Crítica
Reprodução/TV Globo
Claudia Raia interpreta a ex-atriz de pornochanchadas Lidiane Pantera em Verão 90: exagerada
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 23/2/2019 - 6h27
Verão 90 passa longe de ter uma trama minimamente boa. Cheia de erros, que vão da concepção do texto ao tom de interpretação dos atores, passando por cenários, figurinos e direção, a novela se sustenta em três pilares: a nostalgia dos anos 1990, a história dramática de Janaína (Dira Paes) e o humor pastelão de Lidiane (Claudia Raia).
A nostalgia cumpre bem o seu papel, é fato. É inevitável não ser transportado para o período retratado na história, até porque os personagens, a todo instante, fazem referências aos acontecimentos, usos e costumes da década de 1990.
Dira Paes é o melhor da novela: encontrou o tom doce e batalhador de sua personagem e não tem o que melhorar. Com dignidade, toca o barco e carrega a trama nas costas. Já Claudia Raia vem cheia de controvérsias.
Extravagante, Lidiane é uma ex-atriz de pornochanchadas que deposita na filha Manuzita (Isabelle Drummond) a frustração de não ter dado certo no show business. Desde que viu o grupo infantil Patotinha Mágica --e consequentemente a carreira da herdeira-- afundar, nutre uma rivalidade com Janaína, a quem culpa pelo fracasso do trio, e os embates entre as duas têm tudo para eletrizar a trama.
Diante de um papel tão importante e chamativo, é natural que as maiores atenções se voltem ao trabalho de Raia. Sim, ela está fora de tom, exagerada e um tanto caricata, mas é preciso reconhecer que existe ali um esforço de composição por parte da atriz, uma maneira de distinguir a criação da vez de suas outras personagens, com perfis bastante semelhantes.
Claudia escorregou no sotaque carioca. Nada natural, o chiado da sua fala mais atrapalha do que diverte e ela poderia ter passado sem esse recurso desnecessário. A parceria cênica com Isabelle Drummond ainda não é explosiva. Uma não ofusca a outra, mas as duas também não se complementam.
A caricatura, por sua vez, é uma marca registrada de Claudia Raia --ora com acertos, ora com erros--, mas é preciso reconhecer que ela é uma atriz que domina o humor e sabe trabalhar no tempo certo da comédia.
Fora isso, suas sequências são movimentadas, não abrem mão do contato físico nem do gestual exacerbado e a parceria de anos com o diretor Jorge Fernando dá segurança para que a atriz fique à vontade no papel. Sua Lidiane diverte e seria injusto com a intérprete culpá-la pelos desacertos da história como um todo.
Lidiane carrega ainda uma exuberância natural, cheia de sex appeal. É de se lamentar que, mais uma vez, seja prejudicada em cena por conta de seu parceiro, o jovem Klebber Toledo (Patrick), ainda bastante cru. Mesmo assim, suas sequências espalhafatosas cumprem o papel de riso a que se propõem e evitam desequilibrar ainda mais uma história que já começou completamente capenga.
Como novela é obra aberta e Claudia Raia tem experiência de sobra, é bem provável que ela ajuste o tom de Lidiane e evite que Verão 90 pague um mico ainda maior. Afinal, uma produção que consegue deixar Claudia Raia em segundo plano certamente tem algo a melhorar.
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