O SÉTIMO GUARDIÃO
Fotos: Reprodução/Facebook
O autor Aguinaldo Silva, que pretende estrear O Sétimo Guardião em outubro de 2018 na Globo
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 29/9/2017 - 5h26
O escritor Silvio Cerceau, participante da master class de Aguinaldo Silva que deu origem à sinopse da novela O Sétimo Guardião, se prepara para ir à Justiça em busca de seus direitos como coautor da trama, prevista para estrear na Globo em outubro do ano que vem. Se Cerceau não receber crédito por sua participação na criação da obra, ele poderá até entrar com uma liminar para que a exibição da novela seja suspensa.
Em entrevista exclusiva ao Notícias da TV, Cerceau enfatiza que quer apenas os seus direitos. "É uma decisão minha. Meus outros 25 colegas, por motivos deles, não quiseram brigar. Mas eu não aceito e vou brigar pelo que é meu", afirma.
O Sétimo Guardião estava prevista inicialmente para estrear em março do ano que vem, mas foi adiada porque sua equipe de direção e produção será a mesma de A Força do Querer, que não poderia tirar férias a partir de meados de outubro. Antes de ser adiada, a novela correu risco de ser cancelada, porque a Globo exigiu de Silva documentos que assegurassem sua autoria da obra.
A sinopse da novela foi criada no final de 2015, durante um curso rápido de roteiro ministrado por Aguinaldo Silva, autor de sucessos como Tieta (1989) e Senhora do Destino (2004). Todos os 25 alunos da master class contribuíram para criação da obra.
Segundo o jornalista Sandro Nascimento, do site NaTelinha, os roteiristas tiveram de assinar um contrato de cessão de direitos assim que foram selecionados para o curso intensivo. No acordo, aceitavam transferir os direitos patrimoniais dos trabalhos criados para Aguinaldo Silva. Deveriam manter, no entanto, os direitos morais e autorais da criação.
Em março deste ano, após a aprovação da sinopse de O Sétimo Guardião pela Globo, um novo contrato foi enviado aos participantes, afirmando que eles receberiam os R$ 4 mil de inscrição na master class de volta (corrigidos para R$ 5 mil), desde que concordassem com a "cessão de direitos gratuita, total, irrevogável, irretratável e exclusivamente" à Casa Aguinaldo Silva de Artes.
"A minha maior dúvida é por que eu tenho que ceder os direitos de um material do qual sou autor para a Casa Aguinaldo Silva de Artes, que embora tenha seu nome, é de propriedade do senhor Diamantino Francisco Duarte Pinto, mais conhecido como Patrício [assessor pessoal de Silva]. Eu sei quem é essa pessoa, mas eu quero que ela venha a público", questiona Cerceau.
Aguinaldo Silva foi notificado extrajudicialmente no início deste mês para prestar esclarecimentos a Silvio Cerceau. Até o momento, porém, não o fez. E, pelas mensagens que tem postado nas redes sociais, parece pouco provável que o fará. "Se não houver resposta e solução, vai ter processo, sim. Vou ativar meus advogados", alerta o ex-aluno.
"Eu não tenho nada contra o Aguinaldo Silva, é um profissional que admiro, com quem convivi durante dez dias, conversamos sobre diversos assuntos. Mas gostar da pessoa não significa que eu concorde com o que foi feito ou com a maneira como foi conduzida a situação dos direitos autorais. Eu quero esclarecimentos, não entendo por que estão me negando isso", diz.
Escritor com mais de uma dezena de livros publicados, Cerceau conta que viu na master class a possibilidade de seguir carreira como autor ou colaborador. "Mas o que estou vendo agora são meus sonhos destruídos", resume ele, que alega estar sendo atacado por ex-colegas do curso.
"Disseram que sou um lixo, que mereço o anonimato. Não é me fazer de vítima. Eu tenho buscado explicações e só recebo ataques. Todos sabem que estou falando a verdade, mas não é fácil questionar alguém poderoso como Aguinaldo Silva, né?", finaliza.
Criação coletiva
A sinopse e os personagens de O Sétimo Guardião foram criados coletivamente pelos alunos da master class, com supervisão e participação de Aguinaldo Silva.
Inicialmente, o autor teria apresentado a proposta de fazer com os alunos a sinopse de um remake de uma antiga novela sua. Os estudantes, porém, sugeriram a criação de algo inédito, em uma história que acabou dando origem a O Sétimo Guardião.
Silva ficou responsável por fazer a escaleta, um resumo das cenas do capítulo, para que cada sequência fosse desenvolvida pelos estudantes. A técnica é comum entre autores e seus colaboradores, que são creditados e recebem salário da Globo. A utilização de alunos para a função, no entanto, gera controvérsia.
Procurada quando a história veio à tona, a Comunicação da Globo disse que a emissora não tem "nenhum envolvimento com o curso nem com os alunos" de Aguinaldo Silva. E que o autor "tem a responsabilidade de entregar uma obra original para a emissora e garantir que não haja dúvidas a esse respeito".
Segundo uma fonte ouvida pelo Notícias da TV na Globo, O Sétimo Guardião continua de pé, com todos os problemas já resolvidos.
Aguinaldo Silva não respondeu os contatos da reportagem. Ao NaTelinha, Francisco Patrício, assessor de Aguinaldo Silva, disse anteriormente que a sinopse não foi vendida à Globo, já que o autor é contratado da emissora. Ele também afirmou que O Sétimo Guardião não foi criada exclusivamente nos dez dias do curso.
"Na master class, Aguinaldo dá um curso e um tema. Ele explica qual é a história e os alunos escrevem, segundo o que Aguinaldo fala: 'Você vai fazer esse personagem que eu vou indicar'. No caso, a história ficou legal e Aguinaldo falou assim: 'Talvez eu até apresente essa ideia e faça dela uma novela, mas eu vou ver'. E apresentou. Mas tudo o que foi escrito ali o Aguinaldo alterou. Uma ideia que sai do exercício é totalmente diferente do que é apresentado depois. Até porque são alunos, os caras não têm experiência nenhuma, estão ali para aprender", defendeu o assessor ao site.
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