Pilar, de Nos Tempos do Imperador, existiu? Conheça a primeira médica do Brasil

Uma das principais personagens de Nos Tempos do Imperador, Pilar (Gabriela Medvedovski) é uma "licença poética" da novela das seis da Globo --ou seja, ela não existiu e não foi a primeira médica do Brasil. No entanto, não deixa de ter sido inspirada em duas figuras reais: as pioneiras Maria Augusta Generoso Estrela (1860-1946) e Rita Lobato (1866-1954).

A irmã de Dolores (Daphne Bozaski) enfrenta o preconceito e o próprio pai, o coronel Eudoro (José Dumont), para realizar um sonho até então impossível no folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão. Ela também precisará abrir mão do amor de Samuel (Michel Gomes) ao ser aceita em uma instituição de ensino em Boston, nos Estados Unidos.

"A trama traz elementos históricos de uma maneira muito inteligente, que nos leva a questionar como até hoje as mulheres que querem ser donas do próprio destino são silenciadas. Nós, quando não somos silenciadas, pagamos um preço muito alto para sermos ouvidas. A Pilar simboliza a luta de tantas para que a gente estivesse aqui hoje", analisa a atriz em entrevista ao Notícias da TV.

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A jovem, aliás, conta com o apoio de outras figuras femininas para atingir os seus objetivos, principalmente Luísa (Mariana Ximenes). A condessa de Barral é fundamental para que o caso chegue até as mãos de Pedro (Selton Mello), cujo apoio será fundamental para que ela entre na faculdade de Medicina.

O monarca de "carne osso" também fez a diferença para Maria Augusta que, ao contrário de Pilar, tinha o apoio da família para concluir os seus estudos no exterior. Ela, no entanto, viu o sonho ir por água abaixo depois que o pai entrou em falência --e teve o restante do curso bancado por uma bolsa de estudos financiada com recursos da coroa.

REPRODUÇÃO/TV GLOBo

Pilar na faculdade de Medicina 

Quem foi a primeira médica do Brasil?

Maria Augusta é considerada a primeira mulher a exercer a Medicina no Brasil, mas Rita Lobato foi a primeira a se formar em território nacional. Assim como a personagem de Gabriela Medvedovski, ela também enfrentou muita desconfiança ao se apresentar na Escola de Cirurgia da Bahia.

Rita, aliás, quis se tornar médica depois que a mãe morreu no parto, especializando-se em obstetrícia para evitar que outras mulheres passassem pelo mesmo sofrimento. Uma história que ecoa diretamente em Pilar, que não só perdeu a mãe muito cedo na trama como também tem fortes traços feministas.

Pilar não só enfrenta o machismo como também se posiciona a favor de temas que são caros à sociedade de hoje, a exemplo da sororidade. Os assuntos são atuais, mas são discutidos dentro da perspectiva do século 19, até para a produção não se tornar completamente anacrônica.

"A gente está contando uma história de época, então é muito natural que a gente traga o filtro contemporâneo. O meu desafio é entender que Pilar é, sim, uma heroína, mas também tem os seus defeitos", avalia a intérprete.

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