Com mortes e reencarnações, Globo faz mudanças nas novelas das seis e sete

Preocupada com a queda no Ibope, a Globo está fazendo ajustes em suas novelas das seis e das sete. As duas estão sendo consideradas lentas pela cúpula (e pelos telespectadores) da emissora, fora do ritmo narrativo desejado e combinado previamente. Para acelerar as tramas, personagens vão morrer ou reencarnar mais cedo.

Na novela das seis, Espelho da Vida, será acelerada a entrada do personagem de Rafael Cardoso na encarnação atual. Ele é o galã romântico da história, tanto no passado, nos anos 1930, quanto no presente.

Pedro, a versão 2018 de Cardoso, já deveria ter aparecido, mas isso só deve acontecer daqui a duas semanas. Até mesmo Danilo, sua vida anterior, demorou uma eternidade para dar as caras.

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Na Globo, a avaliação é a de que a autora, Elizabeth Jhin, errou ao "segurar" a entrada de Cardoso. A ideia seria provocar a rejeição ao casal formado por João Vicente de Castro e Vitória Strada, para que o público torcesse para Cardoso e Vitória, mas a lentidão pode ter afastado um telespectador que tende a não voltar com a chegada do horário de verão, no próximo fim de semana.

Espelho da Vida, que começou com 20 pontos na Grande São Paulo, bateu nos 18 na semana passada. A queda está dentro de uma oscilação normal, mas o patamar (abaixo de 20 pontos, com o Cidade Alerta não muito distante) é preocupante.

A novela das sete, constata-se na Globo, começou muito bem, com a melhor audiência do horário em dez anos. Mas um ponto favorável, a química entre os protagonistas, Juliana Paiva (Marocas) e Nicolas Prattes (Samuca), atrapalhou os planos do autor, Mario Teixeira. O público rejeitou a separação do casal, e acabou sobrando para o vilão Emílio, defendido por João Baldasserini.

Sem função na novela, já que sua missão era se casar com Marocas e afastá-la de Samuca, Emílio vai morrer vítima de uma picada de cobra, no capítulo do próximo dia 15. Assim, um fato raro será registrado: a morte de um vilão na metade de uma novela.

Para não punir o ator João Baldasserini, ele retornará já no capítulo do dia seguinte, em pleno velório de Emílio, como Lúcio, gêmeo cuja função será vingar o irmão. A princípio, o personagem é do bem, mas as aparências enganam. Com a mudança, espera-se que a trama ganhe agilidade.

Mario Teixeira diz que O Tempo Não Para, que começou com 29 pontos semanais na Grande São Paulo e caiu para a casa dos 25, foi prejudicada pela propaganda política e que "a novela não está sofrendo ajustes fora do que é mais do que comum acontecer".

"O horário político mexe com a audiência, não só da novela como da grade toda, e justamente por isso não há uma avaliação de que a novela não esteja desempenhando bem. Ao contrário, estamos todos muitos satisfeitos com a trama. Só recebo elogios, internos e externos", afirma.

E por que Emílio vai morrer no meio da novela se está tudo bem? O autor responde:

"Ele vai morrer justamente por isso, porque não é comum. Em Liberdade, Liberdade (2016), eu matei o pai da Joaquina [Andreia Horta], dom Raposo [Dalton Vigh], um personagem adorado, semanas antes do final. Também dei fim na vilã [Branca (Nathalia Dill)], morta ao tentar eliminar a protagonista, semanas antes do último capítulo. Esse tipo de reviravolta movimenta a trama, causa comoção e surpresa."

"Aprendi com Douglas Sirk, Alexandre Dumas, Silvio de Abreu, Cassiano Gabus Mendes. Gosto de tramas rocambolescas, e acredito que o público também. E, aguarde, porque, com a morte do vilão, a trama vai trazer outras surpresas...", promete o novelista.