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LUGAR NA HISTÓRIA

Politizada, Supergirl termina como marco importante nas séries de heróis

IMAGENS: DIVULGAÇÃO/THE CW

Dentro de casa, com uma parede com tijolos à mostra, Melissa Benoist vestida de Supergirl aparece em imagem da série homônima

A atriz Melissa Benoist na quinta temporada de Supergirl; série vai terminar após a o sexto ano

JOÃO DA PAZ

joao@noticiasdatv.com

Publicado em 23/9/2020 - 6h50

No meio da onda de séries de heróis que inundou a TV nesta década, Supergirl sempre se destacou como a mais politizada e engajada de todas, pela versatilidade de abordar qualquer tema, de imigração a importância do voto, passando pela afirmação da comunidade LGBTQ+. Embora tenha se desgastado recentemente, o legado da atração não será apagado pelo que vier pela frente na sexta e última temporada.

Sempre é complicado afirmar que uma série acaba na hora certa. Mas Supergirl perdeu a mão na reta final da quinta leva de episódios e enfureceu os fãs ao apelar para truques e deixar de lado as características da atração. Para não correr o risco de degringolar de vez, o fim é bem-vindo.

Encerrar com uma temporada ainda em produção é uma boa notícia. Assim, toda a equipe se dedica para fazer o melhor possível, sabendo que a linha de chegada está traçada. É uma oportunidade de Supergirl se redimir do tropeço e usar os grandes momentos do passado como inspiração.

Nada de submissão

Supergirl corrigiu o rumo tortuoso logo de cara. Os primeiros episódios foram alvos de críticas por apresentar a prima do Superman submissa, enfatizando a saia curta do uniforme, as curvas do corpo feminino e a ingenuidade da personagem de Melissa, a jornalista Kara Danvers, nome civil da Supergirl, que era capacho da chefe e estava inserida em um triângulo amoroso novelesco.

A mudança de estilo ocorreu na segunda temporada, exibida entre 2016 e 2017. A eleição do empresário Donald Trump para presidente dos Estados Unidos influenciou os episódios, e a série entrou no time daquelas que passaram a criticar o novo comandante da nação, direta ou indiretamente.

Com muita sagacidade, Supergirl fez um paralelo entre as políticas anti-imigração de Trump com a aversão que os personagens da ficção sentiam por seres alienígenas, pegando emprestado até leis de regularização dessa população. Paralelo a isso, os EUA da série contavam com uma mulher na Presidência, alusão à rival derrotada por Trump, Hillary Clinton.

A representatividade gay, lésbica e transsexual formou um dos alicerces da trama. A revelação da homossexualidade da agente Alex Danvers (Chyler Leigh), irmã adotiva de Kara, abalou as estruturas de Hollywood, impactando telespectadores que se inspiraram na decisão da personagem e também assumiram publicamente que eram lésbicas.

Outro marco foi apresentar a primeira heróina transgênero de toda a história da TV americana, a Dreamer (Sonhadora), interpretada por Nicole Maines.

Melissa Benoist com Katie McGrath abraçadas em cena de Supergirl

Voto, ódio e escorregão

A adaptação de temas reais para o mundo de National City funcionou também na quarta temporada. Na ocasião, reinava na Terra-38 a Lei de Anistia Alien, que dava aos habitantes de outros planetas a liberdade de visitar e morar entre os humanos, com direitos iguais. Mas daí surgiu uma onda de ataques de ódio contra os seres extraterrestres, emulando a triste realidade sofrida por quem faz parte da minoria da população (como se vê no Brasil).

No quinto ano, recém-lançado na Netflix, Supergirl trouxe a influência da tecnologia, se inspirando diretamente em Black Mirror. E nessa pegada, o tema da importância do voto entrou na roda do debate, enfatizando o quanto é crucial ser politizado e não viver desconectado da realidade, ação essa que apetrechos eletrônicos têm como provocar.

Porém, foi nessa temporada que Supergirl deu uma bola fora. Além de forçar Kara em um romance totalmente insosso com o colega de profissão William Dey (Staz Nair), o drama armou um queerbaiting (isca lésbica) entre a protagonista e Lena Luthor (Katie McGrath), insinuando um flerte entre as amigas. O público não gostou e disparou críticas.

Supergirl teve seus momentos típicos fora dos romances e engajamentos. A heroína não só lutou contra o Superman (Tyler Hoechlin), mas ganhou como adversário o grande vilão do primo, Lex Luthor, vivido com rara felicidade por Jon Cryer (o Alan de Two and a Half Men). Com certeza, esses foram outros dois grandes momentos.

Uma leva de 20 episódios está no forno. Há uma expectativa sobre como será o desfecho da série. Uma fórmula sem truques que some a polaridade herói-vilão com a carga política marcante da série resultaria em uma despedida ideal para Supergirl, que mesmo antes de acabar de fato, já deixa saudade.


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