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Não empolgou

Apesar da boa audiência, por que a novela Verão 90 passou batida?

Reprodução/Globo

João (Rafael Vitti) e Manu (Isabelle Drummond) foram o casal principal de Verão 90, mas não empolgaram muito - Reprodução/Globo

João (Rafael Vitti) e Manu (Isabelle Drummond) foram o casal principal de Verão 90, mas não empolgaram muito

FERNANDA LOPES

Publicado em 22/7/2019 - 5h05

Para a Globo, o desempenho de Verão 90 certamente é satisfatório: a novela levantou o ibope em relação à anterior, O Tempo Não Para, e chega à última semana com ibope no nível de novela das nove. Mas, mesmo assim, a produção não foi um marco para a emissora e passou batida durante a maior parte de sua exibição. Em vários pontos, a novela das 19h deixou a desejar.

Com proposta de ser a primeira novela de época que explorou os anos 1990, de trazer de volta a nostalgia daquela década e também representar o retorno do diretor Jorge Fernando ao trabalho, Verão 90 parecia ser uma trama divertida e leve.

Essas características típicas da faixa das sete existiram ao longo da trama, que não sofreu alterações no enredo (além de edições simples nos capítulos), mas alguns fatores prejudicaram a qualidade geral do folhetim.

O casal principal, por exemplo, não despertou no público uma grande vontade de shippar (torcer muito para que um casal dê certo). Manu e João até empolgaram no início, quando se reencontraram anos após o fim do grupo infantil do qual faziam parte, o Patotinha Mágica. 

Nos meses seguintes, os dois namoraram, brigaram, ficaram noivos, terminaram, se reencontraram, ela chegou a namorar com o irmão dele, se reconciliaram e brigaram mais algumas vezes até ficarem juntos em definitivo. Ao longo das idas e vindas, a química entre o casal nunca foi muito forte.

reprodução/globo

Antes de sair de Verão 90, Humberto Martins interpretava Herculano e foi criticado pelo papel


Atuações exageradas e atores desperdiçados

Rafael Vitti cumpriu bem seu papel do carismático João, mas Isabelle Drummond esteve muito forçada em alguns capítulos. Não foi só ela: a Globo chamou a atenção de alguns atores que estavam errando o tom de seus personagens.

Claudia Raia fez uma caricata Lidiane, uma mulher que adora aparecer, vem de origem humilde e transfere para a filha seu desejo de ser artista. Mesmo exagerada demais na novela inteira, ela conseguiu dar humor à personagem e até rir de si mesma em várias cenas.

O mesmo não aconteceu com Jesuíta Barbosa e Humberto Martins. O primeiro, num papel de vilão, esteve totalmente engessado e desconfortável, sem convencer como um galã influente, esperto e inescrupuloso. No núcleo dos vilões, Camila Queiroz e Gabriel Godoy estavam muito melhores e mais críveis.

Já Martins chegava a irritar com seu sotaque arrastado demais e a chatice de seu personagem. O ator alegou estar doente (ele sofre de sinusite) e foi afastado da novela. Reaparecerá apenas no penúltimo capítulo.

Em contrapartida, Verão 90 teve atores ótimos com bons personagens, mas com potencial desperdiçado. Madá, que poderia ter oferecido boas cenas cômicas com o talento de Fabiana Karla, só serviu para fazer rituais e previsões que elucidaram ou assustaram personagens. Presa na trama chata de Álamo (Marcos Veras, outro humorista desperdiçado), a esotérica rendeu muito menos do que poderia.

Dandara Mariana e Ícaro Silva também formaram uma boa dupla como Dandara e Ticiano poderiam ter tido mais destaque. A trama dela na época do casamento com Quinzinho (Caio Paduan) foi uma das que teve mais repercussão, e depois disso os personagens foram só sofrimento. Marina Moschen também teve história muito rasa após sua personagem, Larissa, abandonar o noivo no altar.

reprodução/globo

Mesmo sendo bom ator, Jesuíta Barbosa não foi bem no papel do vilão Jerônimo de Verão 90

Faltou profundidade

A trama rasa, aliás, foi a maior marca de Verão 90. Com poucas críticas sociais (a racismo e machismo, ambos sofridos por Dandara), a novela se manteve como uma comédia água com açúcar, muitas vezes bobinha, do início ao fim.

Alguns pontos da história foram curiosos, como os galãs virarem gogo boys e o aparecimento de latas com doce de leite alucinógeno (uma referência que na verdade vem dos anos 1980).

Mas foram apenas episódios, e com muitas cenas vazias e desimportantes. A visão geral do folhetim é de algo que se mostrou previsível, por vezes clichê, e que não despertou grandes sentimentos no público. Nem apego aos mocinhos, nem ódio aos vilões, nem interesse por saber como os problemas seriam solucionados. Nada empolgou muito, e o resultado final é uma trama que passou batida.

Verão 90 pode até se tornar uma boa candidata para o Vale a Pena Ver de Novo para os próximos anos, não por ter parado o Brasil, mas por ser leve (até demais), dinâmica, colorida e adequada ao horário (é muito menos complexa do que Malhação). Em sua exibição original, no entanto, poderia ter sido melhor.


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