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MERCADO EM CRISE

Na guerra do streaming, maiores vítimas serão operadoras de TV paga?

Divulgação/NBC

Parker Bates, Milo Ventimiglia, Lonnie Chavis, Mackenzie Hancsicsak e Mandy Moore fazem careta sentados no sofá da sala e vendo TV em This Is Us

Milo Ventimiglia (Jack), Mandy Moore (Rebecca) e as crianças de This Is Us, agora exclusiva do Star+

LUCIANO GUARALDO e GABRIEL VAQUER

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 13/9/2021 - 7h00

Cada vez mais acirrada com a chegada de players novos, como o Star+ e o vindouro discovery+, a guerra do streaming conta com o fogo cruzado de gigantes como Netflix, Disney, Globo e WarnerMedia. As principais vítimas, no entanto, devem ser as operadoras de TV paga --que já atravessam um momento difícil, com fuga de assinantes.

Segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), nos últimos dois anos a TV por assinatura perdeu 2,9 milhões de contratos, ou quase 20% da base de clientes registrados em junho de 2019. O setor tem anotado quedas desde abril de 2015, quando estava próximo de 20 milhões de assinantes.

O pensamento de muitos "cord cutters" (cortadores de cabo, em tradução livre) era que não fazia sentido pagar por canais cujo conteúdo está disponível em serviços de streaming. Agora, a situação fica ainda mais complexa para as operadoras, porque atrações queridas pelo público estão se tornando exclusivas das plataformas on demand.

No quesito séries, por exemplo, a chegada do Star+ frustrou os fãs de The Walking Dead que estavam acostumados a acompanhar o drama zumbi nas noites de domingo da Fox (agora Star Channel). Em vez da transmissão simultânea com os Estados Unidos na TV paga, os episódios derradeiros da atração arrasa-quarteirão serão disponibilizados apenas no streaming.

O dramalhão This Is Us, queridinho tanto da crítica quando dos espectadores, também terá sua última temporada exibida com exclusividade na nova plataforma da Disney. A ideia da empresa, claro, é atrair mais assinantes para o serviço --e, se isso custar clientes da TV paga, ossos do ofício.

Cristiano Lima, chefe de Entretenimento da Disney no Brasil, explicou essa mudança de estratégia em entrevista exclusiva ao Notícias da TV. "Os canais [lineares] seguem sendo bem importantes, mas o que a gente tem de leitura é que o consumo do público está mudando. Se você olhar a audiência dos canais, vai notar essa mudança de consumo".

"Nós sempre vamos nos posicionar para fazer a melhor entrega, nós vamos para onde está o consumidor. Estamos em transição no mercado, aprendendo com as práticas que temos. Se você ler os números de audiência do canal, vai perceber este movimento. As séries se mostraram um produto mais jovem e com um consumo diferenciado", justificou Lima.

O Globoplay também estreou com exclusividade na sexta-feira (10) a nova temporada de Segunda Chamada, série que tinha conseguido boa audiência na Globo em seu primeiro ano. Sob Pressão, outro sucesso de público, seguirá o mesmo rumo no ano que vem. As atrações eventualmente devem chegar à grade da TV aberta, mas só depois de uma longa espera. Quem é fã e quer evitar spoilers, terá de abrir a carteira.

E não são apenas as séries atuais que viram armas nas mãos dos conglomerados para bombar o on demand. A comédia Friends (1994-2004), presente na TV paga brasileira há 25 anos, está deixando a grade da Warner para se tornar exclusiva da HBO Max. Quem é fã do sexteto vai ter de assinar o streaming para rever, quando quiser, os encontros deles no Central Perk.

Exclusividade até no futebol

Um colete salva-vidas da TV paga até o momento eram transmissões ao vivo, como partidas de futebol. Não mais. Além de plataformas como Globoplay, Star+ e HBO Max exibirem os jogos simultaneamente com SporTV, ESPN, Fox Sports e Estádio TNT Sports, alguns confrontos estratégicos também começam a ser exclusivos do streaming.

Foi assim com o aguardado retorno de Cristiano Ronaldo ao Manchester United, exibido no sábado (11) apenas pelo Star+. Quem esperava ver o confronto com o Newcastle na ESPN ficou chupando o dedo. E a empresa deve escalar outros jogos grandes no mesmo esquema, com o objetivo de fortalecer sua mais nova aposta.

Em resumo, não apenas o conteúdo da TV paga está, em sua maior parte, disponível em serviços de streaming, como há muita coisa nas plataformas que não chegará à TV por assinatura. Assim, para o público, trocar uma assinatura de R$ 139,90 por três ou quatro streamings que custam menos de R$ 100 somados se torna uma escolha simples.

Para as programadoras, também é mais interessante apostar no D2C (direct to consumer, ou direto para o consumidor). Uma empresa como a Disney fatura mais com um assinante do Disney+ e do Star+ do que ganharia com o repasse da Claro ou da Sky por seus canais. O mesmo vale para a WarnerMedia e até para a Globo --que já oferece a programação da antiga Globosat em um combo com o Globoplay. 


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