ANÁLISE
Reprodução/TV Globo
Exagerada como a vilã Mercedes, a atriz Totia Meireles faz uma apoteose do ridículo em Verão 90
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 4/5/2019 - 6h36
Marcada por uma história que prima pela fragilidade e é repleta de cenas desimportantes e sem função, Verão 90 surpreende pelo sucesso crescente que tem alcançado --a novela das sete da Globo soma média de 24,8 pontos na Grande São Paulo, quase um ponto acima de sua antecessora, O Tempo Não Para. O festival de besteirol, porém, prova que audiência não tem relação alguma com qualidade artística.
Ainda assim, é inegável que Izabel de Oliveira e Paula Amaral trazem em seu enredo alguns fatores que explicam tamanha aceitação do público. Confira cinco deles:
Verão 90 é uma sucessão de esquetes escapistas, com uma graça aqui e ali, mas sem força para sustentar uma história cuja premissa, a do trio musical de sucesso nos anos 1980, por si só já se mostrou capenga. As soluções são fáceis demais, para não dizer preguiçosas, como personagens ouvindo atrás da porta. Os diálogos beiram o clichê e, para piorar, são pouco lapidados. É só entretenimento e nada mais.
A novela nivela a teledramaturgia brasileira por baixo ao se aproximar da mexicana. Verão 90 bebe tanto na fonte de produções da Televisa, a Globo do México, que até sua principal vilã foi batizada com um nome à altura. Mercedes (Totia Meireles) é a pior personagem da novela, a apoteose do ridículo, justamente por traduzir tudo que a novela das sete é: um exagero em todos os sentidos negativos do termo.
Vilã cruel, caricata e sem nuances, Mercedes é má apenas porque é rica e tem controle de tudo e de todos. Falta apenas um tapa-olho para virar mexicana de verdade. Totia, coitada, até tenta dar um pouco de dignidade, mas perdeu o tom de sua interpretação em meio à superficialidade de Mercedes.
As visões futurísticas de Madá (Fabiana Karla) transportam a memória do telespectador para a concorrência, uma vez que lembram os melhores piores efeitos especiais de Os Mutantes (Record, 2008). São cenas tão mal acabadas que rir é inevitável. Idem para as vinhetas da emissora fictícia PopTV, apesar de remeterem às da antiga MTV Brasil, feitas deliberadamente em caráter experimental.
A grande (e única) graça de Verão 90 está no emaranhado de referências que a novela faz aos anos 1990, seja com objetos da época, clipes musicais, citações de artistas, costumes e, vez ou outra, acontecimentos políticos. Quem vê gosta de lembrar o que ocorreu na época; com isso, a história fica em segundo plano.
Sem compromisso algum com a realidade, Verão 90 traz situações cômicas no mínimo inusitadas: um protagonista que vira gogo boy, uma carga de leite condensado encontrada no mar que faz os personagens ficarem doidões, uma vilã que volta da Europa casada com um czar russo, uma troca de noivas à beira do altar... Tudo isso, aliado a um texto raso que desobriga o telespectador de pensar muito, faz de Verão 90 uma novela surreal demais para ser levada a sério.
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