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RENOVAÇÃO E TRADIÇÃO

70 anos da telenovela: Qual é o futuro do formato que conquistou o Brasil?

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Cauã Reymond grava cena com expressão séria, como Christian em Um Lugar ao Sol, da Globo

Cauã Reymond como Christian em Um Lugar ao Sol, novela das nove em exibição na TV Globo

MARCELA ALMEIDA E VINÍCIUS LUCENA

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 21/12/2021 - 6h30

Há exatos 70 anos, em 21 de dezembro de 1951, estreava a primeira telenovela brasileira, Sua Vida Me Pertence. Desde então, o país atingiu reconhecimento internacional pela qualidade de seus folhetins, que se adaptaram para permanecer como sucesso de crítica e público. Mesmo com a produção de conteúdo audiovisual nas mais diversas plataformas a todo vapor, o formato se mantém relevante. Seu futuro, porém, é questionado de tempos em tempos.

O Notícias da TV conversou com o doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana, Mauro Alencar, e o autor e roteirista Vincent Villari para saber do que o formato mais tradicional da dramaturgia brasileira precisa para se manter no topo.

"As telenovelas são herança das radionovelas, que por sua vez surgiram a partir dos folhetins de jornais, então a dramaturgia seriada faz parte da nossa cultura há muito mais tempo do que os 70 anos da teledramaturgia", ressalta Villari, autor de Sangue Bom (2013) e A Lei do Amor (2016).

Historicamente, os folhetins retratam temas que estão pulsando na realidade do brasileiro e, segundo o dramaturgo, é isso que gera constante identificação com o público. "Esta é a principal força da nossa teledramaturgia: a capacidade de nos espelhar como indivíduos e como coletividade dentro de um determinado período. Por isso, ela deve continuar durante muito e muito tempo", aposta.

As mudanças na indústria cultural e o boom do streamings, no entanto, fizeram mudar a forma como o público consome estas narrativas. Caso do hábito recente de maratonar as novelas, que já era comum com séries.

"A telenovela precisará encontrar um novo caminho dentro da Quarta Revolução Industrial, que determina o consumo muito mais rápido e imediato dos produtos culturais", afirma Mauro Alencar. Segundo o especialista, narrativas mais enxutas e com menos episódios estão sendo a tendência desta nova era da teledramaturgia.

"Poderemos voltar às origens da telenovela no Brasil e na América como um todo: tramas girando em torno de 50 capítulos, com grupos de personagens mais sintéticos", explica Alencar.

Verdades Secretas 2 é um exemplo claro desses novos tempos. Além de ser a primeira novela da Globo exclusiva para o streaming, a trama teve 50 capítulos (mais um final alternativo) e entrou na plataforma quinzenalmente, com blocos de dez capítulos por vez.

Villari concorda que a produção do formato passa por uma fase de transição. "Talvez surja daí um número maior de produções, talvez com menos capítulos, talvez produtos para nichos específicos em lugar das produções típicas para todos os públicos", opina.

A novela Um Lugar ao Sol, por exemplo, tem previsão para exibir apenas 107 capítulos. Isso a torna o folhetim mais curto do horário desde O Fim do Mundo (1996), exibido como tapa-buraco entre Explode Coração (1995) e O Rei do Gado (1996), com 35 capítulos. Nos bastidores da Globo, no entanto, a justificativa para a história mais enxuta não tem a ver com uma inovação no formato, mas no receio de a história de Lícia Manzo flopar no horário nobre.

Adaptações para o futuro

Apesar de certas alterações no formato, para atender às novas gerações de telespectadores, a fórmula da telenovela brasileira segue a mesma: narrativas que reproduzam comportamentos e valores de uma época.

"Ao longo de sete décadas, a telenovela foi revelando, sob o ponto de vista artístico, uma identidade nacional. Foi expondo nossas mazelas, nossos conflitos sociais, psíquicos e econômicos. E também os nossos valores, a nossa história e a nossa geografia, tão rica e diversificada!", resume Alencar sobre como o conteúdo é parte importante do sucesso das narrativas.

Para o doutor em telenovelas, não basta que a produção seja renovada, é fundamental que sejam contadas novas histórias que mantenham a sintonia com os desejos de consumo da sociedade atual. Ou seja, a identificação com o público é peça-chave da longevidade da telenovela.

Para Villari, o que vai encantar os novos telespectadores é o mesmo que atraiu todas as gerações anteriores: "Histórias e personagens que despertem identificação, projeção, empatia, que comovam, provoquem e engajem o espectador, tornando-se parte do seu repertório cultural e afetivo".

Confira no vídeo abaixo grandes momentos dos 70 anos das telenovelas brasileiras:


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