Nos Tempos do Imperador joga fora Pilar e o sonho de qualquer autor de novela

Nos Tempos do Imperador exibirá o último capítulo nesta sexta (4) com a sensação de que não sobrou muita história para se contar. Pilar (Gabriela Medvedovski) é talvez a mais afetada pelo processo, já que ficará apenas à espera da resolução dos conflitos entre Samuel (Michel Gomes) e Tonico (Alexandre Nero) --como mera coadjuvante na novela das seis da Globo.

Alessandro Marson e Thereza Falcão tinham em mãos o sonho de qualquer autor ao final da primeira fase, em que a irmã de Dolores (Daphne Bozaski) despontou como um dos personagens mais carismáticos. Um feito e tanto para uma mocinha do horário --que, em geral, costuma torrar a paciência do público.

A protagonista interpretada por Gabriela Medvedovski se tornou uma sensação por não manter uma postura passiva dentro da própria narrativa. Ela nem de longe foi uma mera vítima das armações de Tonico para separá-la de Samuel.

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Pilar não embarcou para os Estados Unidos apenas por acreditar que o noivo se relacionava às escondidas com Luísa (Mariana Ximenes). Ela também foi atrás do sonho que a fez bater de frente com o mundo, o de se tornar a primeira mulher apta a exercer a Medicina no Brasil.

A jovem manteria a mesma força ao retornar à corte na segunda fase, em que teve participação decisiva nos principais eventos da trama. Ela raptou Dolores para impedi-la de se casar de Tonico; salvou a vida da condessa durante um aborto espontâneo; e até montou um consultório na rua para desmentir as fake news publicadas em O Berro.

Samuel e Pilar na novela das seis

O que deu errado?

Pilar manteve o protagonismo da própria trajetória até a epidemia de cólera, em que enfrentou o machismo de Teixeira (Pedro Osório) para salvar vidas. Ela sintetizou os esforços dos profissionais de saúde que lutavam contra um mal invisível também na vida real com a pandemia de Covid-19.

Condecorada por Teresa Cristina (Leticia Sabatella), a médica perdeu gradativamente a importância na história. Ela passou a orbitar em torno de Samuel, cuja recusa em fugir da prisão a obrigou a assumir a postura da mocinha chorona que tanto havia afastado o público em tramas anteriores.

A filha de Eudoro (José Dumont) se tornou mera espectadora dos acontecimentos desde que se juntou à Ana Néri (Cyria Coentro) para procurar pelo namorado na Guerra do Paraguai (1864-1870). Ela não foi capaz nem de fugir sozinha de Solano López (Roberto Birindelli), necessitando da ajuda inesperada de Elisa (Lana Rhodes).

Essa tendência deve se confirmar nos dois últimos episódios, em que Pilar ficará à espera da última cartada de Tonico antes de ter um final feliz com Samuel. Uma gravidez pode ser a maior reviravolta da baiana, que merecia um lugar de maior destaque no desfecho.

Afinal, Gabriela Medvedovski deu o sangue pela personagem, que só não caiu na mesmice de vez por conta do carisma e das escolhas da intérprete. Ela em nada lembrou a Keyla de Malhação: Viva a Diferença (2017) e do spin-off As Five, se firmando como um nome interessante para mais papéis centrais dentro da Globo.

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