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ELEIÇÕES 2020

Promessa é dívida: Cinco políticos que fizeram a festa da democracia nas novelas

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator Paulo Gracindo sentado à uma mesa, segura um cigarro de palha com a mão direita, caracterizado como Odorico Paraguaçu em cena de O Bem Amado

Paulo Gracindo deu vida a Odorico Paraguaçu, o prefeito de Sucupira, em O Bem Amado (1973)

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 15/11/2020 - 6h50

Os eleitores saem às ruas neste domingo (15) para escolher prefeitos e vereadores que vão administrar os 5.570 municípios brasileiros pelos próximos quatro anos. As eleições rendem muito mais do que debates acalorados e brigas familiares, já que o pleito em si é um prato cheio para os autores de novela --da esquerda para a direita, os políticos da ficção fazem a "festa da democracia" muito antes do tintilar da urna eletrônica.

As alfinetadas nos "representantes do povo" em horário nobre, no entanto, sofreram com 24 anos de censura desde a implantação do Regime Militar (1964-1985) até o fim do DCDP (Divisão de Censura e Diversões Públicas) durante a Nova República em 1988.

As caricaturas políticas, contudo, resistiram com as artimanhas de novelistas para enganar os censores, que também não figuravam entre as figuras mais inteligentes dos "anos de chumbo". A liberdade de expressão trouxe novas figuras para os folhetins, com direito ao surgimento de um dos maiores mitos nacionais: o tal do candidato honesto.

Relembre alguns políticos das novelas:

Odorico Paraguaçu

O escritor Dias Gomes (1922-1999) não deixou passar a oportunidade de criticar a Ditadura Militar com a restauração de eleições diretas para prefeitos, exceto para as capitais, em 1972. O novelista trouxe o corrupto Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) como o mandachuva de Sucupira.

Em O Bem Amado (1973), o mau-caráter chegou ao poder com a promessa de inaugurar um cemitério na fictícia cidade no litoral da Bahia. Como ninguém morria por lá, o crápula contratava Zeca Diabo (Lima Duarte) para enfim estrear uma das covas de seu maior empreendimento eleitoral.

Por ironia do destino, o próprio Paraguaçu se tornou vítima do matador de aluguel e o primeiro "presunto" a conhecer as instalações do complexo funerário.

Senador Caxias (Carlos Vereza) em O Rei do Gado

Roberto Caxias

Um dos poucos políticos honestos das telenovelas, Roberto Caxias (Carlos Vereza) chegou ao Senado para levantar a bandeira da reforma agrária em O Rei do Gado (1994). Ele causou revolta entre os latifundiários da produção, que encomendaram sua alma na mesma emboscada que também ceifou Regino (Jackson Antunes), líder dos sem-terra na produção de Benedito Ruy Barbosa.

As sequências em que o personagem era velado, aliás, contaram com a participação de Eduardo Suplicy e Benedita da Silva --eles realmente ocupavam o cargo de senador na época pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Ypiranga Pitiguary (Paulo Betti) em A Indomada

Ypiranga

Os pronunciamentos de Ypiranga Pitiguary (Paulo Betti) sempre deixavam o povo de Greenville de cabelo em pé em A Indomada (1997). O prefeito causou polêmica com as suas medidas absurdas, que mais atrapalhavam do que ajudavam o seus eleitores. A prioridade do político, aliás, era apagar o fogo de Scarlet (Luiza Tomé) -- "nhanhar" virou a sua plataforma política.

Sassá Mutema (Lima Duarte) em O Salvador da Pátria

Sassá Mutema

A trajetória política de Sassá Mutema (Lima Duarte) em O Salvador da Pátria (1989) causou discórdia durante as primeiras eleições diretas para presidente após a queda da Ditadura Militar. O autor Lauro César Muniz, inclusive, precisou mudar a sinopse original diante das acusações de que sua trama favorecia então o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a sinopse original, o matuto se tornaria presidente do Brasil, mas o roteirista afirma que "a pressão de Brasília" foi fundamental para que ele jogasse o aspecto político de sua trama para baixo do tapete. 

Reginaldo (Eduardo Moscovis) em Senhora do Destino 

Reginaldo

Maria do Carmo (Susana Vieira) sempre soube que Reginaldo (Eduardo Moscovis) não valia um centavo. A protagonista de Senhora do Destino (2004) era a principal pedra do sapato para que o primogênito se tornasse prefeito da fictícia Vila São Miguel --o político precisava da popularidade da mãe para emancipar o bairro de Duque de Caxias (RJ).

O amante de Viviane (Letícia Spiller) foi capaz até mesmo de usar o material de construção da família como caixa dois durante a sua campanha. Em meio a inúmeras promessas, que nunca foram cumpridas, o mau-caráter terminou apedrejado por populares no folhetim de Aguinaldo Silva.


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