Retrospectiva 2018
Reprodução/TV Globo
A personagem Laureta (Adriana Esteves) foi alvo de polêmicas dentro e fora da trama de Segundo Sol
REDAÇÃO
Publicado em 30/12/2018 - 6h16
A patrulha dos telespectadores em cima das novelas esteve mais ativa do que nunca em 2018. Nada passou batido, e muita gente se sentiu ofendida e se manifestou quanto ao que foi exibido. Cenas que envolviam questões relacionadas a temas espinhosos, como racismo e religião, foram questionadas, e as emissoras tiveram de se explicar.
Segundo Sol foi campeã nas polêmicas. Antes mesmo de estrear, a novela foi criticada por ter um número muito pequeno de negros em seu elenco, um contraste com a realidade da Bahia em que foi ambientada.
A obra de João Emanuel Carneiro ainda foi acusada de maus-tratos a animais e de má representação do umbandismo --tudo obra da vilã Laureta (Adriana Esteves).
Os católicos também reclamaram de uma novela; no caso, de Jesus. Muitos seguidores da religião não gostaram de ver a versão de Maria criada pela Record. Na trama, a personagem não é mais virgem e, além de Jesus, teve mais seis filhos.
Relembre as situações controversas que envolveram as novelas em 2018:
reprodução/tv globo
Os atores brancos Emilio Dantas e Giovanna Antonelli foram os protagonistas de Segundo Sol
Segundo Sol sem negros
Ao divulgar o elenco de Segundo Sol, a Globo foi acusada de tentar "embranquecer" a Bahia. Isso porque a novela se passava no Estado, que tem cerca de 76% da população negra, mas só quatro dos 44 atores do elenco fixo eram negros. Uma grande campanha foi feita nas redes sociais, e a emissora não teve como ignorar.
A Globo fez, no início de maio, uma reunião com os atores para explicar o posicionamento da empresa sobre os comentários críticos à escalação da novela. "Estamos atentos, ouvindo e acompanhando esses comentários, seguros de que ainda temos muita história pela frente. Foi colocado [na reunião com atores] que, de fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão", declarou a emissora em nota oficial.
reprodução/tv globo
Fabiana (Fernanda Rodrigues) gritou de desespero na cadeia, rodeada de presidiárias negras
Negros na cadeia em O Outro Lado do Paraíso
Antes mesmo de Segundo Sol começar, telespectadores reclamaram nas redes sociais da representação dos negros na emissora. Se na novela de João Emanuel Carneiro havia negros de menos, na de Walcyr Carrasco havia demais _o problema é que isso ocorreu justamente numa cena ambientada na cadeia.
No penúltimo capítulo de O Outro Lado do Paraíso, Fabiana (Fernanda Rodrigues) foi presa, e ao passar pelo corredor da penitenciária, todas as outras dezenas de mulheres figurantes eram negras. O público reparou e criticou a cena nas redes sociais, mas a Globo não se pronunciou sobre a polêmica.
reprodução/sbt
As personagens Kessya (Duda Pimenta) e Helô (Elina de Souza) conversaram sobre racismo
Racismo em As Aventuras de Poliana
Em maio, uma cena de As Aventuras de Poliana tentou abordar o racismo numa escola, mas o resultado foi controverso. Na sequência, a menina Kessya (Duda Pimenta) falou para a coordenadora Helô (Elina de Souza) que havia sido acusada injustamente de roubar uma estátua só porque é negra.
A coordenadora respondeu que o maior problema nesse caso não eram os racistas, mas sim a cabeça da garota. "Para que os outros parem de ver a nós negros como diferentes, nós precisamos parar de nos ver como diferentes”, disse ela.
Muitas pessoas reclamaram e fizeram posts contra a emissora nas redes sociais. Em nota oficial, o SBT afirmou que a atração "tem o papel de debater questões sociais como o enfrentamento ao racismo (...) A novela é uma obra de ficção para entreter e não polemizar".
reprodução/record
Católicos não gostaram de ver Maria (Claudia Mauro) como mãe de outros filhos na Record
Não-Mais-Virgem Maria em Jesus
A Igreja Católica não gostou da representação de Maria (Claudia Mauro) na novela Jesus e organizou um boicote à novela. Padres, missionários, freiras e católicos fervorosos não aceitaram o fato de Maria não ser apresentada como a Virgem Imaculada. Na trama da Record, Maria teve sete filhos, mas na visão dos católicos, ela foi virgem a vida inteira.
Manifestos contra a novela foram divulgados por várias pessoas nas redes sociais e em igrejas pelo Brasil. A polêmica chegou até os Estados Unidos, e os católicos de lá também decidiram boicotar a obra. A Record não se manifestou sobre a polêmica.
reprodução/tv globo
A vilã Laureta (Adriana Esteves) arremessou galinha longe em cena da novela Segundo Sol
Maus-tratos a animais
Segundo Sol foi acusada de maus-tratos a animais na reta final, quando a personagem Laureta (Adriana Esteves) pegou uma galinha na casa de sua mãe e a jogou longe, sem dó. Muitos internautas e militantes se revoltaram e se manifestaram contra a emissora nas redes sociais. A Globo não emitiu notas em relação ao assunto.
Em outra ocasião, a emissora se pronunciou e negou maus-tratos ao cão Pirata, de O Tempo Não Para. As atrizes mirins Natthalia Gonçalves e Raphaela Alvittos foram ao Vídeo Show e falaram sobre as cenas com o cachorro. O problema é que elas disseram que ele fazia suas cenas dopado. Uma cuidadora do animal teve de entrar ao vivo no programa e desmentir as crianças.
reprodução/tv globo
Laureta (Adriana Esteves) pediu ajuda aos orixás para fazer suas maldades em Segundo Sol
Umbanda ofendida em Segundo Sol
Laureta também irritou líderes de centros de umbanda, que não gostaram da representação da religião na novela. Uma cena exibida em setembro mostrou a vilã acendendo velas, fazendo oferendas e pedindo ajuda aos orixás para continuar com suas maldades. A sequência foi vista por religiosos como uma ofensa à crença.
A Globo justificou em nota oficial que a cena não faz referência a nenhuma religião. "Laureta pede proteção aos astros, espíritos, orixás... A todo o Além, sem se referir a nenhuma religião especificamente. Além de ressaltar, como registramos ao final de cada capítulo, que novelas são obras de ficção, vale ainda destacar que Laureta é uma vilã, dona, portanto, de várias atitudes reprováveis que só fazem sentido no contexto da dramaturgia", disse a emissora.
reprodução/facebook
O autor Aguinaldo Silva, de O Sétimo Guardião; ele enfrentou alunos para estrear novela
Aguinaldo Silva e a autoria de O Sétimo Guardião
O Sétimo Guardião já estava cercada de polêmicas antes de estrear. Aguinaldo Silva deu um curso em 2015 em que desenvolveu o primeiro capítulo da novela junto a 26 alunos. Silvio Cerceau foi um deles e encabeçou um processo contra Aguinaldo Silva e contra a Globo, no qual pedia à emissora o reconhecimento de sua participação no desenvolvimento da trama, bem como o pagamento pelos direitos autorais.
O autor chegou a declarar que não faria mais essa novela, mas mudou de ideia. A Globo também havia dito que daria os créditos aos alunos na abertura da novela, mas não foi exatamente isso que aconteceu. Os nomes de todos os estudantes foram exibidos apenas nos créditos finais.
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