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OPINIÃO

Amor de Mãe é a grande novidade da TV: Não mude, pelo amor de Deus!

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Imagem de Regina Casé como Lurdes em cena de Amor de Mãe

Regina Casé em cena de Amor de Mãe como Lurdes; atriz é uma das protagonistas "realistas" da novela de Manuela Dias

ALBERTO VILLAS

Publicado em 18/12/2019 - 5h24

Nunca fui noveleiro, até grudar os olhos na telinha, em 2012, para assistir a Avenida Brasil. Até então, tinha visto apenas duas novelas, e isso na minha juventude: O Direito de Nascer, um clássico de Félix Gaignet, e Se o Mar Contasse, que ninguém mais se lembra, apenas o Google. Eram os idos de 1964, quando tinha eu 14 anos de idade.

Recentemente, voltei às novelas. Assisti Verão 90, curioso pela temática vintage. E gostei. Acabou a obra dirigida por Jorge Fernando, jurei não acompanhar mais nenhuma, mas não resisti. Vejo Bom Sucesso quando posso e me agarrei a ela, mesmo de maneira infiel, pelo tema da literatura, que também me interessa.

Resolvi ver o primeiro capítulo de Amor de Mãe, no ar desde o mês passado, porque
costumam dizer que o primeiro capítulo é sempre um grande espetáculo. E foi.
A primeira cena, Regina Casé respondendo a um questionário da futura patroa, ficou na minha memória pela beleza e simplicidade.

Tenho acompanhado como posso, quando o tempo permite, e olha que torço para ele me permitir. Amor de Mãe, da estreante Manuela Dias em carreira solo, é a grande novidade do ano que está terminando.

Vamos aos fatos, já que fui convidado para escrever aqui uma réplica ao texto de Claudino Mayer, doutor em Ciências da Comunicação, pesquisador e especialista em Teledramaturgia pela USP, enfim, um craque no assunto.

Não sou um expert em novelas, longe disso, mas vou deixar aqui a minha opinião. Enquanto Mayer diz que Amor de Mãe precisa mudar imediatamente para seguir o rumo de uma telenovela e, consequentemente, ganhar Ibope, eu digo o contrário. Não mude, pelo amor de Deus!

O que gosto na novela? A estética do cinema (que o professor cita), os diálogos realistas, o clima às vezes noir de um policial, a trilha sonora que vai de preciosidades como O Estrangeiro, de Caetano Veloso, passando por Gal Costa e Gilberto Gil, até chegar a voz rouca de Bob Dylan.

Isso sem contar a genialidade de uma Regina Casé que parece ter saído da tela de cinema, mais precisamente de Que Horas Ela Volta? (2015), como se fosse uma rosa púrpura do Cairo.

E tem mais: o professor Claudino Mayer tem razão quando diz que Amor de Mãe mais parece um filme, um seriado, do que uma novela das nove. E é disso que gosto. Da simplicidade misturada com as diferenças sociais de um Brasil tão desigual.

Nada mais genial do que a cena de Raul (Murilo Benício) chegando na casa da família de Lurdes (Regina Casé), aquele choque de classe, ele levando pra sogra uma orquídea de presente e uma garrafa de vinho nas mãos, num ambiente em que estão acostumados com o guaraná Dolly. Ali, Regina é cinema puro, com cenas hilárias pedindo à filha pra colocar a orquídea num lugar seguro pra não quebrar o galho, e convidando Raul para um karaokê, que ele topa.

Amor de Mãe é um pedacinho do nosso país. Tem gente humilde, ruelas e becos, muitos fios nos postes, buracos nas ruas, tem barra-pesada, tem cotidiano de mesa posta com chester pra receber visita importante e tem um diálogo que foge realmente do ritmo das novelas mais convencionais. Sei que já tivemos algumas ousadias em novelas, tempos atrás. Mas, acredito eu, não há nada como Amor de Mãe, onde vale tudo.

Não faz muito tempo, o hoje diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroeder, numa
reunião com seus funcionários (eu fazia parte da turma) chamou a atenção para a palavra ousadia. "Sim, precisamos ousar, ousar e ousar", disse Schroeder. E é isso que Amor de Mãe está fazendo. Rompeu com aquelas cenas de todos sentados à mesa e a gente sem saber quem preparou a comida. Amor de Mãe nos convidou pra conhecer a cozinha da casa.

Sei que a questão número um de uma televisão comercial é o Ibope, e a Globo deve estar preocupada com isso. Amor de Mãe não vai bem das pernas e por um motivo muito claro: está ousando. Posso ser ingênuo em dizer "dane-se o Ibope, vamos ousar". Mas acho, sinceramente, que nesse caso está valendo a pena. O noveleiro brasileiro está precisando de uma bebida mais forte do que água com açúcar.


ALBERTO VILLAS, jornalista e escritor, já passou por praticamente por todos os
canais de televisão. Foi editor-chefe do Jornal de Vanguarda, Jornal do SBT, Jornal Hoje, Jornal da Globo e do Fantástico. Atualmente é colunista do site da Carta Capital, pilota o blog VillasNews e trabalha com Fernando Morais no blog Nocaute. Tem seis livros publicados pela Editora Globo


Além de acompanhar o resumo de Amor de Mãe aqui no site, inscreva-se no canal do Notícias da TV no YouTube e assista a vídeos com revelações do que vai acontecer em outras novelas.

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