Baixa audiência é pá de cal em Nos Tempos do Imperador arrasada por pandemia

Pedro (Selton Mello) não vai ter mais tempo de levantar a cabeça para a coroa não cair com o final de Nos Tempos do Imperador nesta sexta (4). O monarca está à espera de um milagre para evitar que a produção termine com a pior audiência na faixa das seis. A marca, aliás, representa a pá de cal em uma trama que precisou abrir mão da aventura e do romance para sobreviver em meio à pandemia de Covid-19.

A história escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão fez uma série de concessões para retomar a produção interrompida com o início da crise sanitária em março de 2020. As gravações só foram reiniciadas oito meses depois, com equipes reduzidas e somente na cidade cenográfica.

O diretor Vinícius Coimbra também necessitou de uma dose de criatividade para administrar os protocolos de segurança exigidos pela Globo e as mudanças no roteiro por causa de atores que testaram positivos para o Sars-Cov-2. Ele acabaria perdendo também parte do elenco, sobretudo nomes que estavam no grupo de risco --como Vera Holtz e Luis Melo.

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O profissional sinalizou nas primeiras conversas com a imprensa que a correria por trás das câmeras não afetaria as cenas que seriam vistas pelo público, ainda que a continuação de Novo Mundo (2017) tivesse aberto mão de alguns beijos e das sequências de aventura.

Os telespectadores, na prática, viram uma mudança substancial entre a primeira e segunda fase. Os capítulos iniciais foram gravados no pré-pandemia e traziam o DNA da novela anterior, com boas doses de romance e ação, principalmente no núcleo de Pilar (Gabriela Medvedovski).

Furos e remendos

Pilar foi uma das personagens mais afetadas pelas limitações impostas pela Covid-19, a ponto de perder a importância dentro da própria história. Ela voltou cheia de gás para a etapa seguinte, mas Marson e Thereza já não puderam lhe dar o mesmo fôlego de antes.

Alguns pequenos furos nos roteiros deixam claro os planos até grandiosos dos escritores que, muito provavelmente, foram alterados ou cortados pelos protocolos de segurança. Samuel sempre mencionava um balão a vapor que ajudaria as tropas brasileiras a mapearem o território inimigo na Guerra do Paraguai (1864-1870).

O meio de transporte foi citado pelo menos três vezes, criando a expectativa de que os autores poderiam recriar a fuga de Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede) em Novo Mundo. Mas, se a ideia chegou a existir, ela nunca saiu do papel.

Marson e Thereza, que não puderam contar com o retorno imediato do público como na estreia como titulares, ainda foram obrigados a fazer uma série de remendos na narrativa. Eles regravaram cenas de Isabel (Giulia Gayoso) em meio a críticas sobre racismo reverso e apontamentos de consultores.

Os novelistas também atenderam a reivindicações dos atores, que trouxeram outras questões à medida que recebiam os textos. Maicon Rodrigues e a direção, por exemplo, sugeriram cortar uma referência a George Floyd (1973-2020) na sequência em que Guebo era detido por Borges (Danilo Dal Farra).

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