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NOVA REPRISE

Com dedo na ferida, A Força do Querer enfrenta público 'reaça' e boicote

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Carol Duarte em uma praia, leva as mãos à nuca e mostra o peito masculino, em um efeito especial, caracterizada como o Ivan de A Força do Querer

Ivan (Carol Duarte) vai à praia após passar por mastectomia no último capítulo de A Força do Querer

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 21/9/2020 - 6h55

A Força do Querer volta ao horário nobre nesta segunda (21) na contramão de sua antecessora Fina Estampa (2011). Se o folhetim de Aguinaldo Silva foi acusado por parte do público de "envelhecer mal", a novela de Gloria Perez toca em tabus e polêmicas cada vez mais atuais em meio a uma onda de conservadorismo --a autora, porém, não teme represálias à audiência.

"A produção é absurdamente corajosa, porque é uma dramaturgia que quer ir além do entretenimento. Não sei se o país piorou, mas algumas pessoas que antes tinham vergonha ou ressentimento em mostrar a sua intolerância agora têm orgulho do preconceito", avalia Dan Stulbach, que interpretou o advogado Eugênio, ao Notícias da TV.

O ator, inclusive, está em um dos núcleos mais delicados da trama como o pai do jovem transexual Ivan (Carol Duarte). Uma das apostas arriscadas que a roteirista costuma fazer em sua carreira, o processo de transformação do irmão de Ruy (Fiuk) ganhou o apoio e a torcida dos espectadores na exibição original.

O desafio será repetir essa aceitação em um momento em que o público rejeita histórias realistas e recompensa arroubos escapistas com bons índices de televisores ligados. Apesar das críticas e do fogo amigo, Fina Estampa suplantou os números mornos de Amor de Mãe, por exemplo.

"Eu lembro que a gente vinha de um episódio recente em que Babilônia [2015] foi boicotada por conta de um beijo lésbico no primeiro capítulo. Eu tive medo quando vi os temas de A Força do Querer pela primeira vez, mas vamos ver como vai ser agora diante do conservadorismo se expandindo", pondera Mariana Xavier, que viveu a secretária Biga.

VICTOR POLLAK/TV GLoBO

Ivan (Carol Duarte) sofre ataque de transfóbicos na novela das nove

Alvo de críticas

A transexualidade, contudo, não é o único assunto espinhoso que Gloria abordou em A Força do Querer. A mãe de Daniela Perez também colocou o dedo na ferida ao debater feminismo com Jeiza (Paolla Oliveira) e Ritinha (Isis Valverde), o vício em jogo com Silvana (Lilia Cabral) e até mesmo os perigos das redes sociais com Yuri (Drico Alves).

"Essa onda conservadora não vai abalar a minha novela. São assuntos e personagens que estão aí, na vida de todo dia, sendo discutidos em família, nas mesas de bar, nas praças. Por que não falar deles?", disse a mãe de Daniella Perez (1970-1992) em entrevista à Veja Rio.

Bibi (Juliana Paes), aliás, deve causar ainda mais dor de cabeça para a emissora. A mulher de Rubinho (Emílio Dantas) foi acusada de glamourizar o mundo do crime em 2017, e as reprimendas devem ser maiores em um momento em que o Brasil volta discutir a posse de arma --tema que catapultou Jair Bolsonaro à presidência.

"Diferentemente do que quiseram dizer na época, não tinha nenhum glamour. A gente queria chegar perto da realidade e tinha compromisso em ser fiel ao que acontecia de fato", justifica Juliana Paes.


Saiba tudo que vai rolar nos próximos capítulos das novelas com o podcast Noveleiros:

Ouça "#31: Relembre as cenas mais quentes de A Força do Querer" no Spreaker.


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Sexta, 12/3 (Capítulo 149)
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