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ANÁLISE

A Força do Querer reforça 'ex-namorada maluca' com acusação falsa de Cibele

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A personagem Cibele (Bruna Linzmeyer) olha debochada em cena da novela A Força do Querer, da Globo

Cibele (Bruna Linzmeyer) infernizará a vida do ex-noivo, uma representação tosca da "ex doida"

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 3/11/2020 - 6h55

Interpretada por Bruna Linzmeyer, a personagem Cibele de A Força do Querer reforça o estereótipo de "ex-namorada maluca" ao colocar uma mulher traída como vingativa e o homem que a traiu como vítima. Apesar de ser uma narrativa clichê, a novela das nove influencia a imagem de pessoas reais, potencializando o machismo intrínseco na sociedade.

Na trama da Globo escrita por Gloria Perez, a filha de Dantas (Edson Celulari) não medirá esforços para infernizar Ruy (Fiuk), tudo para fazê-lo pagar por tê-la traído e se casado com Ritinha (Isis Valverde). 

Em determinados momentos, a mimada até se orgulha de suas loucuras, como se fosse um direito seu perseguir o ex-noivo, chegando a fazer acusações falsas contra ele e até registrando um boletim de ocorrência por agressão em uma Delegacia da Mulher.

Em 2012, uma pesquisa feita pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (Universidade de São Paulo) revelou que as telenovelas são uma referência de valores, emoções e sentimentos vividos no cotidiano da população graças à forma como a vida das pessoas é retratada.

Logo, quando Cibele representa mulheres "malucas" que não superam um antigo relacionamento, ela se baseia em comportamentos que já existem dentro da sociedade moderna, mas também reforça a premissa de que as ex-namoradas sempre serão as "loucas" no futuro.

Mesmo com a possibilidade de ser presa por ter registrado um boletim de ocorrência de uma agressão física que nunca aconteceu em uma Delegacia da Mulher em A Força do Querer, a vilã desdenha da dor real de milhões de vítimas de violência doméstica.

Além disso, ao ressaltar essa imagem psicótica, as novelas acabam tirando o crédito de vítimas reais perante as autoridades e a sociedade, justamente por causa dessa incerteza colocada sobre elas.

Outro ponto problemático é que a trama reforça a ultrapassada ideia da rivalidade feminina. Na vida real, muitos homens usam a narrativa da "ex louca" para mascarar um relacionamento tóxico anterior --que pode ter se desgastado por falta de responsabilidade afetiva, manipulação, ciúme etc. Ao colocar uma mulher contra a outra, o homem se livra da sua responsabilidade na relação problemática anterior e sai de vítima.

Por mais que a ficção tenha o intuito de entreter, se faz cada vez mais necessário que autores escrevam histórias que não possam prejudicar pessoas na realidade, além de exercitarem a criatividade para que consigam fugir de clichês de novelas tão óbvios como a narrativa da "ex maluca" que vai infernizar a atual parceira de seu antigo companheiro. 


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