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Além da Ilusão pisa em campo minado ao arrastar Bento e Lorenzo para guerra

FOTOS: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

O ator Matheus Dias em um navio de guerra com o uniforme verde-oliva da FEB (Força Expedicionária Brasileira) como o Bento em cena de Além da Ilusão

Bento (Matheus Dias) embarca para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em Além da Ilusão

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 10/3/2022 - 6h20

A autora Alessandra Poggi pisa em um campo minado ao arrastar Bento (Matheus Dias) e Lorenzo (Guilherme Prates) para a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Afinal, entre as últimas seis reprises e inéditas no horário, Além da Ilusão é o quinto folhetim a abordar um conflito armado --e vai ter de rebolar para superar o cansaço do público com tanto tiro, porrada e bomba.

Depois de uma semana de estreia difícil, a saga das irmãs Elisa e Isadora (Larissa Manoela) reagiu na audiência e recuperou parte dos índices derrubados por Nos Tempos do Imperador (2021). Boas tramas paralelas foram fundamentais para segurar o telespectador em frente a TV, como a paixão de Leônidas (Eriberto Leão) por Heloísa (Paloma Duarte).

Dentre os acertos, os amigos Bento e Lorenzo caíram nas graças das redes sociais. Alguns espectadores, inclusive, foram até o Instagram para pedir que eles fiquem juntos e deixem Letícia (Larissa Nunes) sozinha e chupando o dedo --o que foi considerado uma "viagem" por Alessandra.

Até aqui, a história deles foi realmente construída dentro da proposta de resgatar o lúdico e um quê de magia que foi tão alardeada por autora e direção antes do primeiro capítulo. Por mais que sejam rivais pelo amor de uma mesma mulher, eles se apoiam e se ajudam, enfrentando juntos questões seríssimas como o racismo.

A questão é até que ponto a roteirista vai manter esse tom diante da chegada dos rapazes à Itália para combater os fascistas junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira). Especialmente porque a Segunda Guerra ainda é uma das principais referências do público sobre os horrores dos confrontos bélicos.

O imaginário em torno do nazifacismo e do Holocausto é reforçado ano após ano por uma série de filmes e séries que tem, para além de entreter, a função impedir que essas páginas sejam esquecidas dos livros de História. Não faltam exemplos dentro da própria Globo, que levou ao ar Passaporte para a Liberdade no final de 2021.

O ator Guilherme Prates como o Lorenzo com o uniforme da FEB (Força Expedicionária Brasileira) em Além da Ilusão

Lorenzo pronto para a guerra

Cansada de guerra

Alessandra Poggi já havia mergulhado em um dos períodos mais obscuros do Brasil ao situar Os Dias Eram Assim (2017), em parceria com Ângela Chaves, durante a Ditadura Militar (1964-1985). Em entrevista ao Notícias da TV, a escritora explica que tem um trunfo para abordar eventos traumáticos na nova empreitada:

Além da Ilusão se passa em um momento muito rico da nossa história, com o fim da Era Vargas (1930-1945), a chegada da democracia, os movimentos feminista e trabalhista ganhando força. Muita coisa aconteceu por aqui, inclusive a Segunda Guerra. A gente usa a História como pano de fundo. Alguns personagens vão sim lutar, mas a nossa função é recontar o conflito. Pelo contrário, não há a intenção de fazer um documentário de época.

O retrospecto, por outro lado, não é tão favorável. Elogiada pela crítica, Éramos Seis (2019) teve um dos seus pontos baixos, inclusive de audiência, justamente quando Alfredo (Nicolas Prattes) se alistou para lutar na Revolução Constitucionalista (1932).

A reprise de Novo Mundo (2017), em seguida, não empolgou com a Guerra de Independência do Brasil (1821-1924). Mesmo inédita, Nos Tempos do Imperador arrastou a Guerra do Paraguai (1864-1870) por capítulos a fio, com pouca aventura e excessivas tramas palacianas.

A "edição especial" de Flor do Caribe (2013) é a exceção, até porque a Segunda Guerra Mundial ficou restrita aos flashbacks de Santiago (Juca de Oliveira). O próprio vilão Dionísio (Sérgio Mamberti) era um general nazista, mas que quase já não dava mais trabalho –velho, doente e preso a uma cadeira de rodas.

A segunda fase do folhetim de Alessandra Poggi se passa nos anos 1940 em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Confira também os resumos das novela das seis da Globo que o Notícias da TV publica diariamente.


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