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AUGUSTA E MANUELA

Além da Ilusão faz mágica para provar que racismo não é 'conto da carochinha'

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Olivia Araújo caracterizada como Olívia no meio de uma praça, com pessoas brancas ao fundo, em cena de Além da Ilusão

Augusta (Olívia Araújo) em Além da Ilusão; trama se passa menos de 50 anos depois da Abolição

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 9/2/2022 - 6h30

Além da Ilusão deixou claro que não vai deixar de lado questões "espinhosas" para o público do horário, como o feminismo e o racismo. A autora Alessandra Poggi, porém, traçou uma estratégia completamente distinta de Nos Tempos do Imperador para abordar os reflexos de quatro séculos de Escravidão na novela das seis da Globo.

Ao contrário da produção anterior, a roteirista preferiu não partir para o confronto direto ao apresentar Augusta (Olivia Araujo) e Manuela (Mariah Penha). Ela apelou para as memórias afetivas dos telespectadores, que provavelmente não tiveram e nem terão grandes dificuldades para reconhecê-las em seu entorno.

Em entrevista ao Notícias da TV, a própria Olivia diz que trouxe inspiração para o papel de diversas mulheres com quem cruzou durante toda a vida:

Há muitas delas no nosso entorno, na família. São pessoas que a gente também já viu ao longo da História, que viveram dentro de uma casa e herdaram a função do trabalho [apenas] por terem nascido naquele lugar. 

Violeta (Malu Galli), por exemplo, tratou Augusta como se fosse "parte da família", mas sem efetivamente lhe dar chance de fazer parte plenamente desse núcleo. Ela pediu que a funcionária permanecesse em Poços de Caldas (MG) para a festa de Elisa (Larissa Manoela) em vez de acompanhá-la até a fazenda de Afonso (Lima Duarte) para rever a irmã.

O espectador mais atento percebeu que, por mais que a irmã de Heloísa (Paloma Duarte) esteja a léguas de ser uma vilã, ela reproduziu um comportamento que diz respeito às estruturas racistas da sociedade. Não se tratou de um pedido, mas de uma ordem --feita com "afeto", porque a empregada é "quase" como um parente.

Uma posição de submissão que ficará ainda mais clara quando Matias (Antonio Calloni) intimidá-la e até mesmo a segurar com agressividade pelo rosto por bancar a "fada madrinha" de Elisa. Ela é "da família", mas não tem voz para defender o romance da jovem com Davi (Rafael Vitti) perante o juiz.

"O lado afetivo faz parte da natureza dela. Ela é amorosa e leva isso para dentro da história e também no trato da família como um todo", avalia Olivia.

A atriz Mariah da Penha como Manuela aparta uma discussão entre Malu Galli, a Violeta, e Paloma Duarte, da Heloísa, em cena de Além da Ilusão

Violeta, Manuela e Heloísa no folhetim

Linha do tempo

Alessandra ainda trouxe várias sutilezas à tona ao redor de Manuela, que há anos mantém a ordem na casa de Afonso no interior do Rio de Janeiro. A escolha por um engenho de cana, um símbolo dos primeiros ciclos econômicos do Brasil a ser operado quase exclusivamente por mão-de-obra escravizada, não parece mera coincidência.

O coronel também é fundamental para marcar que a primeira fase da trama, que se passa em 1934, está apenas a 44 anos da Lei Áurea. Ou seja, o avô de Isadora (Sofia Budke) conviveu com pessoas escravizadas em suas propriedades que, entre outras atribuições, também cuidaram de sua família.

Manuela repete a ação dos antepassados ao dizer no primeiro capítulo que puxaria a orelha de Heloísa e Violeta como fazia na infância.

"É um processo histórico de pós-abolição em que essas mulheres pegaram a libertação, mas os pais delas foram escravos. Faz parte da História do Brasil ex-escravas que continuaram cuidando da casa e da família. A Manuela continua com essa função, está dentro desse universo", complementa Mariah. 


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