CRÍTICA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
O quadro Mamãe, Tô na Globo!, principal novidade do Caldeirão, pecou por não ter graça
Contratado pela Globo há menos de um mês para substituir Luciano Huck no Caldeirão, Marcos Mion finalmente estreou como apresentador na líder de audiência neste sábado (4). O ex-Record conseguiu afastar o clima de choro que imperava na atração nos últimos anos e foi elogiado pelos internautas, mas sua animação estava acima do tom neste primeiro programa.
Empolgado com o contrato assinado em 6 de agosto, Mion transformou cada passo seu na nova emissora em uma espécie de reality show. Mostrou sua chegada aos Estúdios Globo, o momento em que recebeu seu crachá, a primeira reunião com a equipe, sua primeira foto no cenário do Caldeirão. Também apareceu no Mais Você, no Encontro com Fátima Bernardes e no Fantástico, sempre muito feliz --às vezes, até demais.
Foi tanta exposição que nem parece que Marcos Mion fechou acordo há apenas 29 dias. A movimentação aumentou a expectativa, e o novo apresentador não comprometeu, mas também não trouxe tanto a renovação esperada para o programa. Com quadros batidos, o novo Caldeirão ficou com jeito de déjà-vu.
O Tem ou Não Tem, que já fazia parte do programa apresentado por Luciano Huck, está longe de ser uma novidade. É baseado em um formato antigo, o Family Feud, lançado na TV americana em 1976 e que chegou ao Brasil três anos depois, com Silvio Santos. A participação de famosos, como Juliana Paes e Paulo Vieira, até deixou o quadro mais divertido, mas também não é inédita: nos EUA, o Celebrity Family Feud é exibido desde 2008.
O Sobe o Som, que coloca artistas para adivinhar a música tocada pela banda liderada por Lucio Mauro Filho, remeteu ao Ding Dong --especialmente com o artista original assumindo o palco após o mistério ser desvendado.
Já o Mamãe, Tô na Globo!, que deveria ser a principal novidade do Caldeirão, deixou a desejar na estreia. Os vídeos de telespectadores apresentados não fizeram muito sentido nem despertaram risadas --a ideia de colocar o público na TV é boa, mas precisa ser melhor desenvolvida para não ficar jogada.
Por fim, o Isso a Globo Mostra é uma arma antiga do arsenal de Mion. Ele já fez a mesma coisa na MTV, na Band e na Record. Com pressa para estrear o novo Caldeirão, a emissora precisou ceder e aceitar que ele repetisse o Pérola Videoclíptica, do Piores Clipes do Mundo (2000-2001) --também repetido no Shit Show, do Descontrole (2002-2003), e no Vale a Pena Ver Direito, do Legendários (2010-2017).
Em tempos tão pesados como o vivido pelo Brasil atualmente, poder dar risada nos fins de tarde de sábado é um alívio. Mas Mion é capaz de fazer mais do que apenas requentar formatos com cheiro de mofo. Se dosar melhor sua animação e investir em novidades, ele pode se dar bem no Caldeirão --a ponto de se tornar mais do que um mero tapa-buraco até o fim do ano.
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