hansen, ganhador de seis prêmios Tony. Em setembro, ela estreia na Netflix em outra comédia musical, The Politician, na qual vai retomar sua parceria com Ryan Murphy.

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