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Quem matou a novela das nove? Em crise, Globo busca resposta nas cinzas

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Bianca Bin na cena 'não imaginam o prazer que é estar de volta', na novela O Outro Lado do Paraíso

Bianca Bin na cena 'não imaginam o prazer que é estar de volta', em O Outro Lado do Paraíso

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 10/3/2022 - 6h40

Uma das maiores instituições da televisão brasileira foi vítima do seu maior clichê. Afinal, uma dúvida paira no ar diante do anúncio de que a Globo levará um de seus principais produtos para o streaming: quem matou a novela das nove? Em crise no horário nobre, a emissora corre para encontrar uma resposta antes das concorrentes.

Em uma manobra inédita, a Globo vai produzir simultaneamente dois folhetins com todas as características da faixa. Apenas um deles será exibido na TV aberta. Trata-se de Travessia, que fez Gloria Perez furar a fila e empurrar a trama de João Emanuel Carneiro para o Globoplay.

A líder de audiência desta vez não usou qualquer subterfúgio para vender Olho por Olho como uma inovação. Em vez de termos como telessérie ou supersérie, a história é assumidamente uma novela das nove --mantendo-se, inclusive, como uma obra aberta.

A estratégia nem de longe indica um fim ou esgotamento do folhetim, que continuará a se reinventar como fez nos últimos seis séculos. A Globo, na verdade, entra de cabeça em uma corrida para descobrir qual o formato que vai substituir a teledramaturgia diária na TV aberta.

O xis da questão é que a pandemia de Covid-19 acelerou esse processo, uma vez que alterou consideravelmente a forma como o público consome também séries e filmes. As pessoas trancadas em casa continuaram a ver novela, só que de uma forma distinta das últimas décadas.

Não à toa, alguns dos conteúdos mais vistos do Globoplay e da Netflix são folhetins. As diferenças não se resumem apenas ao espectador que dá preferência à maratona de episódios. A concorrência passa a ser global, em que produções mexicanas, turcas e portuguesas passam a desafiar a hegemonia brasileira.

Uma tendência que já fez até HBO se mobilizar para produzir Segundas Intenções que, apesar de ser chamada de telessérie, é nada mais do que uma novela. O canal pago, inclusive, se aproveitou das demissões da Globo para trazer de lá profissionais com know-how para esse tipo de história --de Camila Pitanga a Silvio de Abreu.

O ator Vladimir Brichta em um caixão como o Remy de Segundo Sol

Remy (Vladimir Brichta) em Segundo Sol

Longa vida ao folhetim

A novela das nove não vai desaparecer em um estalar de dedos da programação e talvez ainda tenha uma sobrevida de uma ou duas décadas. Ela vai conviver com os outros formatos assim como as radionovelas perduraram até meados dos anos 1970 --mais de vinte anos depois da estreia da pioneira Sua Vida Me Pertence, na Tupi, em 1961.

A Globo, aliás, vai promover uma concorrência bastante interessante entre Olho por Olho e Travessia. Em um país com uma infraestrutura ainda insuficiente e em crise econômica, é possível que o folhetim de Gloria Perez saia em vantagem e tenha uma maior repercussão.

Um cenário que deve se inverter nos próximos anos, uma vez que a televisão aberta está cada vez menos onipresente. Round 6 e La Casa de Papel são apenas alguns dos exemplos que caíram nas graças dos brasileiros mesmo longe de uma zapeada do controle remoto.

A própria Globo já teve bons resultados ao investir na segunda temporada de Verdades Secretas para a plataforma da casa. Com as novelas no ar ainda sofrendo por causa de inúmeras reprises, e com perspectiva de até nunca mais voltarem aos índices pré-pandêmicos, a história angariou recordes dentro e fora do Globoplay.


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