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Novela da novela

Aguinaldo Silva volta atrás e vai escrever novela que jurou não citar o nome

Divulgação

O autor Aguinaldo Silva, que voltou atrás e vai escrever novela que havia abandonado - Divulgação

O autor Aguinaldo Silva, que voltou atrás e vai escrever novela que havia abandonado

DANIEL CASTRO e LUCIANO GUARALDO

Publicado em 11/12/2017 - 16h28

Autor de sucessos como Tieta (1989) e Senhora do Destino (2004), Aguinaldo Silva aceitou o apelo da Globo e vai escrever O Sétimo Guardião, novela que jurou nem citar o nome, por causa de uma grande polêmica sobre direitos autorais. Ele comunicou a decisão a Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia diária da emissora, em reunião nesta segunda (11).

O Sétimo Guardião está prevista para estrear em novembro de 2018. Além de Marina Ruy Barbosa e Lilia Cabral, que já estavam no elenco antes mesmo de a novela ter sido confirmada, a produção contará com Elizabeth Savalla, Flávia Alessandra, José Loreto, Marcelo Serrado, Osmar Prado, Renata Sorrah, Viviane Araújo e Alinne Moraes. A direção geral será de Rogério Gomes.

O Sétimo Guardião, a princípio, substituiria O Outro Lado do Paraíso, no primeiro semestre. Na metade deste ano, no entanto, a Globo decidiu adiá-la porque havia insegurança quanto aos direitos autorais da trama, já que a sinopse fora elaborada em um curso de roteiro e um dos alunos ameaçava (e ainda ameaça) ir à Justiça caso seu nome não seja exibido nos créditos.

O desgaste das negociações de cessão de direitos da novela levou Silva a desistir dela. Ele chegou a publicar em seu blog que "nunca mais sequer escreverei o título" da "novela descartada", referindo-se a O Sétimo Guardião.

Em outubro, Silva viajou para Lisboa e preparou a sinopse de uma nova trama, Enquanto o Lobo Não Vem. A obra foi aprovada, mas a Globo insistiu por O Sétimo Guardião, que marcará sua volta ao realismo fantástico, gênero que se caracteriza por pessoas e situações extraordinárias, como A Indomada (1997).

Polêmica
Aguinaldo Silva quase desistiu de O Sétimo Guardião por causa do escritor mineiro Silvio Cerceau, que foi aluno de um curso de roteiro ministrado por Silva no final de 2015. Durante a master class, os 26 estudantes desenvolveram personagens e cenas completas, seguindo uma escaleta (sequência de acontecimentos) criada pelo autor.

A técnica de distribuir cenas entre a equipe é comum entre autores e seus colaboradores, que são creditados e recebem salário da Globo. A utilização de alunos de uma master class para a criação de uma sinopse para a Globo, no entanto, gera controvérsia.

Depois que a sinopse de O Sétimo Guardião foi aprovada pela emissora, todos os participantes do curso tiveram de assinar um documento em que cediam os direitos patrimonais para Silva. Depois, em um novo acordo, seria acertada a cessão dos direitos morais e autorais da criação.

Cerceau, então, decidiu confrontar Silva. "A minha maior dúvida é por que eu tenho que ceder os direitos de um material do qual sou autor para a Casa Aguinaldo Silva de Artes", disse o escritor, em setembro, ao Notícias da TV.

O estudante chegou a notificar Aguinaldo extrajudicialmente para que o autor prestasse esclarecimentos. "Se não houver resposta e solução, vai ter processo, sim. Vou ativar meus advogados", alertou o ex-aluno.

Aguinaldo Silva, então, se revoltou e decidiu abrir mão de O Sétimo Guardião.

Apesar de ter resolvido dessa forma drástica o imbróglio com o ex-aluno, Silva não perde a oportunidade de alfinetá-lo em suas redes sociais. Já postou textos irônicos sobre como é fácil virar autor de novela, já insinuou que Cerceau não sabe sequer falar direito, quanto mais escrever uma obra na Globo e escreveu que já morou na Lapa e aprendeu "com Madame Satã [1900-1976] a dar rasteira em malandro".

Cerceau também contra-atacou no Twitter. "Aprendeu mesmo, além de dar rasteira em malandro, aprendeu a sempre sair impune de suas ações ilícitas", escreveu em outubro. No início deste mês, postou: "Quem se ama não experimenta a solidão. Sua própria companhia lhe basta" _antes, Silva já havia escrito que escrever uma novela é um ato muito solitário.

Em novembro, sem citar nomes, Silvio Cerceau também acusou Silva. "Até nas redes sociais, algumas vezes, é o outro que escreve para ele", atacou, em referência a Francisco Patrício, assessor pessoal de Silva. Antes, tinha postado: "Desapega. Conta uma nova história. O que passou, passou".

Pelo jeito, nem a Globo desapegou de O Sétimo Guardião. Resta saber se Aguinaldo Silva voltará atrás de suas palavras e topará dizer o nome da novela outra vez.

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