REI DO IMPROVISO
IMAGENS: DIVULGAÇÃO/CBS
O ator Lucas Till em cena da nova versão de MacGyver; peso de reviver personagem clássico
Série tão icônica que transformou o nome do personagem em verbo, MacGyver tem um legado ímpar. O drama conhecido no Brasil como Profissão Perigo completa 35 anos nesta terça-feira (2). A nova versão, lançada em 2016, sobreviveu à onda cancelamentos de remakes de produções clássicas e se aproxima do episódio cem. Isso sem perder a mística do herói rei da gambiarra, agora com um pé na tecnologia.
Em 2016, a rede americana CBS aceitou descascar um belo de um abacaxi ao ressuscitar a série emblemática, exibida entre 1985 e 1992. Antes mesmo do primeiro episódio ir ao ar, a nova versão foi alvo de críticas, tanto de jornalistas quanto de fãs, que questionavam a razão do projeto. Ele não conseguiria igualar o mitológico Angus MacGyver vivido pelo ator Richard Dean Anderson, diziam.
O desenvolvimento da trama foi cercado de expectativas. Em meados desta década, Hollywood passou por uma explosão de séries que repaginaram sucessos do passado, o chamado remake ou reboot (quando uma atração refaz uma trama antiga com a mesma premissa, mas com novo elenco e ambientação). Algo diferente do revival, modelo que retoma uma produção com os mesmos atores e personagens (Fuller House/Três É Demais e Will Grace são exemplos).
Com a escalação de Lucas Till (da franquia X-Men) como o MacGyver moderno, a edição contemporânea estreou massacrada por especialistas, que a rotularam como um produto pouco inspirado. Ela parecia estar fadada ao cancelamento, igual inúmeros remakes que quebraram a cara, seja por audiência capenga ou por serem, de fato, ruins (Máquina Mortífera, 24 Horas: O Legado, O Exorcista, A Hora do Rush, Minority Report, entre outras).
Contudo, o público curtiu a nova MacGyver (exibida no Brasil no Universal TV). Contra todos os prognósticos, a série caminha para a quinta temporada e está prestes a atingir o simbólico episódio de número cem (faltam 21). Na temporada 2019-2020, em seu quarto ano, o drama de ação esteve entre as 50 atrações mais vistas da TV americana, com média de 7,5 milhões de telespectadores ("ao vivo" + gravado). Número suficiente para deixá-la à frente de sensações como The Blacklist e Law & Order: SVU.
Lucas Till com Tristin Mays na nova MacGyver; parceria nos truques
Há quatro anos, a Variety foi uma das publicações que detonou a MacGyver atual. "O fato é que o protagonista tem pouco apelo e certamente não vai tirar da memória o personagem vivido por Richard Dean Anderson. A atuação de Lucas Till é completamente fora de tom", disse o veículo.
O obstáculo maior era justamente esse. Quem viu algum episódio da MacGyver antiga sabe que o agente secreto era capaz de desativar um explosivo com um papel de bala ou criar uma bomba com um extintor de incêndio, fita adesiva e ganchos de metais (dois casos que realmente ocorreram em episódios da atração dos anos 1980). A criatividade na gambiarra faz com que qualquer "ninja no improviso" seja apelidado de MacGyver.
Para tentar dissociar a série de Till da de Anderson, a versão repaginada precisava de um diferencial e ser mais adaptada aos dias modernos. Isso fez com que fosse criada uma personagem perita em celulares e computadores. Surgiu Riley Davis, vivida por Tristin Mays. Ela é a fiel escudeira do herói, com a destreza de hackear até um satélite. Assim, houve a junção do analógico com o digital, uma dinâmica que vingou. A série ficou antenada, sem ser uma cópia básica da matriz.
A mistura deu muito certo e até resultou em um livro (inédito no Brasil) chamado de The Official MacGyver Survival Manual: 155 Ways to Save the Day (O Guia de Sobrevivência de MacGyver: 155 Maneiras de Salvar o Dia, em tradução direta). A obra apresenta todas as gambiarras da nova série até 2019, com explicação científica e um beabá sobre como executá-las. Todas elas podem ser reproduzidas e têm como fundamento conceitos da física, química e ciência da computação, comprovadas por consultores que colaboram com a atração.
A quarta temporada de MacGyver foi interrompida com 13 episódios por causa do novo coronavírus (Covid-19) em março. Enquanto toda a equipe lidava com esse fim, e trabalhava na confirmada quinta temporada, um clima tenso pairava nos bastidores. Quatro meses depois saiu a notícia de que Peter Lenkov, o desenvolvedor e showrunner do drama, tinha sido demitido. Motivo: abusos morais e responsabilidade por instaurar um ambiente tóxico no expediente.
Histórias tristes foram reveladas após a demissão. Lucas Till, por exemplo, confessou ter tido "pensamentos suicidas" durante as gravações da primeira temporada, devido ao jeito rude de Lenkov, que tratava funcionários com grosseria e descaso. A produtora Monica Macer substituiu Lenkov com a missão de refrigerar o ar da atração e mantê-la em exibição.
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